A resposta para esta questão está no tamanho do mercado de podcasts e na possibilidade de receitas em uma plataforma completa de áudio, e não apenas de música
O Spotify anunciou, nesta terça-feira (25), que adquiriu a Parcast, empresa especializada em podcasts. O valor da aquisição não foi revelado. Em dois meses, essa é a terceira startup do segmento comprada pelo serviço de streaming. Anteriormente, o Spotify adquiriu a Gimlet e Anchor.
Com as aquisições, o Spotify se tornou a empresa líder em podcasts em menos de dois anos. Isso faz parte dos objetivos da companhia em se tornar uma referência em áudio, não apenas em música. Essa parece uma mudança simples, mas pode revolucionar completamente o modelo de negócios do Spotify.
Isso porque o podcast, formato que a companhia está apostando, está em pleno crescimento. Segundo pesquisa da Edison Research, o número de americanos de 12-24 anos que ouvem podcast mensalmente subiu de 32% para 53% de 2018 para cá. A estimativa é que mais 17 milhões de pessoas conheçam os podcasts esse ano, em comparação ao ano passado, apenas nos EUA.
“Os usuários estão amando ter os podcasts como parte da experiência no Spotify. Nossos usuários que ouvem podcast ficam quase o dobro do tempo na plataforma e passam ainda mais tempo ouvindo música. Nós também estamos vendo que, ao ter uma programação única, pessoas que não se identificavam com o Spotify agora estão dando uma chance”, escreveu Daniel Ek, cofundador do Spotify, em um blog post.
Um futuro promissor
A expectativa da empresa é que, no futuro, mais de 20% do conteúdo ouvido na plataforma não seja musical. Dessa forma, o podcast passa a ser uma opção cada vez mais atraente, devido ao seu caráter democrático. Existem podcasts sobre quase todos os assuntos – desde futebol a teorias da conspiração, ensino de inglês, política, notícias, entre outros -, e os usuários podem escutar quando quiserem.
Diferentemente do vídeo, em que os usuários devem separar alguns minutinhos do dia para consumir, o podcast pode acompanhar os usuários em suas tarefas – desde o trabalho até quando estão dirigindo ou limpando a casa, por exemplo.
Além disso, ao apostar em um diferente formato de conteúdo além da música, o Spotify vai ganhando mais valor para os seus usuários – e também para quem ainda não é. A plataforma reúne conteúdo para todas as horas: música para quando for o caso e podcasts para se informar, aprender ou entreter.
Não por acaso, a empresa está incentivando o consumo de podcast inclusive em propagandas offline. No final do ano passado, o Spotify lançou a primeira campanha focada em podcasts no Brasil. Os podcasts Nerdcast, Papo Torto e Mamilos foram os escolhidos como destaque pela empresa. Era possível ver fotos dos podcasters nos pontos de ônibus, até na baldeação da Consolação para a Paulista no metrô de São Paulo. A campanha atingiu o público alvo: a cidade de São Paulo concentra o maior número de ouvintes, com 36,6%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters.
O retorno para o Spotify
Mas além do entretenimento e da proposta de valor para a marca, existe também a recompensa financeira. Como Daniel Ek mencionou, os ouvintes de podcasts estão passando mais tempo no Spotify.
Hoje, essa mídia pode ser lucrativa para quem faz e para quem a hospeda. É comum que marcas façam suas propagandas através dos podcasts ou até mesmo criem seus próprios – serviço realizado pela Gimlet, uma das startups adquiridas pelo Spotify. No caso, ela já ajudou “empresas encontrarem suas vozes”, produzindo conteúdos para o eBay, Tinder, Gatorade e Mastercard. Além disso, o Spotify e os produtores do conteúdo ganham por cada visualização (ou audição, melhor dizendo) do material na plataforma.
Já a Anchor, outra das startups adquiridas, é uma plataforma de início-meio-fim para podcasters. A startup traz ferramentas criativas, possibilita a hospedagem do conteúdo de graça, realiza a distribuição nos canais mais conhecidos e traz opções de monetização aos produtores mais e menos experientes.
E agora, com a aquisição da Parcast, o Spotify vai além da técnica e da propaganda – ela também possui conteúdo. Criada em 2015 por Max Cutler, a Parcast já criou 18 séries originais – e possui podcasts desde sobre o sistema judiciário, crimes não resolvidos e mistérios. Ela também acerta em outro ponto fraco - a maioria dos ouvintes da Parcast são mulheres, enquanto do podcast em geral, o público é masculino.
E assim a tríade de empresas adquiridas fica completa, mas talvez não por muito tempo: a expectativa é que o Spotify invista US$ 500 milhões na mídia em 2019, através de aquisições e produções de conteúdos. Tainá Freitas Leia mais em starse 28/03/2019
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