01 agosto 2017

Lala acerta compra da Vigor por R$ 5,7 bi

A fabricante de lácteos mexicana Lala acertou ontem a compra da Vigor Alimentos, controlada pela J&F Investimentos, por R$ 5,7 bilhões, valor que inclui dívidas, segundo uma pessoa a par da negociação. Até o fechamento desta edição, ambas as partes reviam o contrato, mas a assinatura ainda não havia ocorrido.

A Lala atribuiu o valor de R$ 5,7 bilhões por 100% da Vigor e também da Itambé, na qual a controlada da J&F tem participação de 50%. A outra metade da Itambé pertence à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR).

O valor inclui dívidas da empresa brasileira de lácteos, segundo afirmou ao Valor a mesma fonte. A Vigor tem cerca de R$ 900 milhões em dívidas.

Portanto, os R$ 5,7 bilhões não representam o montante total que a família Batista, controladora da J&F Investimentos, receberá pela transação.

Levando-se em consideração o valor atribuído à companhia menos a dívida e a participação da CCPR na Itambé, os Batista - controladores da J&F - devem receber pela venda da Vigor um valor abaixo de R$ 4 bilhões. Em uma oferta de compra feita no fim do ano passado - antes da divulgação da delação premiada de Joesley e Wesley Batista - a Lala havia avaliado a Vigor em R$ 5,4 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão pela Itambé, mas a proposta foi recusada.

A formalização do negócio deve ocorrer apenas na quinta-feira, porque a transação ainda vai passar pelos conselhos de administração.

A Lala conta com a assessoria financeira do BTG Pactual, enquanto a J&F Investimentos contratou o Bradesco BBI e o Santander.

O acordo de acionistas entre CCPR e a Vigor na Itambé prevê que a cooperativa central, em caso de venda da Vigor, teria a opção de recomprar suas ações, de vender sua participação ou fatia dela ou de permanecer como sócia.

Procurada ontem, a J&F disse que "não comenta a venda de ativos além das informações públicas". A Lala não respondeu até o fechamento desta edição.

Diante do histórico da Lala, que fez outras tentativas frustradas de entrar no país, havia algum ceticismo entre players do setor de lácteos sobre a concretização do negócio com a Vigor até o último momento. O próprio CEO da empresa, Scot Rank, reconheceu, há alguns dias, em teleconferência com analistas, que a Lala é "muito cuidadosa" em relação aos riscos de uma aquisição.

Uma história, em especial, revela quão conservadora a mexicana pode ser na hora de negociar. Em 2012, a empresa de lácteos esteve muito perto de comprar a Itambé, na época controlada pela CCPR.

No entanto, após 11 meses entre negociação, due diligence e a assinatura do memorando de entendimentos entre as duas partes, a transação não vingou pois a Lala quis reduzir o preço, de acordo com uma fonte que acompanhou toda a negociação naquela ocasião. Então, 50% do capital da Itambé acabou sendo vendido para a Vigor, por R$ 410 milhões, no ano seguinte.

A expectativa é que a venda da Vigor para a Lala tenha uma aprovação rápida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), já que mexicana não tem operações no Brasil.

Uma eventual venda para a francesa Lactalis, que também fez oferta pela Vigor, teria significado um tempo maior para fechar a transação, já que a aprovação pelo Cade seria mais demorada. Isso porque a Lactalis já tem ativos no Brasil. A francesa está no país desde 2013, quando adquiriu ativos da Balkis. No ano seguinte, avançou com a compra de unidades da LBR e dos ativos de lácteos da BRF.

Com a aquisição da Vigor, a Lala cumpre a meta de crescer fora do México, promessa feita em sua abertura de capital em 2013. Chega num momento em que o mercado de lácteos enfrenta queda no consumo em categorias como iogurte, por causa da crise econômica no Brasil.

Mas, segundo analistas, a aposta dos mexicanos é de prazo mais longo e mira o potencial de crescimento no consumo de lácteos no Brasil, que ainda é baixo em comparação a outros países. Além disso, está de olho no tamanho do mercado brasileiro, onde o consumo per capita de lácteos está na casa dos 172 litros por ano, segundo estimativa da consultoria MilkPoint. Na Argentina, esse consumo é de 215 litros e na Europa, de 250 litros.

A Lala tem 22 fábricas, sendo 14 no México, cinco na América Central e três nos EUA. Produz itens como leite, manteiga, iogurtes, queijos, creme de leite, entre outros. Com a aquisição, a empresa terá 15 fábricas no Brasil, onde são produzidos praticamente os mesmos itens. E deve ser terceira no ranking de captação de leite do Brasil, considerando que a Itambé já ocupava a posição com 1,104 bilhão de litros, e a Vigor captou 311 milhões de litros em 2016.

A história da Lala começou em 1949, com a fundação por um grupo de pequenos produtores da União de Produtores de Leite de Torréon, na Comarca Lagunera, região centro-norte do México. No ano seguinte, criaram a La Pasteurizadora Laguna. Em 1956, outro grupo de produtores fundou a Pasteurizadora Nazas, em Gómez Palacio, no Estado de Durango, no noroeste do país. Em 1977, os dois laticínios se uniram dando origem à Lala atual.

Depois disso, o grupo fez aquisições no México e na América Central. E, após várias tentativas, finalmente consegue chegar ao mercado brasileiro. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 01/08/2017
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 J&F, dos irmãos Batista, acerta venda da Vigor à mexicana Lala por R$ 5,7 bilhões 

O grupo J&F fechou ontem a venda da Vigor para o grupo Lala, do México, por R$ 5,7 bilhões. Segundo fontes a par do assunto, o contrato ainda não foi assinado, mas o negócio é dado como certo. Faltaria apenas a aprovação dos conselhos das companhias envolvidas para que o contrato seja assinado. A expectativa é que isso ocorra dentro dos próximos dias.

A Vigor faturou R$ 5,2 bilhões em 2015, último ano com dados disponíveis, e também é dona das marcas Leco, Faixa Azul, Danúbio e Serrabella, entre outras. Também tem participação de 50% na Itambé, em parceria com a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR). Os assessores do negócio foram o BTG (pelo lado do grupo Lala) e Bradesco BBI e Santander (J&F).

Embora as projeções iniciais dessem conta de um valor de R$ 6 bilhões para a Vigor, fontes de mercado disseram ontem que, em virtude da pressa que os irmãos Batista têm em fechar negócios no momento, o valor de R$ 5,7 bilhões, caso a venda seja mesmo concretizada, deve ser considerado um bom negócio.

A venda é a terceira a ser fechada pelo J&F em pouco mais de dois meses. O grupo tem buscado fazer caixa desde que seus controladores fizeram uma delação premiada, no âmbito da operação Lava Jato, e se comprometeram a pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões, em 25 anos.

O grupo já vendeu operações de carne na América do Sul por US$ 300 milhões para o frigorífico rival Minerva. A Alpargatas - dona da Havaianas e da Osklen - também foi negociada por R$ 3,5 bilhões para a Cambuhy Investimentos, a Itaúsa e o fundo Brasil Warrant. Há outros ativos sendo negociados, como a fabricante de produtos de higiene e limpeza Flora e a empresa de celulose Eldorado (leia quadro acima).

Os irmãos Batista estão negociando pessoalmente a venda de seus ativos. No caso da Alpargatas, por exemplo, o empresário Wesley Batista assumiu diretamente as conversas com os interessados. Fontes afirmam que tanto Wesley quando seu irmão, Joesley, continuam a conversar diretamente com os potenciais compradores dos ativos ainda na mesa.

As vendas também devem ocorrer fora do País. Nos próximos dias, investidores farão oferta não vinculante para o frigorífico Moy Park, com sede na Irlanda. As negociações deverão ser concluídas até outubro, conforme anteciparam fontes ao Estado. Grupos europeus e chineses estão interessados no negócio.

Procurado, o Lala não respondeu ao pedido de entrevista. O J&F informou, em nota, que “não comenta a venda de ativos além das informações públicas”.

No ano passado, o Lala já havia avaliado a Vigor em R$ 5,4 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão seriam a participação na Itambé. A companhia bateu rivais de peso, como a francesa Lactalis e a americana Pepsico, na disputa pelo ativo.

Única empresa do setor lácteo com presença em todo o México, o Lala faturou 53,5 bilhões de pesos mexicanos (cerca de US$ 3 bilhões), em 2016. Com 22 fábricas e mais de 34 mil empregados, tem operações no México, Estados Unidos e América Central.

No ano passado, as vendas líquidas do grupo cresceram 11%, depois de aquisições na Nicarágua, na Costa Rica e nos EUA. Neste ano, a expansão foi de 18% no primeiro trimestre e de 16% entre abril e junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o relatório para investidores da companhia, a expansão deveu-se à integração das operações internacionais. Estadão - Jornal do Comércio Leia mais em jcrs.uol. 01/08/2017

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