As empresas que entraram na lista de privatizações do governo federal registraram prejuízo de R$ 427 milhões em 2018, comparado a lucro de R$ 416 milhões um ano antes. Mesmo assim, a situação das companhias ainda é melhor que a vista em 2016, quando o prejuízo de todas juntas somou R$ 2,37 bilhões.
Os números fazem parte de um levantamento do Valor Data, feito a partir dos resultados de 14 das 17 empresas que o governo pretende repassar para a iniciativa privada. Foram excluídas da amostra a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) e a Eletrobras, que, pelo tamanho, distorce a análise. Os dados da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex) não foram encontrados.
As empresas tiveram desempenho negativo nos resultados operacionais em três dos últimos quatro anos. Especificamente em 2018, elas tiveram juntas prejuízo de R$ 338 milhões com as operações, revertendo o lucro operacional de R$ 813 milhões apurado em 2017. O prejuízo financeiro líquido caiu quase pela metade, na comparação anual, somando R$ 232 milhões em 2018.
Das 14 companhias, oito encerraram 2018 com a última linha do balanço no vermelho. O maior prejuízo do período foi o da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), de R$ 468,7 milhões. Um ano antes, a autoridade portuária havia reportado lucro de R$ 44,4 milhões.
O prejuízo, no caso da Codesp, foi influenciado sobretudo pela queda do resultado das operações. Em 2018, o resultado operacional líquido ficou negativo em R$ 650,6 milhões. Um ano antes, era positivo, de R$ 74,8 milhões. A variação refletiu o forte aumento das despesas, que passaram de R$ 255,7 milhões para R$ 1,1 bilhão.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aparece em seguida, na lista dos prejuízos. A empresa encerrou 2018 com perda de R$ 437,7 milhões, quase três vezes maior que a registrada em 2017. Na comparação anual, o lucro operacional caiu quase 80%, para R$ 61,9 milhões. O prejuízo financeiro avançou 16%, para R$ 498,3 milhões. A companhia de transportes urbanos foi a única a apresentar em 2018 patrimônio líquido negativo, de R$ 980 milhões.
A Telebras - vista pelo governo como uma das estatais que mais têm potencial de despertar interesse de investidores - também aparece entre as companhias que reportaram prejuízo. Em 2018, a perda foi de R$ 224,9 milhões, 7,7% abaixo da apurada um ano antes. De um ano para outro, a receita da empresa de telecomunicações avançou quase três vezes, para R$ 199,6 milhões. Os custos chegaram a R$ 317,8 milhões, 64% maior na comparação anual e superior à receita da companhia.
Entre as 14 estatais, a que apurou o maior lucro em 2018 foi a Serpro. A companhia encerrou o ano com resultado positivo de R$ 459,7 milhões - quase quatro vezes o lucro de 2017. A Dataprev também apresentou aumento de lucro, que passou de R$ 136,7 milhões para R$ 150,6 milhões.
As duas empresas de tecnologia têm em comum o fato de terem "arrumado a casa" nos últimos anos, apresentando atualmente uma situação financeira mais saudável. A expectativa, segundo executivos do mercado, é que elas possam atrair investidores que enxergarem a oportunidade de explorar suas bases de dados. Esse interesse, no entanto, poderá ser limitado, tendo em vista que as duas empresas têm como cliente apenas o governo.
Outra transação que deve ser desafiadora é a do Correios. A companhia é uma das que registraram lucro no ano passado, de R$ 161 milhões. O resultado, no entanto, ficou 76% abaixo do apurado em 2017, influenciado pela queda do resultado operacional, que passou de R$ 748,1 milhões para R$ 29,2 milhões.
As dificuldades da venda, no entanto, vão além do balanço. O monopólio da companhia está previsto na Constituição e a venda deve passar pelo Congresso, um processo que, segundo o próprio presidente Jair Bolsonaro, deve ser longo. Valor Econômico - Leia mais em abinee. 27/08/2019
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