Com venda de 44% das ações, Gênica pretende construir biofábrica em Piracicaba e apostar em ‘vacina’ contra a ferrugem asiática da soja
Nascida há pouco mais de dois anos em Piracicaba, no chamado Vale do Silício das Agtechs no Brasil, a Gênica é a nova investida da Sp Ventures, gestora de capital focada em empresas de inovação no agronegócio. O fundo decidiu realizar aporte de R$ 6 milhões na empresa, o mais alto valor já realizado pelos investidores numa startup de agricultura. A razão é simples. A Gênica é uma das poucas a atuar num segmento que registra crescimento exponencial no Brasil e também no mundo. Dados de associações ligadas aos biodefensivos indicam que o faturamento global com a venda dos produtos saiu de US$ 500 milhões para US$ 2 bilhões entre 2005 e 2014. Até 2020, a expectativa é de que o valor dobre.
O desempenho financeiro da Gênica cresce na mesma ordem. No ano passado, a empresa colocou no caixa R$ 5 milhões e para este ano o plano é engordar a conta em R$ 3 milhões, totalizando R$ 8 milhões de faturamento. As informações foram dadas com exclusividade à revista GLOBO RURAL. Com o aporte da SP Ventures, que abocanhou 44% das ações da startup, a empresa pretende construir uma biofábrica em Piracicaba, além de reforçar o comercial, marketing e distribuição.
Quem está no controle da companhia é o engenheiro agrônomo Fernando Reis. Ele é sócio fundador da empresa e conta que optou pela venda de parte das ações para o fundo, porque exporia a empresa a um risco de endividamento muito alto, caso buscasse os recursos em bancos, por exemplo. Atuando especialmente em Mato Grosso – maior Estado produtor de grãos do Brasil – nos últimos anos, Reis percebeu que a demanda por produtos alternativos aos químicos está longe de ser totalmente suprida. Isso porque a consciência dos produtores rurais sobre as novas biotecnologias existentes no mercado mudou e à medida que vão testando os biológicos, percebem que os produtos são complementares, além de mais ecológicos/sustentáveis.
“Você pode juntar todas as empresas de biológicos e não conseguirá absorver a demanda. Depois que fazemos todo o trabalho de orientação para cada cultura, o produtor aceita e passa a ver a tecnologia como ferramenta fundamental à sobrevivência da atividade. Hoje já temos alguns clientes que adotam os produtos biológicos em 100% da área”, diz.
O mercado de defensivos estima que os prejuízos causados por pragas não controláveis por químicos chega a R$ 13 bilhões por ano"
Entre os principais objetivos da Gênica com o dinheiro que acaba de entrar e a biofábrica é desenvolver alternativas biológicas para o controle de percevejo e também o que chamam internamente de vacina, um produto contra a ferrugem da soja. A expectativa, segundo Reis, é colocar o item no mercado em até dois anos.
“O mercado de defensivos estima que os prejuízos causados por pragas não controláveis por químicos chega a R$ 13 bilhões por ano e a praga que mais causa prejuízo é a ferrugem asiática. Só essa doença [fúngica], estima-se, causa perdas de R$ 5 bilhões por safra”, acrescenta Raffael Piedade Costa, um dos sócios do Sp Ventures.
A Gênica é a 10ª agtech investida pelo fundo, que numa primeira rodada de captação levantou R$ 70 milhões, maior parte do montante foi destinada à empresas de inovação tecnológica no agronegócio. Até o fim do primeiro semestre deste ano, os gestores do fundo pretendem fazer uma segunda captação, duas vezes maior que a primeira. POR CASSIANO RIBEIRO Leia mais em revistarural.globo 22/01/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário