15 maio 2018

CSN quer vender mais R$4 bi em ativos neste ano, metade até o final de junho

A Companhia Siderúrgica Nacional parece ter embarcado decididamente num processo de redução de dívida, esperando vender mais 4 bilhões de reais em ativos até o final deste ano.

Após ter anunciado na noite da véspera a venda da usina LLC nos EUA para a Steel Dynamics por 400 milhões de dólares, a CSN deve vender mais 2 bilhões de reais em ativos até o fim de junho e outros 2 bilhões na segunda metade do ano, disse o presidente-executivo da empresa, Benjamin Steinbruch.

Em teleconferência com analistas, Steinbruch disse que a CSN, que passou anos rejeitando ofertas que considerava abaixo do preço que considerava justo por seus ativos, quer reduzir o endividamento este ano "em pelo menos 1 Ebitda".

A empresa teve no primeiro trimestre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 1,24 bilhão de reais. No fim de março, a relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado era de 5,82 vezes, ante 5,45 vezes um ano antes. Segundo Steinbruch, com as vendas dos ativos, a alavancagem vai cair para abaixo de três vezes até o fim do ano.

O executivo citou como possíveis vendas ações preferenciais da Usiminas detidas pela CSN, o porto de contêineres no Rio de Janeiro (Tecon), a usina Lusosider (Portugal) e ativos de mineração fora da unidade Congonhas Minérios.

Sobre a participação na Usiminas, Steinbruch comentou que cerca de 50 por cento da fatia em ações PN da rival foram dadas em garantia ao alongamento de dívida da CSN acertado com o Banco do Brasil em fevereiro. Enquanto isso, o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro, afirmou que as ações da Usiminas valem 1,2 bilhão de reais e no caso do Tecon "as transações recentes mostraram múltiplos de duplo dígito alto".

"Vai ser muito pouco Ebitda que sai para muito caixa que vai entrar", acrescentou Ribeiro, referindo-se às vendas de ativos da CSN. Ele acrescentou que o valor de venda da LLC pode subir em 90 milhões a 100 milhões de dólares com ajustes relacionados a itens como estoques até a conclusão da transação.

Steinbruch fez uma ressalva na esperada campanha de venda de ativos da CSN. Segundo ele, as vendas serão "uma questão de momento e questão de valor. Todos esses ativos são bons e estão dando Ebitda positivo", afirmou o executivo.

Steinbruch afirmou que, apesar de ainda ser rentável, atualmente a Lusosider está sendo penalizada por tarifas de exportação de bobinas de aço do Brasil para a União Europeia e que por isso "pode ser um ativo que interesse para a siderurgia americana". Sobre o Tecon, que chegou a ser posto à venda em 2016, ele disse que "pode ser um ativo para disponibilizar se chegarmos a um preço justo". Sobre as ações da Usiminas, Steinbruch comentou que a CSN não vendeu até agora "porque acreditamos que a ação tem potencial de alta".

Com a esperada redução na dívida, a CSN está aproveitando também a melhora no desempenho operacional para convencer a Caixa Econômica Federal a fechar até junho acordo semelhante ao acordado com o BB, disse Ribeiro, sem dar detalhes. "Estamos negociando para que as novas condições (de financiamento) possam materializar o menor risco da CSN", disse o executivo.


PREÇOS DE AÇO

Em paralelo ao esforço para melhorar os indicadores financeiros, a CSN também pretende elevar seus preços de aço no Brasil mais uma vez, em junho, desta vez entre 7,5 e 10 por cento, disse o diretor comercial, Luis Fernando Martinez, na teleconferência.

O executivo comentou que no início do ano, a CSN elevou seus preços de aço para montadoras de veículos e entre 18 e 20 por cento e em 12 por cento para o restante da indústria.

"Na última teleconferência (em março), o dólar estava em 3,25 e os prêmios, em 3 a 5 por cento para um preço de partida de 580 a 610 dólares a tonelada...Hoje os preços na China tiveram um repique e o dólar está em 3,50", afirmou Martinez ao justificar a necessidade do reajuste em junho.

Na avaliação dele, a diferença de preços entre o aço vendido no Brasil e o importado, o chamado "prêmio", é de 5 por cento negativo a zero em bobinas a quente e negativa em 2 a 3 por cento nos laminados a frio.

"A questão é recuperar custo e margem...Queremos voltar a ter 30 por cento de margem bruta no mínimo, é nossa prioridade", disse Martinez. A margem bruta no primeiro trimestre da CSN foi de 27 por cento abaixo dos 30 por cento de um ano antes. (Por Alberto Alerigi Jr.) Reuters Leia mais em dci 15/05/2018

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