A varejista francesa de livros e eletrônicos Fnac está deixando o País após 18 anos. Oficialmente em busca de um parceiro para o negócio brasileiro desde fevereiro deste ano, a companhia anunciou ontem um acordo com a Livraria Cultura, controlada pela família Herz. Segundo apurou o ‘Estado’, antes de repassar o negócio por um valor simbólico para o grupo nacional, a Fnac se comprometeu a investir um pouco menos de R$ 150 milhões na rede.
Com apenas 12 lojas no País, a Fnac não fazia novos movimentos no Brasil há três anos, desde que abriu uma pequena unidade no free shop do Aeroporto de Guarulhos. Segundo fontes, o dinheiro que a Fnac, mesmo de saída, vai investir agora será parcialmente destinado à reforma de lojas, que há tempos têm o mesmo design. O negócio operava no vermelho havia anos, e a receita somou ¤ 138 milhões em 2015.
A marca Fnac será usada pela Cultura em um primeiro momento, dizem fontes, mas não está definida como será a relação comercial no longo prazo.
Dificuldades. O anúncio pegou o mercado de livros de surpresa, até porque a Cultura passa por dificuldades, inclusive com atrasos de repasses de pagamento a editoras.
O atraso, que é de cerca de seis meses, segundo fontes de mercado, está em fase de renegociação neste momento e a expectativa é que a situação não deva ser solucionada antes do fim de 2017. Uma fonte do setor diz que as editoras só foram avisadas da união entre Cultura e Fnac na manhã de ontem.
A empresa viu sua receita cair cerca de 17% nos últimos três anos, atingindo R$ 380 milhões em 2016. Além disso, os últimos dois anos foram de cortes no setor administrativo – a companhia demitiu 800 funcionários no período, reduzindo seu efetivo em 40% desde 2014.
Em sua conta no LinkedIn, no entanto, o presidente da Livraria Cultura, Sergio Herz, comemorou ontem o acordo com a Fnac. Segundo ele, trata-se de um passo que vem para transformar o negócio da companhia, fundado há 70 anos. Procurada pelo Estado para explicar condições do acordo, Cultura e Fnac não quiseram se pronunciar.
Em entrevista ao jornal em março, Herz havia minimizado o atraso do repasse às editoras, dizendo que se tratava de um processo “normal” diante da crise do varejo. Em fevereiro, chegou a circular no mercado a informação de que a Cultura estava à venda e que a concorrente Saraiva analisava a aquisição – informação que foi negada pelo empresário.
Na época, Sergio acrescentou que os custos de manutenção de lojas físicas vinham pressionando a operação – por isso, um de seus projetos era reforçar o e-commerce da Cultura. Agora, com a incorporação da Fnac, a rede de unidades deverá ser ampliada para 29 lojas – e os novos pontos de venda serão de maior porte.
Outro desafio da Cultura será aprender a trabalhar no segmento de eletroeletrônicos, que é o carro-chefe da Fnac. Segundo uma fonte do setor, a rede francesa havia praticamente desistido de livros nos últimos meses, reduzindo drasticamente novos pedidos. A Fnac foi assessorada pelo Santander e pela Veirano Advogados. A Cultura teve assessoria do Souza, Cescon Advogados. - O Estado de S.Paulo Leia mais em portal.newsnet 20/07/2017
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