07 novembro 2018

Capitalizado, BTG se prepara para 'efeito de mola comprimida'

Com uma postura mais conservadora nas atividades de risco no último trimestre, o banco BTG Pactual teve uma desaceleração de receita e rentabilidade, mas está com uma estrutura de capital mais robusta para um cenário de retomada de crescimento econômico. O que ainda não está claro, para a instituição, é quando esse ritmo vai aumentar.

"O Brasil vem de uma fase complicada, de uma recessão grave, equivalente a países em esforço de guerra. Pode acontecer um efeito de mola comprimida, impulsionando a economia a curto e médio prazo de modo significativo", disse João Dantas, diretor financeiro do BTG Pactual. "Mas isso depende das condições certas.

Acredito que nas próximas semanas vai ficar mais claro qual o potencial desse efeito." Até que o cenário seja definido, o banco continuará com estratégia mais conservadora. "No quarto trimestre vamos continuar com alguma ineficiência de resultado porque temos preferido ficar com balanço bem líquido, desalavancados, e no momento é uma estratégia que está se mostrando bem acertada", disse Dantas. "Temos um 'dry powder' para usar quando precisar."

O índice de Basileia do banco subiu para 17,8%, de 16,3% no início do ano. O volume de funding do banco, com aumento de depósitos a prazo, à vista e emissão de títulos, atingiu R$ 45 bilhões, alta de 10,9% no trimestre. É o maior patamar desde o segundo trimestre de 2016. "Mesmo com pouco uso do balanço e de expansão de crédito, temos aproveitado para crescer funding, para nos colocar em uma posição confortável para aproveitar oportunidades de crescimento de negócios em 2019", afirmou o executivo.

Um dos indicativos de uma postura mais conservadora no terceiro trimestre é que a medida de valor em risco, como percentual do patrimônio líquido (VaR), diminuiu 23,5% em relação ao segundo trimestre deste ano, para 0,3%. "Tivemos um dos menores VaR da nossa história, uma performance abaixo do curso normal de negócios", disse Roberto Sallouti, presidente do BTG, em teleconferência. "Pode voltar a crescer, depende de oportunidade de intermediação financeira", completa Dantas.

A alavancagem do banco também está abaixo da média histórica, em 8,5 vezes o ativo sobre patrimônio. "A gente vem comentando ao longo dos trimestres sobre nossa postura prudente de crescimento de balanço e foi mais um trimestre assim. A alavancagem de 8,5 vezes é bastante tranquila, sempre tocamos a casa de 10 a 12 vezes, então ainda temos espaço e capitalização para crescer", disse Dantas.

A receita do banco com crédito corporativo no terceiro trimestre aumentou, mas devido à maior qualidade dos tomadores e reversão de provisões, e não à expansão da carteira. A receita de banco de investimento caiu, com atividade fraca no segmento de ações e fusões e aquisições no período, e receita mantida basicamente com emissões de dívida.

Por outro lado, as atividades de gestão de fortuna e gestão de fundos do banco continuaram mostrando crescimento acelerado e a instituição espera resultados ainda este ano da plataforma de investimentos BTG Digital. "As atualizações na plataforma agora já estão completas para B2C e também B2B, para atender os agentes autônomos", disse Sallouti.

"Estamos otimistas com o crescimento dessa nova franquia, que deve se acelerar no fim do quarto trimestre." Dantas ressaltou que, mesmo com os investimentos na plataforma, o banco teve melhora do índice de eficiência: quando excluídas despesas não recorrentes, foi de 37%, ante média histórica de 42%. "Com investimentos e contratações, já estamos capturando receita e baixamos o custo do banco.  Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 07/11/2018

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