O Carlyle Group vendeu a loteadora Urbplan Desenvolvimento Imobiliário para investidores. Nos resultados do terceiro trimestre, divulgados ontem, o Carlyle informou que desconsolidou a Urbplan do seu balanço e que abriu mão de sua participação de controle da loteadora, mas não deixou claro se havia vendido a empresa ou a deixado disponível para venda. Procurada pelo Valor, a Ivix Value Creation - consultoria especializada em reestruturação de empresas e que assumiu a gestão da loteadora em setembro - disse ter tomado conhecimento, pelas demonstrações financeiras do fundo, da venda da BRL4 - criada pelo Carlyle e controladora da Urbplan - para um grupo de investidores.
"A consultoria avalia os efeitos dessa recente transação, mas assegura que dará continuidade ao plano de reestruturação organizacional e financeiro da empresa, conforme contrato firmado com a Urbplan", informou a Ivix, em nota. Em setembro, a consultoria assumiu a gestão da loteadora com a missão de reestruturar seu passivo. O sócio-diretor da Ivix, Nelson Bastos, está à frente da reestruturação da Urbplan.
Nas suas demonstrações financeiras do terceiro trimestre, o Carlyle informou que, com a desconsolidação da empresa de desenvolvimento urbano, reconheceu perda de US$ 65 milhões antes de considerar os efeitos tributários Desde 2013, os resultados da Urbplan eram consolidados no balanço do Carlyle. O fundo entrou no capital da loteadora em 2007, quando comprou 60% da empresa que ainda se chamava Scopel, nome da família fundadora. Em 2013, com a saída da família, após período de desgaste da relação entre os sócios, o nome da loteadora foi alterado para Urbplan. Há dois anos, o Carlyle informou que não colocaria mais dinheiro na Urbplan.
Ontem, a Gaia Securitizadora, que já solicitou a falência da Urbplan, apresentou petição com o que chama de "provas de insolvência e dilapidação patrimonial" da loteadora. Segundo a petição, a RE Brasil Empreendimentos - nova empresa de loteamentos montada pelo Carlyle - tem comprado "dezenas de lotes em empreendimentos implementados pela Urbplan" e contratado empregados da loteadora.
Em 1º de setembro, o Banco BBM solicitou execução de título extrajudicial contra a Urbplan com cobrança de saldo devedor de cédulas de crédito bancário (CCB) de R$ 6,9 milhões, mas a Urbplan possui apenas R$ 355,8 no total de suas contas bancárias, conforme a petição. A Gaia cita que a Urbplan é "sociedade com capital social de R$ 611 milhões, cujos balanços indicam mais de R$ 500 milhões em dívidas financeiras". Não seria possível, portanto, segundo a securitizadora, que a Urbplan tenha em contas bancárias só R$ 355,8.
Isso seria prova, conforme a Gaia, de que a receita e o pagamento dos empregados da Urbplan ocorrem por contas bancárias de outras sociedades. "São provas de que os administradores da Urbplan vêm fraudando o Poder Judiciário", diz a Gaia, na petição. O Carlyle teria feito aportes de R$ 200 milhões na RE Brasil Empreendimentos Imobiliários nos últimos 12 meses. A RE Brasil é a nova denominação da SP-82 Empreendimentos Imobiliários, cujo controle foi comprado da Urbplan pelo Carlyle por R$ 100.
Na petição, consta também que Raphael Filizola, que até setembro era membro do conselho de administração da Urbplan, é presidente da nova loteadora.
A Urbplan tem enfrentado, na Justiça, uma série de processos movidos por clientes que compraram lotes e detentores de certificados de recebíveis imobilários (CRI) não honrados.Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newnet 01/11/2017
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