Starace, presidente mundial: "No Brasil, temos mais interesse em distribuidoras geograficamente próximas das nossas" Após comprar a distribuidora goiana Celg e a hidrelétrica mineira de Volta Grande, a elétrica italiana Enel prevê investir ? 1,8 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 7 bilhões) no Brasil nos próximos três anos. O valor, que representa pouco mais de 10% do investimento global do grupo para o período (? 14,6 bilhões), não inclui potenciais novas aquisições de ativos no país.
Na mira estão distribuidoras da Eletrobras e o controle da Light, distribuidora que atende a região metropolitana do Rio de Janeiro e que tem potencial de sinergia com a vizinha Enel Distribuição Rio (antiga Ampla Energia), dos quais a companhia manifestou interesse. Segundo o diretor financeiro mundial do grupo italiano, Alberto de Paoli, do montante previsto de investimentos para o período 2018-2020 no Brasil, ? 1,5 bilhão serão destinados à área de distribuição e ? 300 milhões para a conclusão de projetos de geração de energias renováveis (eólica e solar) e soluções de digitalização.
De acordo com o executivo, a companhia deve fechar 2017 com investimentos no Brasil da ordem de ? 1,5 bilhão. Considerando o plano de negócios 2017-2019 do grupo, que era de ? 3,2 bilhões, a previsão de investimentos para os próximos anos está em linha com o que o grupo havia planejado no ano passado. Paoli destacou que os recursos aportados neste ano não incluem a quantia desembolsada este ano na conclusão das aquisições da Celg (R$ 2,2 bilhões) e da hidrelétrica Volta Grande (R$ 1,4 bilhão), que pertencia à Cemig.
Sobre novas oportunidades de negócios, o presidente mundial gigante europeia de energia, Francesco Starace, confirmou o interesse na Light, mas disse que "até agora, não é um processo com o qual podemos trabalhar". A respeito das seis distribuidoras da Eletrobras no Norte e Nordeste que deverão ser leiloadas em abril de 2018, o executivo sinalizou interesse maior pela Ceal, em Alagoas, e Cepisa, no Piauí, situadas próxima da Enel Distribuição Ceará (antiga Coelce).
"Estamos interessados em outras distribuidoras que a Eletrobras vai colocar no mercado, assim como aconteceu com a Celg. Estamos interessados, mas não em todas elas, algumas mais que outras", afirmou Starace, após participar de encontro com investidores sobre o plano de negócios do grupo para 2018-2020. "Não é segredo que temos mais interesse nas distribuidoras que estão geograficamente próximas das que temos", completou ele, sem citar o nome das empresas.
O presidente mundial da Enel contou ainda que o grupo vai participar dos leilões de energia "A-4" e "A-6" (que contratarão energia de novas usinas para início de fornecimento em 2021 e 2023, respectivamente), marcados para dezembro. "Somos um dos participantes ativos desses fantásticos leilões. E claro que vamos participar dos próximos".
Segundo o chefe global de energias renováveis do grupo, Antonio Cammisecra, o Brasil é um dos países de interesse da companhia no desenvolvimento de projetos de "build, sell and operate", ou empreendimentos de energias renováveis que a empresa constrói, vende geralmente 51% da participação e mantém a operação do parque com uma fatia menor.
Esse modelo de negócio já foi adotado nos Estados Unidos e México. Conforme Paoli, o resultado operacional medido pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa no Brasil deve crescer de ? 960 milhões, estimados para 2017, para ? 1,49 bilhão em 2020 - maior 55%. Na mesma comparação, o Ebitda na América do Sul crescerá 40%, para ? 5,6 bilhões.
O continente será responsável por 60% (ou ? 1,6 bilhão) da alta estimada do Ebitda global da companhia italiana, de ? 15,5 bilhões, este ano, para ? 18,2 bilhões, em 2020. "A América do Sul é a região que contribui mais para o crescimento do Ebitda. Isso é resposta ao nosso investimento e em aquisições na região", disse.
Voltando à projeção de investimentos no Brasil, do montante previsto para o período 2018-2020, ? 560 milhões serão destinados ao "turnaround" (virada) da Celg. Segundo o chefe da linha de negócios global de infraestrutura de redes da Enel, Livio Gallo, a meta da empresa é obter um crescimento de 21% do valor da base de remuneração de ativos da Celg e uma economia de ? 85 milhões de despesas operacionais da distribuidora.
Na frente operacional, a meta é reduzir em três pontos percentuais o índice de perdas totais, de 12% para 9% da distribuidora goiana, e em 40% o tempo de duração de interrupções da Celg, de 1.722 minutos/ano para 1.043 minutos.
Dentro do plano global, a Enel prevê investir ? 5,3 bilhões na digitalização da base de ativos, operações, processos e conectividade em três anos. A expectativa da empresa é que a área de digitalização gere Ebitda adicional cumulativo de ? 1,9 bilhão nos próximos três anos
Segundo a companhia, 60% desse aumento virá do crescimento da margem e 40% por meio de redução de despesas operacionais em base cumulativa. Nessa frente de atuação, a empresa lançou ontem a nova marca do grupo, "Enel X", dedicada a negócios de mobilidade elétrica e serviços digitais para residências, indústrias e cidades. A Enel X também atuará no Brasil, herdando o que foi da Enel Soluções.
O grupo italiano, que iniciou seu processo de internacionalização em 2001, atua hoje em mais de 30 países com capacidade instalada de 83 mil MW e redes de energia de 2,1 milhões de quilômetros de cobertura, atendendo a mais de 64 milhões de consumidores no mundo. Em 2016, a companhia teve faturamento de ? 70,6 bilhões. O repórter viajou a convite da EnelPublicado em 22/11/2017 por Valor Online Leia mais em gsnoticias 22/11/2017
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