01 março 2019

Atividade no País deve registrar baixo dinamismo neste primeiro semestre

Indústria em ritmo ainda lento, por causa de pouca competitividade e da crise argentina, limitará expansão do PIB no curto prazo; economia brasileira cresceu 1,1% em 2018 e repetiu alta de 2017

A economia brasileira ainda deverá apresentar pouco dinamismo no curto prazo, influenciada, especialmente, pela dificuldade de reação industrial nesse primeiro semestre, avaliam especialistas.

Em 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1%, repetindo, dessa forma, a mesma taxa de expansão de 2017, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Souza Júnior, diz que o resultado, apesar de esperado, veio abaixo das previsões feitas pelo mercado até maio de 2018 (+2,5%). “Esperávamos que a economia, em 2018, se recuperasse em um ritmo mais forte do que em 2017. Porém, as incertezas provocadas pelo ambiente das eleições e a influência direta da greve dos caminhoneiros na produção industrial frustrou bastante o desempenho”, diz.

O sócio-diretor da MacroSector Consultores, Fábio Silveira, destaca que é justamente a atividade industrial que ainda preocupa. “Os serviços são a maior parte do PIB [73,3%], mas o motor de arranque da economia é a indústria. É ela [indústria] que demanda um volume significativo de serviços”, destaca Silveira.

Após quatro anos seguidos de queda, o PIB industrial avançou 0,6% em 2018. Já os serviços tiveram o seu segundo ano consecutivo de alta, ao registrar aumento de 1,3%. A agropecuária, por sua vez, ficou estagnada (+0,1%).

Na avaliação de Silveira, o que “emperra” a expansão industrial é a baixa competitividade do setor em relação aos demais países, provocada, entre outros fatores, pela elevada carga tributária. “Mas ninguém está pensando nisso. Há um discurso de que a economia irá deslanchar depois da aprovação da reforma da Previdência Social. Porém, não há evidências que garantem que isso vai acontecer; que o empresário vai se animar depois disso”, alerta Silveira.

Ele admite que, assim como ocorreu em 2017, os serviços – com destaque para o comércio varejista – continuarão dando sustentação ao crescimento do PIB, que deve avançar 2% este ano, na sua avaliação.

 “O varejo é o que está andando melhor, devido à expansão razoável do crédito; da queda da taxa básica de juros [Selic]”, diz Silveira. “Porém, sem a indústria, a atividade do comércio e dos serviços não vão conseguir se sustentar”, argumenta.

O Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR) prevê uma expansão de 3,5% do varejo ampliado em 2019, determinado pelos segmentos de veículos e material de construção.

O economista da MacroSector reforça que durante os dois primeiros trimestres do ano, o PIB deve registrar crescimento entre 0,2% e 0,3% na margem (contra o trimestre imediatamente anterior).

Crise na Argentina

A pesquisadora do FGV IBRE, Luana Miranda, também avalia que a indústria brasileira não deve ter “bons resultados” no primeiro e segundo trimestres de 2019, impactados, especialmente, pela crise argentina. “Esse cenário deve se refletir não só na produção de automóveis, mas também de máquinas e equipamentos e produtos químicos”, diz Miranda.

A projeção do FGV IBRE é que o PIB expanda 2,1% este ano, puxado por serviços. Já Souza Jr. aposta em uma reação da construção civil, que amargou o quinto ano consecutivo de queda em 2018 (-2,5%). Isso porque as atividades imobiliárias cresceram 3,1% em 2018, o que significa que há uma diminuição dos estoques de imóveis. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Pallis, explicou ontem que a alta de 1,1% do PIB em 2018 levou a economia para o mesmo patamar do primeiro semestre de 2012. Segundo ela, o PIB ainda roda 5,1% abaixo do pico alcançado pelo indicador no primeiro trimestre de 2014.

Pelo lado da demanda, o que ajudou o PIB de 2018 foi o consumo das famílias (1,9%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (4,1%). O gasto do governo ficou estagnado.

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