Depois de muita resistência, o conselho de administração da estatal mineira Cemig aprovou ontem a venda da totalidade da sua participação na carioca Light, em mais um passo para reduzir o endividamento. A notícia deve ter recepção positiva no mercado, tanto para a Cemig quanto para a Light - que ganhará a possibilidade de ter um controlador capitalizado para fazer os investimentos necessários.
A Cemig tem, entre participação direta e indireta, cerca de 43% da companhia carioca. Embora admitisse abrir mão de uma fatia da companhia, a Cemig sempre insistiu que pretendia se manter no bloco de controle, por considerar a Light um "veículo de crescimento em distribuição de energia".
A situação financeira delicada, porém, forçou a companhia mineira a rever essa estratégia. Ao divulgar seu plano de reestruturação no início do mês, a Cemig disse prever a venda da totalidade da Light Energia, braço de geração da companhia. O segmento de distribuição, porém, seria mantido.
O problema principal para a Cemig era a opção de venda que os bancos sócios no controle da Light exerceram. A opção venceria em maio do ano passado, mas o grupo formado pelos bancos Votorantim, Banco do Brasil e Santander (o FIP Redentor) aceitou estender o prazo para novembro deste ano.
Com as participações dos bancos, o bloco de controle tem 52% da Light. Além de a Cemig não ter recursos para fazer frente à opção de venda, isso significaria a estatização da companhia carioca, o que poderia desencadear o vencimento antecipado de dívidas, além de outras complicações.
A venda da parte de geração da Light iria ajudar a resolver apenas uma parte desses problemas. A Cemig destravaria valor, e poderia utilizar parte dos recursos arrecadados para pagar as ações que pertencem aos bancos. No início do mês, o Brasil Plural calculava que a fatia dos bancos poderia custar cerca de R$ 1,4 bilhão à estatal mineira.
A ideia da companhia era tentar um acordo com algum dos bancos do FIP Redentor. Se algum deles aceitasse permanecer no ativo, ao menos por um tempo, poderia ser evitada a estatização.
A solução desagradou o mercado, e as ações da Light chegaram a cair mais de 7% num único pregão. A decisão de venda total da participação na Light, porém, deve ser bem recebida pelo mercado, devido à perspectiva da entrada de um investidor privado na companhia carioca.
Várias empresas privadas, como Enel, Equatorial, EDP Energias do Brasil e CPFL Energia, são apontadas como potenciais compradoras da Light, sendo a italiana a preferida, por ter recursos e ter uma concessão dentro do Rio de Janeiro.
Para a Cemig, por sua vez, a venda da Light representará uma possibilidade de levantar recursos e reduzir o endividamento. Apenas neste ano, a estatal tem R$ 4,7 bilhões em dívidas vencendo. A meta do plano de desinvestimentos era levantar de R$ 3 bilhões a R$ 3,5 bilhões com a venda de ativos até o fim do primeiro semestre do ano que vem.
Com isso, a companhia espera reduzir a relação entre dívida líquida e Ebitda de 5 vezes (no fim de 2016) para 2,5 vezes.
Ontem as ações da Cemig terminaram em queda. Os papéis ON fecharam a R$ 7,59, perda de 1,04%. As PN caíram 0,67%, a R$ 7,42. A ação ON da Light caiu 2,08%, cotada a R$ 17,92.- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/06/2017
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