As duas empresas têm fábricas em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. O presidente da Fibria, contudo, negou que haja negociação
Os dirigentes da Paper Excellence, empresa com sede na Holanda e controle de capital indonésio, apresentaram proposta para negociar uma eventual combinação de negócios com a brasileira Fibria. Os estrangeiros fizeram seu lance pela Fibria através do banco BTG, contratado para negociar com a Fibria, segundo uma fonte a par do assunto. Os estrangeiros estariam dispostos a conversar tanto sobre uma possível compra da Fibria, quanto sobre uma combinação de negócios, diz a fonte.
As duas empresas têm plantas de produção na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, o que traz muitas sinergias a ambas, tanto no uso de florestas de eucalipto plantas quanto em logística.
A proposta da Eldorado para combinar suas operações com a Fibria é mais um lance no processo de consolidação do setor de celulose no país, movimento que é esperado pelos analistas. Fibria e a também brasileira Suzano já haviam conversado, no ano passado, sobre uma possível junção de seus negócios, mas não chegaram a uma conclusão.
Foi também no ano passado, que a Paper Excellence, um grupo com sede da Holanda e de origem indonésia, comprou por R$ 15 bilhões a Eldorado, do grupo J&F, marcando a entrada no país de um grupo estrangeiro no setor. Em 2017, também, a Fibria, que é a maior produtora mundial de celulose de eucalipto, começou a operar sua segunda linha de produção, com capacidade para produzir 1,95 milhão de toneladas por ano.
O investimento foi de R$ 7,5 bilhões nessa linha. Na primeira linha da Fibria, já são produzidas 3,25 milhões de toneladas/ano. Já a fábrica da Eldorado tem capacidade para produzir 1,7 milhão de toneladas/ano.
A própria Fibria tinha mostrado interesse em fazer uma proposta pela Eldorado, quando a J&F colocou-a à venda no ano passado, mas o lance de R$ 15 bilhões dado pelos holandeses/asiáticos fez a empresa desistir do negócio. No mercado, a oferta da Paper Excellence foi considerado caro demais, mas a empresa assegurou que o valor era justo, já que levariam anos para erguer do zero uma nova planta de produção.
Segundo analistas ouvidos pela Bloomberg, a proposta da Eldorado pela Fibria pode fazer as negociações entre Fibria e Suzano voltarem à pauta. "Um potencial acordo Paper Excellence/Fibria teria um impacto negativo na Suzano porque aumentaria a concorrência", segundo Lucas Ferreira, analista do JPMorgan. Já para o analista Thiago Lofiego, do Bradesco BBI, uma combinação Fibria-Suzano seria uma "mudança de jogo" do setor.
Por enquanto, a Paper Excellence tem uma posição minoritária da Eldorado, com 47% das ações. A previsão é que os 100% do capital da empresa controlada pela J&F passem às mãos dos estrangeiros em setembro. Mas isso pode acontecer já em março, segundo uma fonte que acompanha o negócio. A empresa já obteve crédito com bancos chineses para apressar o desfecho da compra e também já manteve conversas como o BNDES para renegociar dívidas.
Procurada, a Paper Excellence informou que "está focada na aquisição da Eldorado e que a informação da proposta pela Fibria não procede". O banco BTG não comentou o assunto. A Fibria informou, através de nota, que "seus acionistas não estão cientes de qualquer negociação envolvendo a companhia e que, não existe, no momento, nada em andamento".
Mais cedo, nesta terça-feira, durante teleconferência para apresentação de resultados, o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, também negou que a empresa esteja em negociações sobre uma possível consolidação do setor. "Não existe qualquer negociação em andamento", afirmou o executivo. A Fibria divulgou um lucro líquido de R$ 1,09 bilhão em 2017, uma queda de 34% frente aos R$ 1,66 bilhão registrados em em 2016. POR AGÊNCIA O GLOBO Leia mais em epocanegocios 30/01/2018
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