Com uma sequência certeira de aquisições, como as compras da Pixar, da Marvel e da 21st Century Fox, Bob Iger conseguiu valorizar em 335% as ações do grupo. Agora, ele vai para cima da Netflix com seu novo serviço de streaming
Tempestades esparsas, ventos fortes e sol firme: sensibilidade para prever o tempo sempre foi o “superpoder” de Bob Iger, CEO da The Walt Disney Company desde 2005.
Hoje com 68 anos, o executivo, que começou sua carreira como homem do tempo na pequena cidade de Ithaca, no estado de Nova York, soube como ninguém “ajustar as velas” da gigante do setor de entretenimento para navegar por águas turbulentas.
Desde que assumiu o comando do grupo, as ações da companhia se valorizaram 335%, dando à empresa o atual valor de US$ 267 bilhões, com papéis negociados a US$ 149,49, na terça-feira, 3 de dezembro.
Mas a tarefa de Iger não foi fácil. Quando assumiu o comando da Disney, ele herdou uma empresa cheia de problemas. A Disney havia sofrido uma tentativa hostil de compra, contava com acionistas revoltados e enfrentava uma batalha sem precedentes entre os membros do Conselho de Administração.
Sentindo que o vento soprava para fortes turbulências, ele tratou de corrigir o roteiro, restabelecendo a confiança de acionistas e conselheiros e devolvendo paz aos corredores da empresa. Com o céu aberto, era hora de dar passos mais ousados.
Logo em 2006, Iger orquestrou a estratégica aquisição da Pixar, por US$ 7,4 bilhões. À época, o executivo justificou sua decisão dizendo que “queria ver a Disney grandiosa na atualidade e que esse era o caminho mais rápido”.
O bom retorno dessa aposta deu ao executivo a confiança necessária para fazer outros acordos. Em 2009, Iger conduziu a compra da Marvel, por US$ 4 bilhões.
Três anos depois, em 2012, foi a vez da Lucasfilm, produtora do pai da saga Star Wars, George Lucas, por US$ 4,05 bilhões – um acordo pago parte em dinheiro, parte em ações.
Mas como nem todo sucesso vem apenas do “sim”, Iger também acertou quando disse não. Em seu livro, “The Ride of a Lifetime”, o magnata conta como desistiu, na última hora, da compra do Twitter.
A rede social poderia modernizar a distribuição da Disney, mas vinha com desafios maiores do que aqueles com os quais a empresa e o executivo estavam dispostos a lidar.
“Essas redes sociais têm potencial para fazer muitas coisas boas, mas muitas coisas ruins também”, declarou Iger ao The New York Times, destacando os efeitos colaterais que as empresas de tecnologia causam na sociedade.
Nova temporada
Foram essas sequências de decisões certeiras que levam a crer que a recente aquisição da 21st Century Fox por US$ 71,3 bilhões também será frutífera para a Disney Company.
Em comunicado oficial, o CEO do grupo afirmou que essa movimentação “criará, no longo prazo, um valor significativo para nossa empresa e nossos acionistas”. E completou. “A combinação da riqueza de conteúdo criativo e talento comprovado da Disney e da 21st Century Fox cria uma gigante de entretenimento global proeminente, bem posicionada para liderar uma era incrivelmente dinâmica e transformadora”.
Essa compra “em atacado” de grandes bandeiras do entretenimento são providenciais agora que a Disney Company colocou no ar seu serviço de streaming, o Disney+, que conquistou 10 milhões de clientes só no primeiro dia de lançamento, no começo de novembro deste ano.
Embora funcione nos mesmos moldes da Netflix, líder deste setor, com um preço fixo de assinatura mensal para conteúdo ilimitado, o Disney+ é bastante diferente aos olhos de seu gestor.
“Estamos fazendo conteúdo para contar grandes histórias, enquanto a Netflix faz conteúdo para abastecer uma plataforma. É bem diferente”, afirmou Iger.
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