Até então, esse procedimento só era realizado com perfurações no crânio. “É a primeira vez que a família faz um investimento fora do negócio de papel e celulose. Somos muito focados na companhia e por isso não desviamos nossa atenção, mas esse é um projeto com um propósito maior: estamos dando acesso a um novo sinal vital que é a pressão intracraniana”, disse Piva.
Atualmente, é possível medir seis sinais vitais: temperatura, pressão, dor, frequências cardíaca e respiratória. Quem acendeu a luz de que a brain4care poderia ser muito mais do que uma fabricante de dispositivos médicos foi a Singularity University, centro de inovação do Vale do Silício, que escolheu a startup como uma das sete empresas mais inovadoras do mundo em 2017.
“Quando soubemos que a Singularity ia nos acelerar, fomos lá entender os motivos da escolha. Eles explicaram que ao possibilitar o monitoramento à pressão intracraniana, de forma não invasiva e constante, poderíamos dar acesso a um novo sinal vital e com isso impactar 1 bilhão de pessoas”, contou Plínio Targa, presidente e sócio da brain4care. “Pirei e vim conversar com o Horácio que também pirou”, brincou Targa.
Segundo Piva, há uma grande demanda de investidores interessados no negócio, mas ele afirma que, no momento, a empresa não abrirá espaço para novos sócios porque a estratégia não é ganhar dinheiro comercializando dispositivos. “Esse seria um caminho fácil, mas fugiria do propósito que é dar acesso a essa tecnologia e optamos por oferecer o serviço”, disse. A brain4care fechou contrato com o Hospital Sírio Libanês e Rede D’Or que pagam uma assinatura mensal de R$ 3,5 mil e prestam serviços de medição de pressão intracraniana para um número ilimitado de pacientes. A meta é encerrar o ano com dez hospitais parceiros e atingir o break even (equilíbrio financeiro). A medição da pressão intracraniana é um dos procedimentos obrigatórios a serem cobertos pelos planos de saúde.
O presidente do conselho de administração da Klabin fez o aporte junto com cerca de outros dez investidores, todos amigos próximos, que criaram um fundo de investimento voltado especificamente para a brain4care. Esse grupo detém uma fatia semelhante aos demais sócios: o empresário Carlos Bremer, o farmacêutico Gustavo Frigieri, o engenheiro Rodrigo Andrade e o físico Mascarenhas — estes três últimos são os fundadores da brain4care. O dispositivo foi criado por Mascarenhas quando ele tinha 77 anos e foi diagnosticado com uma hidrocefalia.
O cientista não se conformava com a ideia de que a cada medição de pressão seria obrigado a fazer uma cirurgia porque até então havia a crença de que o crânio era um membro rígido que não possibilitava medições externas. Mascarenhas conta que para desenvolver o dispositivo se inspirou nos seus alunos de engenharia que colocavam um chip em vigas de concreto para medir as deformações por meio de sinais elétricos. Hoje, aos 90 anos, o cientista continua produzindo, incansavelmente, novas descobertas. Fonte: Valor Econômico Leia mais em panoramafarmaceutico. 25/04/2019
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