22 janeiro 2018

Clínica Fares abre unidade de R$ 30 milhões e refuta rótulo de ‘popular’

Chefiada por um dos fundadores da Marabraz, rede médica inaugura estrutura na Penha e prevê investimentos no ABC e litoral; venda de tecnolgia de prontuários também está no radar

Após investimento de R$ 30 milhões, a Clínica Fares inaugura hoje (22) a quarta unidade da rede, localizada no bairro paulistano da Penha. Apesar da aposta na periferia, a empresa busca descolar-se da imagem popular.

“Prefiro o termo acessível. De popular nós só temos o preço”, afirmou o cardiologista e fundador da rede, Adiel Fares, marcando posição frente ao grande número de alternativas ao sistema tradicional surgidas recentemente. O diferencial da Fares seria a capacidade de resolver mais de 90% das demandas do paciente sem necessidade de encaminhamento para outro polo médico.

Um dos quatro irmãos fundadores da varejista Marabraz, e atuando exclusivamente no ramo da saúde há sete anos, Fares afirma que a rede também será capaz de cobrar apenas 10% ou 20% dos valores praticados por hospitais, mas “sem atender de baciada”. “Meu desejo é ser a maior referência em medicina na periferia.”

Com 3,5 mil metros quadrados (m²) de área total, a unidade da Penha começa a operar com 50 médicos e 86 salas de consulta. Ela se soma à outras três clínicas já em operação e que juntas terão capacidade de oferta de 120 mil horários clínicos/mês. A mais nova delas foi inaugurada em Osasco (região metropolitana de São Paulo) em 2017, enquanto a unidade de Santo Amaro funciona desde 2012.

Atendendo há trinta anos e primeira a ser aberta, a estrutura da Vila Nova Cachoeirinha é a mais popular da rede: de acordo com Fares a movimentação mensal da clínica na zona norte é de 70 mil usuários.

A expectativa do empresário é que a nova unidade na zona leste alcance números ainda maiores, considerando a escassez de alternativas médicas na região. O censo de 2010 indicava uma população de mais de 470 mil pessoas na Penha, quando considerados também os distritos do Cangaíba, Arthur Alvim e Vila Matilde.

A Clínica Fares projeta novas unidades na zona leste em um futuro próximo e já planeja a construção de outra estrutura no bairro de Itaquera – que, por sua vez, contabiliza mais de 520 mil habitantes. Um terreno próximo ao estádio do Corinthians e à estação de Metrô do bairro já está reservado para este fim.

O próximo passo da expansão, contudo, será rumo à Baixada Santista: Fares planeja para maio deste ano a abertura de uma unidade de 2,5 mil m² em São Vicente (SP). Em agosto será a vez de São Bernardo do Campo, no ABC. Neste caso, a estrutura deve contar com 4 mil m² de área total.

Somando as três unidades abertas neste ano e as três já em operação, Fares espera atender 1,5 milhão de pessoas em 2018, passando para 2 milhões no ano que vem. Em 2017, a clínica atendeu cerca de 1 milhão de pacientes. O faturamento da rede ronda os R$ 100 milhões.

O empresário também estuda a possibilidade de desembarcar fora de São Paulo. “Estamos buscando um sócio operador com potencial de investimento para entrar em outros estados”, contou Adiel Fares ao DCI.

A expansão empreendida pela empresa envolveu aporte estimado em R$ 75 milhões e contou com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Tecnologia
Fares também vislumbra a possibilidade de ofertar a tecnologia proprietária de prontuário eletrônico da clínica para terceiros. Desenvolvida após investimento de R$ 5 milhões, a ferramenta já foi comercializada para utilização de algumas clínicas de menor porte.

“Colhemos os exames e mandamos para a nuvem. O paciente fica com a senha e acessa eles de onde quiser”, explica Fares. A ferramenta geraria uma economia de até 30% ao evitar reexames.

A perspectiva do executivo é negociar a solução com seguradoras mas, sobretudo, com a gestão pública. “Queremos vender para a Prefeitura. Avisa para o [prefeito de São Paulo, João] Dória que o meu sistema já está pronto”, brinca Fares. A unificação dos prontuários municipais e estaduais foi uma das promessas do prefeito quando eleito, em 2016. Procurada, a secretária municipal de Saúde não passou maiores informações sobre o tema até o fechamento da edição. HENRIQUE JULIÃO Leia mais em dci 22/01/2018

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