22 outubro 2018

Empresas retomam ofertas de ações

Depois de um terceiro trimestre sem qualquer operação de ações no mercado brasileiro, duas companhias registraram suas ofertas públicas iniciais (IPOs) na última sexta-feira. A empresa de tecnologia Tivit e o banco mineiro BMG farão captação ainda este ano. E, para que isso aconteça, resolveram arriscar colocar o processo para andar antes mesmo do segundo turno das eleições presidenciais. Ao menos uma companhia já listada, a distribuidora de energia Light, retomou o processo para uma oferta subsequente ("follow-on").

"O cenário hoje já é mais claro para o resultado das urnas e o mercado tem operado favoravelmente a esse resultado. Isso minimiza o impacto político nas ofertas", diz um executivo que participa de uma das operações.

Outras companhias que preparam oferta inicial e podem ainda protocolar suas operações este ano vão deixar a listagem, de fato, para o início de 2019, conforme fontes ouvidas pelo Valor. "Qualquer volume adicional no quarto trimestre virá de follow-on", afirma um executivo de mercado.

A Tivit se preparou para uma oferta no ano passado, quando pretendia captar cerca de R$ 1,5 bilhão e tentava um preço médio por ação de R$ 47 - o valor chegou a ser reduzido para R$ 35 para aumentar a demanda, mas a companhia decidiu cancelar a oferta. A Tivit já teve capital aberto. A companhia era listada na bolsa brasileira até 2010, quando a gestora Apax Partners comprou seu controle e decidiu fechar o capital.

Agora, a oferta é justamente para dar saída parcial à Apax. A Tivit vai buscar uma avaliação de mercado em torno de R$ 4 bilhões, conforme duas fontes.

Quatro bancos coordenam a oferta: BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA e J.P. Morgan.
O banco mineiro BMG deu uma acelerada em seu processo de IPO para vir a mercado antes do concorrente gaúcho Agibank e para se fortalecer de olho na competição em áreas como crédito pessoal e meios de pagamento. A instituição gaúcha quase concluiu sua oferta em junho, mas cancelou o processo por uma mudança de humor dos investidores e disputa de atenção com uma oferta subsequente (follow-on) da brasileira PagSeguro na bolsa de Nova York.

A oferta do BMG é coordenada por seis instituições - J.P. Morgan, Citi, Itaú BBA, Plural, XP Investimentos e Banco do Brasil.

O BMG e a Tivit começam nesta segunda-feira o processo conhecido como "pilot fishing" - em que se reúnem com investidores para apresentar suas histórias e definir as faixas indicativas de preço por ação. No cronograma inicial do BMG, a previsão inicial é de listagem em 18 de dezembro, conforme duas fontes. O banco vai buscar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.

O BMG quer apresentar seu histórico no mercado de consignado, incluindo crédito pessoal, cartão de crédito e cross-selling de produtos de investimentos. Há um mês, o banco comprou a Pago Cartões, entrando em adquirência e também quer aproveitar o interesse crescente de investidores pelo mercado de meios de pagamento. O BMG tem ainda uma rede de lojas, a help!, que complementa o atendimento digital.

Já o Agibank vai deixar a listagem para o ano que vem, segundo duas fontes.
Outra empresa que voltou a se movimentar, mirando a listagem no início de 2019, é a fabricante de eletrônicos Multilaser. Entre as ofertas subsequentes, a Light é a companhia que tem mais pressa nesse processo - ou melhor, seu controlador, a companhia mineira Cemig.

Conforme as fontes, havia uma incerteza política em torno dessa oferta, devido à mudança de governo em Minas Gerais. Com a sinalização de vitória do candidato Romeu Zema, favorável inclusive à privatização da Cemig, a empresa passou a trabalhar com os bancos na oferta.

Os coordenadores contratados para o follow-on da Light são Itaú BBA, Santander, Banco do Brasil, Bradesco BBI, XP Investimentos e Citi, apurou o Valor. A oferta deve movimentar cerca de R$ 1,5 bilhão e está prevista para dezembro. Ao menos dois investidores devem ancorar a oferta - um deles é a gestora de private equity GP Investments, que já tinha anunciado oficialmente seu interesse. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/10/2018

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