Consolidações criaram gigantes de beleza e shoppings centers, como a união da Avon e Natura e a fusão da Aliansce e a Sonae Sierra Brasil
O mercado de fusões e aquisições foi agitado em 2019. Consolidações criaram empresas gigantes de beleza e shoppings centers, como a união da Avon e Natura e a fusão da Aliansce e a Sonae Sierra Brasil.
Empresas que enfrentavam desafios relevantes foram incorporadas por outras, como a compra da Onofre pela Raia Drogasil, da Nextel pela Claro e a do site Buscapé pela Zoom.
Relembre abaixo 12 das maiores operações de fusão ou aquisição que aconteceram em 2019.
Raia Drogasil e Onofre
A rede de farmácias Raia Drogasil comprou em fevereiro a rede de farmácias Onofre, controlada pela americana CVS no Brasil. A CVS chegou a oferecer a rede para companhias brasileiras.
Com 50 unidades, sendo 47 em São Paulo, a Onofre era a primeira investida da CVS fora dos Estados Unidos, comprada em 2013. A gigante americana faturou cerca de 200 bilhões de dólares no ano passado. Mas a empresa ficou pequena para o tamanho dos desafios no mercado brasileiro.
Sob comando americano, enquanto as concorrentes disputavam os bons pontos disponíveis para abrir centenas de lojas, a Onofre passou por uma reestruturação nos últimos anos. Enquanto isso, o mercado de farmácia crescia alucinadamente, puxado pela Raia Drogasil.
Nextel e Claro
A América Móvil, controladora da operadora de telecom Claro, comprou a operação da Nextel no Brasil por 905 milhões de dólares.
“Com essa operação, a Claro S.A. (“Claro”), subsidiária brasileira da AMX, consolidará sua posição como uma das principais prestadoras de serviços de telecomunicações no Brasil, particularmente nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro”, disse a Claro Telecom Participações em comunicado ao mercado em março.
Natura e Avon
O mercado de beleza brasileiro viu em 2019 uma de suas maiores movimentações dos últimos tempos. A compra da Avon pela Natura, anunciada em maio, forma a quarta maior empresa de cosméticos do mundo, com faturamento anual superior a 10 bilhões de dólares, mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países.
O Brasil já é o maior mercado da Avon. Juntas, as empresas terão a liderança na venda por relações, com mais de 6,3 milhões de representantes e consultoras e presença global com 3,2 mil lojas.
Se o negócio é gigantesco, os desafios também são. Por décadas, a Avon foi uma das companhias de beleza mais relevantes do mundo. O protagonismo e o empoderamento femininos ainda são parte importante da missão da companhia, mas a Avon perdeu o ritmo em um mercado em constante transformação.
Enquanto a Natura irá impulsionar sua presença global com a compra da rival, para a Avon a transação é uma chance de resolver antigos problemas e arrumar a casa. São quase 600 tarefas diferentes de transformação.
Buscapé e Zoom
O grupo sul-africano de mídia e tecnologia Naspers vendeu seu site brasileiro de comparação de preços Buscapé para a rival Zoom em maio. Com essa aquisição, as duas operações atingirão um volume de vendas (GMV) de 5 bilhões de reais em 2019, geradas para mais de 2.000 lojistas clientes.
O Buscapé foi, durante anos, símbolo de uma nova geração de empreendedores brasileiros. Fundado em 1999 por quatro estudantes, o site sobreviveu ao estouro da bolha da internet em 2000, captou recursos com investidores, tornou-se lucrativo e foi comprado pelo grupo sul-africano Naspers em 2009, na época avaliado em quase 700 milhões de reais.
Porém, no ano seguinte, os problemas começaram. Com o dinheiro injetado pela Naspers, a empresa brasileira comprou 18 startups de diferentes setores, mas passou a dar prejuízo com estrutura inchada e falta de integração entre os negócios.
A Naspers reestruturou o negócio em 2017 para oferecer um marketplace além de comparar os melhores preços. O grupo sul-africano contratou o Citigroup para vender o Buscapé em junho de 2018, como parte de sua estratégia para concentrar seu portfólio em classificados, entrega de comida e startups de tecnologia financeira.
Magazine Luiza: Netshoes e Estante de livros
Em seus planos para abocanhar as novas ondas do comércio eletrônico e expandir além da venda de eletrodomésticos e eletrônicos, o Magazine Luiza investiu em aquisições em 2019.
Depois de uma longa disputa entre a Centauro e o Magazine Luiza, a Netshoes acabou aceitando a proposta de compra pelo Magalu, anunciou a varejista de artigos esportivos em junho. Para além dos valores, a disputa envolve questões sobre a sobrevida da Netshoes, em dificuldades financeiras. A dívida, na casa dos 330 milhões de reais, já foi renegociada diversas vezes.
Outra aquisição foi a Estante Virtual, do Grupo Cultura, que recebeu aval do Cade em dezembro. A Estante Virtual, um marketplace de livros novos e usados, será vendida por meio de processo competitivo no âmbito da recuperação judicial do Grupo Cultura.
A aposta na diversificação do Magalu já aparece em seus números. Se no ano passado eletrônicos, eletrodomésticos e móveis representavam 50% das vendas, hoje essa participação é de 26%. Já moda e beleza são responsáveis por 41% das vendas e outros produtos correspondem a 31%.
Sonae e Aliansce
A administradora de shopping centers Aliansce assinou em junho um acordo de incorporação pela Sonae Sierra Brasil. Segundo as empresas, o negócio marca a criação da maior empresa do país em número de shopping centers sob gestão.
A companhia a ser formada terá 40 shoppings, sendo 29 próprios e 11 administrados. O portfólio será o segundo maior do setor de shopping centers no Brasil em Área Bruta Locável (ABL), com total administrado de aproximadamente 1,4 milhão de metros quadrados e 7 mil lojas.
Google: Looker e Fitbit
A empresa de tecnologia já está acostumada a crescer por meio de aquisições. Em 2019, duas compras se destacaram.
Em junho, o Google fechou um acordo para comprar a Looker Data Sciences por 2,6 bilhões de dólares, aumentando sua oferta para clientes que gerenciam dados em nuvem. A gigante de Internet tenta diminuir a distância em relação às rivais com maior participação de mercado, como Amazon.com e Microsoft. Este é o maior negócio do Google desde 2014, quando a empresa pagou US$ 3,2 bilhões pela Nestl Labs, que fornece soluções inteligentes para o ambiente doméstico.
Em novembro, o Google anunciou a compra da Fitbit, de tecnologia vestível e relógios inteligentes, por 2,1 bilhões de dólares. A gigante da tecnologia corre atrás da Xiaomi, Apple e da Samsung no mercado de rápido crescimento de acessórios pessoais conectados à internet. A Fitbit tem 10% do mercado.
Redes de Fast Food
O mercado de fast food no Brasil ficou mais concentrado em 2019.
A International Meal Company (IMC), anunciou em julho a incorporação da MultiQRS, detentora dos direitos de máster-franquia dos sistemas Pizza Hut, Taco Bell e KFC no Brasil. A IMC é dona das marcas Frango Assado, Viena, Olive Garden, Brunella, entre outros.
A combinação da IMC com os sistemas Pizza Hut e KFC resultará em uma companhia no setor de food service com receita bruta em 2018 de 2,3 bilhões de reais, considerando o faturamento também de franqueados. São mais de 460 pontos de vendas.
Especialista em expansão por meio de franquias, a MultiQRS, do empresário Carlos Wizard Martins e seus filhos Charles Martins e Lincoln Martins planeja estender sua estratégia para a IMC.
Em outro negócio, a controladora das redes Bob’s e Yoggi, a Brazil Fast Food Corporation (BFFC) fechou a compra de 100% da Internacional Restaurantes do Brasil (IRB), maior detentora de franquias da Pizza Hut no país. O grupo já tinha 60% da empresa e adquiriu em setembro os 40% que pertenciam aos demais sócios. A meta é em cinco anos dobrar o total de pontos de venda próprios, para 350.
Passaredo e Map
Uma aquisição colocou uma empresa até então desconhecida entre as mais importantes do aeroporto de Congonhas, em SP. A Passaredo Linhas Aéreas anunciou a aquisição da MAP Linhas Aéreas Ltda.
A operação foi anunciada em agosto, logo depois que a Anac Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) distribuiu os horários de pouso e decolagem (slots) da Avianca Brasil entre a Azul, Passaredo e Map.
Com a transação, a Passaredo passa a realizar 26 operações diárias no aeroporto. As duas companhias aéreas continuam pequenas: são responsáveis por menos de 0,5% do mercado de aviação no país e operam com aeronaves menores que as rivais.
Tiffany e grupo LVMH
Uma aquisição brilhante pode mudar o ranking dos maiores bilionários. A compra da joalheria Tiffany pela LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton coloca o francês Bernard Arnault, dono do conglomerado LVMH, na briga para se tornar o homem mais rico do mundo.
O grupo LVMH anunciou em outubro a compra da rede de joalherias americana por cerca de 16,2 bilhões de dólares. Embora seja uma gigante mundial do luxo, a Tiffany faturou 4,4 bilhões de dólares no ano passado, pouco comparado aos 46,8 bilhões de euros do grupo LVMH (ou 51,9 bilhões de dólares).
O grupo francês é dono de mais de 70 marcas de luxo em diversos segmentos, como jóias, roupas, perfumes e acessórios, e está presente em mais de 4.000 lojas mundo afora, incluindo o segmento de varejo de lojas de luxo, como com as lojas de maquiagem Sephora.
Smart Fit
O fundo de pensão do Canadá CPPIB comprou, em novembro, 12,4% da rede de academias Smart Fit por 1,07 bilhão de reais. O fundo tem mais de 16,4 bilhões de dólares investidos na América Latina, onde investe diretamente desde 2006. Possui em seu portfólio ativos do mercado imobiliário, infraestrutura, dívida e private equity.
A rede de academias chegou a considerar abrir capital, mas, graças aos aportes recebidos, desistiu da ideia. Afinal, não precisava mais de recursos adicionais, segundo reportagem de EXAME de agosto.
Fenômeno de expansão, a Smart Fit está em uma situação financeira delicada. Enquanto de janeiro a setembro de 2018, a rede de academias registrou lucro líquido de 140,6 milhões, no acumulado de 2019, amarga prejuízo de 6,8 milhões de reais, por conta de uma dívida maior e aumento da depreciação em função do maior número de academias próprias, além do impacto da consolidação das operações no México e Colômbia.
Coty e marca da Kyllie Jenner
A empreendedora bilionária Kylie Jenner, da famosa família Kardashian/Jenner, anunciou a venda de uma participação majoritária na sua marca de cosméticos para uma gigante da indústria em novembro.
A Coty, dona de marcas como Risqué, Rimmel, Wella e Monange, pagou em setembro 600 milhões por uma fatia de 51% na startup de beleza de Jenner, a Kylie Cosmetics. O valor avalia a startup em 1,2 bilhão de dólares.
A gigante de beleza, com faturamento de 9 bilhões de dólares, foi fundada em 1904 na França. Para ela, a aquisição irá levá-la para mais perto do público consumidor e a deixará mais jovem e ágil... Leia mais em exame 27/12/2019
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