03 julho 2018

BlackRock reforça aposta em ativos brasileiros

A maior gestora de recursos do mundo aumentou sua aposta na recuperação dos ativos brasileiros depois de um dos piores trimestres nos últimos anos. "Continuamos com uma visão positiva sobre o Brasil e adicionamos recentemente às nossas posições, reforçando o país como nosso maior 'overweight'", disse Will Landers, diretor da BlackRock, em entrevista em Nova York.

O Ibovespa recuou 15% no segundo trimestre do ano, registrando sua maior queda trimestral desde 2015, penalizado pela perspectiva de uma política monetária mais apertada nos EUA e pelo aumento dos problemas domésticos. O Brasil teve um dos seus piores desempenhos em relação ao índice de mercados emergentes de todos os tempos, de acordo com Landers. "Não achamos que isso seja justificado", diz o executivo.

O real caiu 15% durante o segundo trimestre e liderou as perdas de moedas emergentes ao lado do peso argentino, que caiu mais de 30%. Apesar da grande incerteza sobre o resultado das eleições gerais do Brasil em outubro, Landers ainda suspeita que um candidato com uma agenda populista terá muita dificuldade para vencer a disputa. "Um candidato do centro ou mesmo de direita provavelmente daria continuidade à agenda de reformas e permitiria que o Brasil continuasse em seu caminho de recuperação."

Com as pesquisas de opinião ainda refletindo baixo apoio aos nomes de centro, preocupações de que o próximo presidente pode não avançar com as reformas fiscais estão entre os fatores que impulsionaram o CDS (espécie de seguro contra calote) brasileiro de cinco anos para o nível mais alto desde 2015. "A reforma previdenciária é uma obrigação para o novo governo a fim de lidar com os desequilíbrios fiscais e com os crescentes níveis de endividamento do Brasil", disse Landers.

Embora a perspectiva de crescimento econômico tenha sido prejudicada por uma greve de caminhoneiros que resultou em escassez de alimentos e combustível, pelo menos a maior economia da América Latina ainda terá o apoio de juros baixos, segundo Landers. "O Banco Central será capaz de manter as taxas em níveis históricos baixos, o que ajudará na recuperação em curso, ainda que lenta", disse ele, completando que também poderia haver espaço para o real apreciar.
Publicado em Valor Online Leia mais em gsnoticias 03/07/2018

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