Após retração dos investimentos nesse mercado no período de crise, players focam em demandas regionais por meio de soluções que vão desde desenvolvimento de software até impressoras 3D
A caminho de retomar um crescimento anual da ordem de dois dígitos como o visto no período pré-crise, o setor de Tecnologia da Informação (TI) prevê um novo ciclo de investimentos e demanda no mercado nacional – principalmente no desenvolvimento de softwares e impressão 3D.
“Até o ano de 2014, nosso ritmo de crescimento sempre esteve forte e maior do que a média do mercado global. Com a crise, porém, os investimentos caíram e só voltamos a avançar de forma consistente em 2018, após uma alta de 9,8%. Para esse ano, há perspectiva de que ocorra avanço de faturamento total em torno de 10,5%”, avalia o presidente do conselho da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Jorge Sakurie.
De acordo com ele, o mercado de TI brasileiro tem apresentado maiores níveis de pulverização nos últimos anos, além de ser composto por aproximadamente 85% das empresas de pequeno e médio porte. “No cenário global, o Brasil ocupa a 9º lugar entre os maiores mercados de TI, representando um setor de US$ 46,6 bilhões. Antes da crise, a posição do País era 7º posto. Mesmo assim, vemos um horizonte mais positivo com demanda do mercado interno”, complementou o dirigente.
Segundo um levantamento realizado pela entidade, os segmentos que apresentaram maior demanda pelo desenvolvimento de software foram: finanças (9,4%), comércio (1,2%), telecomunicações (0,3%) entre o ano de 2017 e 2018. Já os serviços com alta no mercado como um todo – na mesma base de comparação – se verificam em áreas como desenvolvimento de aplicativos (16,8%), controle de sistemas (9,2%), integração de sistemas (8%), treinamento (6,1%), suporte técnico da tecnologia (4,7%).
Um dos exemplos de empresas que estão dando maior atenção ao potencial do mercado interno é a Monitora Soluções Tecnológicas. “Há dois anos nosso principal alvo era o mercado estrangeiro, que compunha 90% de nossa carteira, especificamente nações como Inglaterra e a região de Malta. No entanto, do ano passado para 2019, vemos uma certa mudança no portfólio de clientes. Atualmente, 70% do nosso faturamento é proveniente do exterior e 30% do mercado nacional”, afirmou o diretor executivo da empresa, Marcos Chiodi, destacando que as fintechs, negócios de cashback no varejo e também construção civil.
Para ele, profissionais brasileiros começam a ser reconhecidos no cenário internacional, que antes “era dominado” mais pelos asiáticos. Porém, segundo Chiodi, mesmo com conhecimentos técnicos e qualificação, os brasileiros ainda devem apresentar maior “formação de cultura geral”, aspecto o qual tem sido requisitado para a área de TI. “Faturamento está em R$ 20 milhões por ano”, comentou ele.
Na mesma linha, o presidente da empresa SKA, Siegfried Koelln, explica a mudança de mentalidade de muitos clientes que decidiram aderir às impressões 3D para produção de peças industriais específicas. “A impressão 3D possibilita um novo mundo. Acreditamos num processo de mudança cultural nesse sentido, tendo em vista que a variedade de peças atualmente exige um nível de personalização também”, argumentou ele.
Em agosto, a empresa anunciou um novo centro de manufatura digital que envolveu um aporte de R$ 4 milhões. O investimento foi canalizado para a área de equipamentos, instalações e treinamento. “O mercado está ficando cada vez mais aberto à importação. Com isso, os players nacionais precisam se preparar melhor em termos de competitividade dentro do segmento de atuação”, disse ele.João Vicente Ribeiro Leia mais em dci 29/08/2019
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