A BR Insurance, que surgiu da união de mais de 49 corretoras de seguros, passa a se chamar Alper, resultado da união das palavras alta+perfomance, a partir desta quarta-feira, conta o CEO da companhia, Marcos Couto, que está há 10 meses no comando do grupo e há mais de 30 anos no mercado segurador. “Foram oito anos de um longo processo de consolidação e agora estamos prontos para crescer na casa de dois dígitos de forma orgânica e também via aquisições”, afirmou ele em entrevista ao blog Sonho Seguro.
A BR Insurance chegou a valer R$ 2 bilhões quando realizou a oferta inicial (IPO) em 2010, com 80% das ações emitidas adquiridas por estrangeiros, com a ambição de ser uma gigante da corretagem de seguros. Hoje vale R$ 110 milhões. Em 2015, auge da crise, quase colapsou, perdendo 90% de seu valor, diante de uma crise gerada por discórdias entre inúmeros sócios e acionistas, que culminaram em denúncias na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), na Procuradoria do Ministério Público Federal e também na americana Securities and Exchange Commission (SEC).
Couto: a corretora tem caixa de R$ 40 milhões para ajudar nas aquisições, que vão depender de uma nova rodada de captação com investidores
Os processos na CVM foram encerrados, com autuações contra ex-administradores e mais de R$ 2 milhões restituídos ao caixa da companhia. “Estamos em constante evolução e em meio a tantos progressos nasce a Alper, que já inicia sua atuação como uma sólida corretora em seguros, consciente de que a diferença está nas pessoas e nas relações entre elas”.
Nas contas de Couto, cerca de meia dúzia das corretoras que compunham o grupo deixaram o negócio e as outras foram incorporadas, com a BR Insurance comprando 100% do capital das que ficaram. Os proprietários das adquiridas passaram a ser executivos em suas especialidades nos mais diversos segmentos do mercado, desde benefícios como saúde, vida e previdência, como seguros patrimoniais, financeiros, agrícola, afinidades, atuando tanto no atacado como no varejo com automóvel, residencial, celular, equipamentos eletrônicos, bikes entre outros. Um dos exemplos é Rubens Nogueira, oriundo da Classic Corretora, que hoje detém ações da companhia e comanda a área de massificados. A área de benefícios, que responde por mais de 40% das vendas da corretora, é tocada por André Martins, ex-proprietário da Indico.
Foi um processo sofrido, tanto do ponto de vista emocional como financeiro para chegar ao que Couto afirma ser hoje uma das mais completas e especializadas corretoras de seguros do Brasil, situada entre as dez maiores do país. “A criação da Alper reforça a importância de nosso principal propósito, que é entregar as mais eficientes soluções do mercado de seguros por meio de relações de confiança”, afirma Couto, que teve ao seu lado por nove meses o ex-CEO, Luis Roberto Mesquita Salles, ou Beto Salles, da Indico Corretora, para que a transição fosse vitoriosa.
O resultado apareceu no terceiro trimestre deste ano, quando o BR Insurance divulgou crescimento de 19% em receita e registrou o primeiro EBITDA positivo depois de 15 trimestres sem dar resultado. “Não tem bala de prata nem tiro de canhão. O principal foi fazer tudo olhando para frente e não para o passado”, justifica.
Ele afirma que seu DNA é vender. “Adoro os conceitos de gestão. Mas se não vender, nada resolve. Hoje vivemos um novo momento comercial na empresa”. Outra novidade foi trazer executivos líderes para comandar áreas como transportes, e também aumentar o grupo de conselheiros, formado por executivos independentes, sendo dois com experiência em seguros, Tarcisio Godoy, ex-presidente da BrasilPrev e Bradesco Auto RE, e Mauro Batista, ex-presidente da Roma Seguradora e atual presidente do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (SindSeg-SP).
Conseguir melhorar o resultado em tão pouco tempo tem uma explicação. No ápice da crise, em 2015, o banco Morgan Stanley foi contratado para encontrar um novo investidor. Couto entrou junto com a GP Investimento para avaliar o ativo e ficou 75 dias conduzindo uma due diligence. O negócio não avançou, mas Couto conheceu profundamente todos os desafios que o grupo enfrentava. Sabia que a companhia precisava de um choque de gestão, que permitisse a companhia entrar num novo ciclo de crescimento.
Couto tem um otimismo nato com o futuro. Enquanto boa parte dos corretores tradicionais se sentem ameaçados pela tecnologia que interliga clientes e seguradoras, Couto reage. “Vamos fazer a empresa voltar a valer mais de R$ 1 bilhão porque estamos comprometidos em projetos de longo prazo”, diz o executivo que já comandou dois projetos destacados no setor. Um deles foi cinco anos no comando da ACE Seguradora (hoje Chubb), e seis na Tempo Assist. “A Tempo Assist tinha 16 aquisições, estava listada na bolsa, nunca tinha pago um real de dividendo. Seis anos depois foi vendida por R$ 1,3 bilhão”, lembra ele, acrescentando: “quando cheguei na BR Insurance em dezembro de 2017 a ação valia R$ 9 e na última sexta-feira o papel fechou cotado a R$ 14,80”.
Segundo Couto, a estratégia de crescimento do grupo conta com avanço orgânico, na casa dos dois dígitos, fruto da reformulação em todos os processos operacionais. A tecnologia é uma aliada. O executivo afirma que fechou um contrato com uma das maiores especialistas em TI no Brasil para criar uma plataforma digital que fará a gestão das negociações com parceiros e clientes. Sem revelar valores, ele cita ser um investimento robusto, de médio prazo, ou seja, de 18 meses. “Não vamos virar uma corretora digital. Somos uma corretora com soluções digitais”, diz ele, que desde 2014 fundou a Dux Investimentos, um fundo de venture capital especializado em investimentos de tecnologia em startups digitais.
Outro passo será a volta a aquisições. Quando fez auditoria na BR Insurance, Couto teve a oportunidade de ir com a GP Investimentos aos EUA e conheceu as principais corretoras de seguros do maior mercado segurador do mundo. Das top 20, 12 delas cresceram comprando concorrentes. “O mercado de corretagem é de consolidação. Todos crescem por meio de aquisições. Não tem nada de errado construir uma grande empresa com aquisição, mas não pode ser a única tônica. Tem de crescer organicamente e acelerar a expansão com aquisições”, afirma.
Apesar de ter dado prejuízo nos últimos anos, Couto destaca que a corretora tem caixa de R$ 40 milhões para ajudar nas aquisições, mas que boa parte virá de uma nova rodada de captação com investidores caso encontre boas ofertas que agreguem valor a companhia. A notícia mais importante do ano foi a compra da JLT pela Marsh no mundo, num negócio de US$ 5,7 bilhões. “2019 é um ano que promete muitas mudanças para todos e nós vamos ter diversas novidades”, assegura o CEO da agora Alper, Consultoria em Seguros, uma das três corretoras de seguros listadas na B3. As outras são Qualicorp, que atua no ramo de saúde, e Wiz, corretora ligada a Caixa Seguridade. Além delas, o mercado segurador conta com Porto Seguro, SulAmérica, BB Seguridade e IRB Brasil Re entre outros grupos ligados a saúde suplementar. Escrito por Denise Bueno Leia mais em sonhoseguro 21/11/2018
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