Num ano em que a venda de títulos de dívida e de ações por empresas bateu recordes, o desempenho das fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) de companhias pode parecer bastante tímido à primeira vista.
Dados da Dealogic mostram que o número de empresas alvo de M&A caiu 21,5% de janeiro a novembro deste ano em relação a igual período de 2016.
Porém, um olhar mais atento revela que as transações deste ano envolveram cifras mais gordas. Ao todo, os negócios movimentaram US$ 40,5 bilhões neste ano até novembro, contra US$ 35,6 bilhões no mesmo período de 2016.
É como se cada fusão ou aquisição fechada em 2017 tivesse um valor 45% maior. Mesmo considerando-se a apreciação do real neste ano, as transações ficaram maiores.
Longe de mostrar preços repentinamente inflados, a estatística reflete a presença mais relevante de negócios maiores, como a compra de 49,9% da XP Investimentos pelo Itaú Unibanco por R$ 6,3 bilhões e da Vigor pela mexicana Lala Foods, por R$ 5,7 bilhões.
"2017 ainda foi um ano marcado por grandes transações de empresas estressadas, seja por Lava-Jato ou por dívidas. Tirando isso, houve uma queda nas fusões e aquisições de menor porte", diz Leandro Miranda, responsável pelo banco de investimentos Bradesco BBI.
Os primeiros sinais de retomada da economia, porém, também tiveram seu papel para engordar as cifras dos negócios fechados neste ano. De acordo com Eduardo Guimarães, diretor de fusões e aquisições no Itaú BBA, a perspectiva de crescimento do PIB contribuiu para aumentar a avaliação financeira das empresas, um reflexo que fica claro na valorização do Ibovespa no ano. "A alta da bolsa também puxa a referência das transações privadas", afirma.
Alguns motivos são listados pelos banqueiros para explicar o enfraquecimento dos negócios de menor porte. Um deles é a concorrência com as ofertas de ações, que já somam R$ 32 bilhões neste ano. Com a possibilidade de vender ações na bolsa de valores, escolheram essa alternativa em vez de se juntar ou vender uma fatia do capital para algum concorrente ou fundo de private equity. Mas o contrário também aconteceu, como é o caso da XP Investimentos, que abortou a abertura de capital ao decidir vender parte de suas ações para o Itaú Unibanco. Essa foi a 4ª maior transação deste ano.
Daqui para a frente, porém, os IPOs devem colaborar para o aquecimento da atividade de fusões e aquisições. "As ofertas de ações recapitalizaram as empresas. Com balanços mais saudáveis, elas ficam mais dispostas a aquisições", afirma Alessandro Zema, responsável pelo banco de investimentos do Morgan Stanley no Brasil.
Especializada em transações de fusões e aquisições de empresas de menor porte, a Cypress diz perceber uma mudança nas exigências dos compradores de companhias desse perfil. "Eles estão mais exigentes em termos de controles e governança. E muitas vezes as empresas menores não têm isso", diz Carlos Parizotto, sócio da Cypress.
A expectativa dos assessores financeiros é que o número de fusões e aquisições volte a crescer no ano que vem. Para Bruno Amaral, sócio do BTG Pactual responsável pela área de M&A, a quantidade de negociações de fusões e aquisições em curso neste momento deve levar a um crescimento das operações já no início de 2018.
A grande dúvida fica por conta das incertezas trazidas com a eleição presidencial. "Acredito que um ciclo forte mesmo de M&A só aconteça depois de 2019", diz Flavio Meyer, advogado especialista em fusões e aquisições do escritório Stocche Forbes.
Estimativas divulgadas na semana passada pela Baker McKenzie e a Oxford Economics apontam para a continuidade da valorização dos ativos no Brasil em 2018, com o pico da atividade de M&A acontecendo em 2019. Por enquanto, o interesse dos estrangeiros - principais atores do M&A no Brasil se mantém. Assim como no ano passado, eles corresponderam a mais da metade dos negócios fechados. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnte 21/11/2017
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