O mercado de fintechs no Brasil tem despertado cada vez mais o interesse de fundos de venture capital e investidores-anjo. Tanto é que, no ano passado, os investimentos nessas empresas totalizaram R$ 457,4 milhões, segundo levantamento da iniciativa Conexão Fintech. Realidade há mais tempo em outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, as fintechs ganham força por aqui. Em novembro de 2017, existiam 332 empresas atuantes no país, conforme o mapeamento mais recente divulgado pelo FintechLab.
O foco em empréstimos com garantia de imóvel e veículos contribuiu para o avanço da Creditas nos últimos anos. Criada em 2012, a fintech iniciou sua trajetória com uma equipe enxuta, atingindo 60 pessoas no fim de 2015. Esse número dobrou no ano seguinte e atualmente a empresa conta com 330 profissionais - 60 deles dedicados à tecnologia. Não à toa, a Creditas participou de duas rodadas de captação no ano passado. Em fevereiro de 2017, recebeu aporte de R$ 60 milhões em uma rodada liderada pelo International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e com participação do Naspers Fintech. Já em dezembro, a startup levantou R$ 165 milhões em uma rodada capitaneada pelo fundo de private equity sueco Vostok Emerging Finance. Ao todo, a fintech já captou R$ 250 milhões, incluindo investimentos de Kaszek Ventures e Redpoint eventures.
Segundo Fabio Zveibil, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Creditas, a companhia viu sua receita crescer sete vezes no ano passado. Entre os planos para este ano estão: expansão do time, investimento maciço em tecnologia e desenvolvimento de novos produtos. "O mercado de crédito no Brasil é grande, mas muito menor em relação a outros mercados. Temos oportunidade de ganhar market share oferecendo empréstimos com custo mais baixo", observa. Hoje, o crédito com garantia de imóvel na Creditas parte de uma taxa de juros de 1,15% ao mês e pode chegar a 1,5%, dependendo do perfil do cliente. No crédito com garantia de veículo, por sua vez, os juros variam de 1,75% a 3,5% ao mês.
Quem também chamou atenção do Vostok foi o aplicativo de gestão financeira GuiaBolso. No fim de 2017, o fundo sueco liderou uma rodada de aporte na fintech, numa captação atingiu R$ 165 milhões e teve participação do IFC. Incluindo essa injeção de capital, a empresa completou cinco rodadas de investimentos desde o lançamento do app, em julho de 2014, com recursos recebidos de grandes fundos como Ribbit Capital, QED Investor, Kaszek Ventures e Valor Capital. Até hoje, o volume total captado pela startup foi de R$ 240 milhões.
Desde 2016, o GuiaBolso passou a oferecer empréstimos pelo aplicativo, fruto de parcerias com bancos de médio e pequeno porte, financeiras e a fintech de crédito on-line Creditas. Ainda naquele ano, colocou no ar sua própria plataforma de crédito on-line, o Just, que atua como correspondente bancário da Sorocred. Com quase 4 milhões de usuários do app, a empresa tem como uma das principais metas para 2018 expandir o cardápio de produtos financeiros. Até o fim de março, a expectativa é oferecer investimentos e, para o segundo trimestre, a ideia é ter uma oferta de cartões de crédito, ambos os produtos via parceiros, diz Benjamin Gleason, sócio-fundador do GuiaBolso. Para dar conta desses projetos, a startup tem se concentrado em aumentar a equipe - hoje são mais de 200 funcionários - e ampliar as campanhas de marketing.
No ano passado, houve uma pulverização maior de captações nesse mercado, avaliam especialistas. Além de GuiaBolso e Creditas, outras 11 empresas engrossaram a lista de fintechs que atraíram investimentos. Para Guilherme Horn, diretor-executivo e líder de inovação da Accenture, essa tendência reforça um amadurecimento não apenas das startups, mas também dos empreendedores que estão à frente dos negócios. Segundo ele, em 2015, a idade média dos empreendedores de fintechs era de 28 anos, chegando a 36 em 2017. "O investidor, normalmente, observa dois fatores antes de fazer um aporte: potencial de mercado da empresa e o perfil dos empreendedores", afirma.
Para Manoel Lemos, sócio da Redpoint eventures, a "onda de fintechs" está no começo e, se comparado com outros países, ainda há um longo caminho a percorrer. "Basicamente, o que procuramos são bons empreendedores dispostos a resolver um problema real num mercado grande. A qualidade e o histórico do time empreendedor são itens levados muito a sério ao fazer um investimento", diz. No portfólio, a Redpoint tem empresas como Minuto Seguros, Creditas e Magnetis, de investimentos automatizados. Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 27/02/2018
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