A indústria caminha para o seu décimo ano de crise e deve amargar, ao fim de 2019, uma década de retração, com tombo acumulado de mais de 10% no período. Enquanto isso, o PIB terá crescido quase 14% entre 2009 e 2019.
A distância entre os dois resultados dá a dimensão do drama do setor, que hoje opera com uma ociosidade muito próxima à do seu pior momento, registrado em outubro de 2016.
Em março, a produção industrial caiu 1,3% em relação a fevereiro e voltou para o campo negativo no acumulado em 12 meses (-0,1%), depois de 18 resultados positivos seguidos.
Especialistas lembram que, nos últimos tempos, o setor enfrentou duas graves crises, que ainda não foram superadas: a global de 2008 e are cessão interna entre 2014 e 2016. De acordo com o gerente de Indústria do IBGE, André Macedo, hoje o setor opera no mesmo patamar de fevereiro de 2009. Na prática, é como se a indústria não tivesse saído do lugar na última década.
—A partir de 2009, a indústria sofre um descarrilhamento, tivemos duas crises e estagnação. Quando a primeira crise chegou, deixou em carne viva os problemas da competitividade brasileira, que são estruturais devido à falta de investimentos em infraestrutura, à pesada tributação e ao baixo grau de inovação e produtividade. Isso tudo cria um ambiente de baixa competitividade e retrai oportunidades.
Em 2014, você mergulha de novo num acrise, e ela sedá em um ambiente que não é mais de crescimento forte, o que leva o seto rase afundar mais— comenta Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O economista Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que, apesar de o setor não enxergar um horizonte de recuperação consistente, há expectativas de melhora dos resultados com a aprovação das mudanças na Previdência, que podem acontecer nos próximos meses, e do encaminhamento da reforma tributária.
— É preciso implementar uma agenda de competitividade, arrumar as contas públicas para destravar o investimento do governo e contornar o sentimento de incerteza —afirma Azevedo.
RETRAÇÃO DISSEMINADA
Cagnin avalia que o governo precisa combinar agendas estruturais, como a reforma tributária, e conjunturais, que permitam recompor a demanda para que o setor voltear espirar, como foi feito em 2017, quando o governo liberou recursos inativos das contas de FGTS de trabalhadores e a indústria voltou a crescer:
—A reforma tributária é tão importante quanto a previdenciária para o setor. É preciso simplificar o sistema. Se gasta muita energia, muito dinheiro e muitos recursos humanos para pagar o emaranhado de tributos brasileiro.
Macedo, do IBGE, lembra que entre 2009 e 2018, à exceção da indústria extrativa, que beneficiada pela produção de minério de ferro e petróleo cresceu 7,2%, e da celulose (alta de 14,5%), os demais segmentos importantes da indústria amargaram quedas consideráveis no período: metalurgia caiu 19,6%; produção de veículos, 24,6%; máquinas e equipamentos, 28%; e alimentos, 4,2%.
— Com a recessão, a indústria de transformação perdeu representatividade. No pico, ela representava 25% do PIB, hoje está abaixo de 11%. A metalurgia
está operando com ociosidade muito alta, acima de 30% —diz Marco Polo Lopes, presidente da Aço Brasil.
O presidente executivo da Associação Brasileira da Industria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, diz que a falta de competitividade é um dos principais problemas do segmento:
— Hoje, os produtos importados são 37% do mercado de químicos no Brasil. Fonte O Globo Leia mais em portal.newsnet 29/05/2019
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