Pedro Thompson diz que a empresa está em ‘caminho solo’ e voltou a repensar seus planos de crescimento após o Cade ter rejeitado a fusão com a Kroton.
Depois de ter sua fusão com a Kroton negada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Estácio, segunda maior empresa de educação superior privada do país, precisa reavaliar sua estratégia de crescimento.
Enquanto aguardava a decisão do Cade, a companhia deixou para trás as aquisições e focou seus esforços em melhorar sua rentabilidade. Agora, a discussão sobre o futuro volta à tona.
Em entrevista ao G1, o presidente da Estácio, Pedro Thompson disse que a empresa será uma compradora no mercado e não mais uma empresa a ser comprada.
Leia a seguir os trechos da entrevista:
O que mudou na Estácio após a rejeição da proposta de fusão com a Kroton pelo Cade?
O que mudou é que antes a nossa agenda era preparar a companhia para um processo de integração e focar 100% na execução (e não em uma estratégia de crescimento). A gente não precisava se preocupar com horizonte de tão longo prazo nesse período pré anuência do Cade. Mas, uma vez que essa fusão foi negada e estamos agora em caminho solo, precisamos ter um pensamento estratégico em como fazer a companhia crescer.
E como será?
Pode ser crescimento orgânico, não orgânico ou novas linhas de negócios, uma infinidade de coisas.
Quando vai ser tomada essa decisão?
A gente já tem uma linha mestra aqui. O foco número 1 continuará a ser melhorar a experiência acadêmica. Temos investido nisso e não vamos abrir mão. Do ponto de vista estratégico, o conselho de administração na penúltima reunião, há cerca de um mês, autorizou a contratação de um agente financeiro para nos auxiliar nessa frente. Depois dessa análise de cenários vamos tomar alguma decisão.
Alguns concorrentes que no passado tentaram comprar a Estácio, como a Ser Educacional, falaram que podem reavaliar e fazer uma nova proposta. Uma fusão com outras empresas está no radar?
A questão é que a gente é a segunda maior empresa de educação do setor. Com a escala que a gente tem, acredito eu que estrategicamente o futuro é muito mais a Estácio ser um player consolidador do que efetivamente ela ser consolidada por alguém.
Sim, mas por outro lado vocês têm capital pulverizado (quando há muitos acionistas minoritários e não há um grupo controlador) e empresas nessa situação costumam ser alvo de aquisições...
É. Mas temos diversos exemplos de sucesso no Brasil de empresas de capital pulverizado.
Essa definição de que a Estácio será um consolidador é ponto pacífico no conselho?
Acredito eu que seja. Porque nós somos a segunda do setor que foi impedida de fazer uma fusão com a primeira.
O que deu errado com a Kroton?
Foi uma fusão que foi amplamente aprovada tanto pelos nossos acionistas quanto pelos acionistas da Kroton. Era uma fusão que todo mundo estava trabalhando. A empresa estava toda programada para realizar essa fusão. O que aconteceu foi uma interpretação do órgão antitruste de que ela não seria possível de ser realizada.
E não foi um erro da Estácio ter insistindo nisso?
Não. Se você buscar outras propostas de fusão que o Cade tenha negado, verá que o histórico era super favorável à aprovação da fusão. (O Cade só rejeitou 8 fusões desde 2011)
É verdade que a Estácio gastou R$ 30 milhões com a fusão?
Não, nem perto disso.
Quanto foi?
Não posso abrir, porque esses números não são públicos. Mas não foi nem perto disso.
Que planos de crescimento a empresa tem que já estão aprovados?
A gente ganhou o edital do programa Mais Médicos e vamos abrir 250 vagas em cursos de medicina. Também temos 11 projetos de novos campi já aprovados perante o MEC (Ministério da Educação) para executar nos próximos dois anos. E a Estácio também foi autorizada a abrir mais 130 polos de educação a distância no próximo semestre. Outro item estratégico é dar continuidade com o nosso programa de parcelamento próprio, que financia os nossos alunos.
Vocês vão investir mais?
Sim. Ainda não estamos em processo orçamentário, mas provavelmente vamos ter um volume de investimentos financeiros para o ano que vem maior do que agora.
O valor médio das mensalidades subiu no segundo trimestre. Vocês vão continuar a aumentar preços ao longo do ano?
Na verdade não foi aumento de preços que elevarem o nosso tíquete, foi uma rigor maior na concessão de bolsas e descontos nas mensalidades. No passado, a Estácio tinha uma base muito volumosa de alunos, mas agora mais do que volume, buscamos sustentabilidade. É um aluno que não gere PDD (provisão de devedores duvidosos, uma contingência financeira que reduz o lucro da companhia) e principalmente que não evada.
A evasão vem caindo, mas ainda é alta, não?
Sim, é. Mas isso é um problema do setor inteiro.
O que você achou do novo Fies?
Acho que ainda tem muita discussão a ser feita. Há uma procura até salutar do governo em relação a contenção do orçamento público, mas ainda há algumas questões a serem amarradas. Acho preliminar dar qualquer impressão.
As empresas de educação, inclusive a Estácio, eram muito dependentes do Fies. Isso vai voltar a acontecer?
A meu ver o novo Fies será, em termos financeiros, algo similar ao que temos hoje. Não vejo grandes alavancas. Por Marina Gazzoni, Leia mais em G1 30/07/2017
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