21 setembro 2017

Toshiba vende unidade de chips por US$ 18 bilhões.

A Bain Capital, a Apple, a Dell e outros grupos de tecnologia americanos formalizaram a compra, por US$ 18 bilhões, da valorizada divisão de chips de memória da Toshiba. O negócio constitui uma das maiores aquisições capitaneadas por uma empresa de private equity desde o fim da crise financeira.

A transação ocorre após uma guerra de ofertas que se estendeu por oito meses e sacudiu o meio corporativo japonês, ao ameaçar o futuro de um de seus maiores conglomerados e ao expor o desgaste dos laços entre o governo e as grandes empresas que no passado sustentavam o modelo do establishment corporativo do Japão.

A aquisição da Toshiba Memory - a segunda maior fabricante mundial de chips de memória flash Nand - pode ser adiada, no entanto, por análises antitruste ou por ações judiciais movidas pela parceira da Toshiba na joint-venture que controla a divisão de produção de chips, o grupo americano Western Digital.

O consórcio capitaneado pela Bain foi escolhido por um processo de apresentação de ofertas altamente agitado, pontuado por batalhas judiciais, mudanças abruptas de alianças e esforços de última hora para apresentar acordos alternativos envidados por dois ofertantes rivais, encabeçados pela Western Digital e pelo grupo de tecnologia da Taiwan Foxconn.

A Bain vai criar um veículo de aquisição de fins específicos chamado Pangea para controlar a empresa. Além de um investimento significativo da Apple, cujo apoio foi solicitado por todas as três ofertantes nos últimos 30 dias, a Pangea contará com o apoio de Dell, Seagate, Kingston e da fabricante sul-coreana de chips SK Hynix.

A Pangea receberá, finalmente, o respaldo financeiro de dois investidores japoneses que contam com apoio estatal, cuja participação reflete o crescente pânico do governo de que um dos nomes industriais mais importantes do país estivesse correndo o risco de ruir.

A própria Toshiba também vai investir - 350,5 bilhões de ienes (US$ 3,1 bilhões) - na Pangea para "garantir uma transferência de divisão estável", informou a companhia japonesa.

O negócio, aprovado ontem pelo conselho de administração da Toshiba sob intensa pressão de seus maiores credores, pretende poupar o grupo de ter seu registro cancelado na Bolsa de Tóquio e de perder, potencialmente, fontes fundamentais de financiamento - um risco criado pelas enormes baixas contábeis sofridas por sua divisão nuclear Westinghouse nos EUA e pelas consequências de um escândalo contábil de 2015.

Mas, mesmo no momento em que surgiu o negócio salvador, analistas sugeriam que a venda poderá, em última instância, fazer do restante da Toshiba uma empresa "zumbi", uma vez que as divisões de chips e nuclear foram identificadas pela companhia japonesa como as principais propulsoras de seu crescimento. - Valor Econômico Jornalista: Leo Lewis e Peter Wells Leia mais em portal.newsnet 21/09/2017

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