O Warburg Pincus, gestora de private equity americana, deve comprar uma participação de 25% na Eleva Educação, a holding de escolas criada pela Gera Venture Capital que tem o empresário Jorge Paulo Lemann como principal investidor.
O aporte — de cerca de R$ 300 milhões — vai permitir à holding financiar novas aquisições e dar liquidez a alguns sócios. A companhia está sendo assessorada pelo Itaú BBA, e as conversas estão avançadas.
A transação, o oitavo investimento do Warburg no Brasil, reforça a tese de que o ensino básico se tornou a nova fronteira do mercado de educação no Brasil depois da onda que inflou o ensino superior — mais tarde abatido em pleno vôo pelo encolhimento do FIES.
A Eleva, que educa do jardim de infância ao ensino médio, tem 36 mil alunos em quatro redes de escolas em Minas, Paraná e Rio de Janeiro; outros 35 mil alunos estudam usando seu sistema de ensino.
A companhia deve faturar R$ 470 milhões este ano, com uma geração de caixa (EBITDA) de cerca de R$ 80 milhões.
O crescimento dos últimos dois anos tem sido quase uma falta de educação — um misto de crescimento orgânico e aquisições. Em 2015, a companhia faturava apenas R$ 220 milhões, número que cresceu para R$ 300 milhões ano passado (ajudado principalmente por uma aquisição no Paraná). Este 2017, o salto no faturamento será graças a uma dezena de novas escolas que começaram a operar este ano.
A Eleva é o fruto da visão pedagógica e de negócios de Maria Eduarda ‘Duda' Falcão e Rafaela Vilella, as sócias fundadoras da Gera, uma gestora focada exclusivamente em educação.
Duda, que começou sua carreira na McKinsey e passou pelo Pactual Capital Partners e pelo UBS Pactual, largou o mercado financeiro para trabalhar na Secretaria Municipal de Educação do Rio, onde coordenou um projeto estratégico para a primeira infância. Hoje, ela é co-CEO da Eleva, enquanto Rafaela administra a gestora.
A Eleva vai usar a capitalização para comprar escolas com marcas fortes, boas colocações nos vestibulares e no Enem, e que possam servir de plataforma regional para novas unidades físicas.
A empresa já nasceu como uma plataforma de aquisições.
Primeiro, a Gera comprou o Sistema Elite de Ensino, um colégio e cursinho pré-universitário baseado no Rio. Depois, o Pensi, outro colégio carioca. O maior ponto forte do Elite e do Pensi: aprovar alunos para o ITA e o IME. A terceira aquisição foi o Coleguium, de Belo Horizonte (entre os 10 melhores do Brasil no Enem), seguido pelo Alfa, do Paraná, dono da maior taxa de aprovação para cursos de medicina naquele Estado.
Todas as escolas mantêm suas marcas e são operadas de forma independente.
Este ano, a Eleva abriu uma escola de referência no Rio de Janeiro — com período integral e educação bilíngue — no prédio histórico onde funcionou a Casa Daros, no bairro de Botafogo.
A Escola Eleva explica assim sua proposta pedagógica: "Em nossa escola, os alunos são motivados a criar, inovar, trabalhar em equipe, formular e liderar projetos. Vivem uma filosofia de disciplina que estimula a dedicação e a capacidade de execução, sendo reconhecidos não só pelos resultados alcançadas, mas também pelo esforço empreendido."
A Eleva já é a segunda maior companhia do Brasil atuando no K-12. A maior delas é a SEB, do empresário Chaim Zaher, com 48 mil alunos próprios. A Eleva tem seus 35 mil, seguida da Somos Educação, com 29 mil.
No ranking de sistemas de ensino, a Eleva é só a nona colocada, com 35 mil alunos, uma fração das companhias líderes: o grupo Positivo (510 mil alunos), a Pearson do Brasil (425 mil alunos), o Objetivo (350 mil), o Pitágoras, da Kroton (290 mil), a Conexia, da SEB (100 mil), a Saraiva (115 mil) e a Santillana (56 mil). Geraldo Samor Leia mais em braziljournal 23/06/2017
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