Em 2018, o endividamento do grupo ultrapassou R$ 4,5 bilhões, mas a concessão para distribuição de energia por 30 anos é alvo de interesse em caso de privatização
O endividamento da CEEE, na avaliação de analistas, não deve ser impeditivo à possível privatização. Pelo contrário: mesmo correndo o risco de perder a concessão, a CEEE-Distribuição (D) é especialmente cobiçada no mercado. Em eventual leilão, a participação da CPFL, controlada pela estatal chinesa State Grid, é dada como certa. Em 2018, o ex- presidente da empresa Wilson Ferreira Jr. (hoje no comando da Eletrobras), disse que comprar a CEEE-D “faria todo sentido”. Dona da RGE, a CPFL já distribui energia para dois terços da população do Estado.
– É uma candidata natural à disputa – resume Mikio Kawai Junior, diretor-executivo da Safira Energia.
O êxito do processo é condicionado ao formato do negócio. Há pelo menos duas dúvidas: se a oferta envolverá todo o grupo ou será dividida entre CEEE-D e CEEE-GT (geração e transmissão, na qual a principal interessada seria a Eletrobras), e se incluirá o passivo bilionário. A segunda questão é mais controversa. Quando dívidas entram no pacote, o preço mínimo da venda tende a baixar. Também é comum que governos assumam ao menos parte da conta para não espantar possíveis compradores.
Um exemplo disso foi a privatização da distribuidora da Companhia Energética de Goiás (Celg-D). Vendida à italiana Enel por R$ 2,2 bilhões em novembro de 2016, a empresa estava em situação calamitosa, ainda pior do que a da CEEE-D.
– A Celg-D se deteriorou a ponto de se tornar a pior do Brasil. Como encontrar compradores para empresa assim? Não teve jeito: o Estado teve de assumir parte do passivo, ou não apareceriam interessados – diz a economista Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman Brasil.
Como secretária da Fazenda de Goiás, Ana liderou o processo e afirma que “não foi fácil” – o primeiro leilão fracassou, e o preço inicial teve de ser reduzido. Até hoje, a venda é alvo de questionamentos e segue provocando controvérsia.
Contrário à forma de condução do processo, o atual governo de Ronaldo Caiado (DEM) alterou a legislação para obrigar a Enel a arcar com dívidas geradas entre 2012 e 2015, que haviam ficado com o Estado, e o caso foi parar na Justiça. Apesar da polêmica, a ex-secretária defende a venda da Celg-D:
– O fato é que a alternativa à privatização era muito ruim: desabastecimento, perda da concessão, quebra da empresa. No fim, conseguimos vender com ágio de 28%, e a Enel se comprometeu a investir R$ 5 bilhões em dois anos e meio. Nos 10 anos anteriores, a empresa não recebeu nem R$ 1 bilhão. Leia mais em gauchazh.clicrbs 15/04/2019
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