A economia brasileira não deve passar ilesa pela delação da JBS, que lançou dúvidas sobre a continuidade do governo Michel Temer, na avaliação de presidentes de bancos com atuação no país.
Um dos principais pontos de atenção é o comportamento do consumo das famílias, que vinha mostrando sinais de recuperação diante do retorno de linhas de crédito e da liberação das contas inativas do FGTS.
A avaliação deles é que a turbulência política pode causar insegurança e frear planos de compras.
Segundo José Olympio, presidente do Credit Suisse Brasil, varejistas já relataram que as vendas apresentaram queda logo após a notícia de que uma conversa comprometedora de Michel Temer com Joesley Batista fora gravada pelo empresário da JBS.
José Berenguer, presidente do JPMorgan Brasil, compartilha do mesmo diagnóstico.
“Acho que vai haver sim Segundo banqueiros, reação rápida dos mercados à crise mostra que investidores ainda apostam em reformas Para executivos, turbulência política, após delação da JBS, dá sinais de ter afetado retomada do consumo das famílias Crise atingiu economia, diz empresariado Eduardo Knapp/Folhapress O presidente Michel Temer, após abertura de evento com executivos em São Paulo algum impacto [no PIB]. Mas menor do que a gente talvez pudesse imaginar quando a crise eclodiu”, disse o executivo, nesta terça-feira (30),no Fórum Brasil Investimentos 2017, em São Paulo.
O fórum teve a presença de Temer, que aproveitou o evento para defender o seu governo como motor das reformas econômicas — que têm o apoio da maior parte do empresariado nacional.
“O senhores encontram aqui uma economia que se recupera e se moderniza. Encontram um governo determinado a completar reformas que estão abrindo oportunidades a todos”, disse Temer.
Ele teve a companhia de aliados como os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado,Eunício Oliveira (PMDB-CE). Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) também estiveram presentes.
Por outro lado, a rápida reação dos mercados financeiros sinalizou que os investidores consideram que as reformas não serão prejudicadas pela turbulência política, de acordo com banqueiros.
“Tivemos um estresse imenso. E o volume estrangeiro que entrou na renda fixa e na variável [no dia 18, seguinte à delação ] surpreendeu a todos. Em outras situações, capital estrangeiro parava e esperava para ter perspectiva mais clara”, afirmou Berenguer, do JP Morgan.
Para ele, o mercado indicou acreditar que há uma agenda nacional de reformas, e não de um projeto de “um presidente ou partido”.
Na avaliação de José Olympio, prova disso é que, desde então, já houve três pedidos de IPO [abertura de capital na Bolsa] na CVM [Comissão de Valores Mobiliários].
Na avaliação de Christopher Garman, analista da consultoria Eurasia (de avaliação de risco), essa reação relativamente calma dos mercados decorre em larga escala da liquidez hoje vista no mundo, que faz os investidores tomarem mais riscos.
“Não existem grandes histórias internacionais em que o investidor possa apostar.” A reação morna do mercado passa o recado a Brasília de menos urgência na aprovação das reformas, diz Garman.
INVESTIMENTOS
O presidente da Anglo American no Brasil, Ruben Fernandes, também minimizou o impacto da crise na estratégia de investimentos da empresa. Segundo ele, a “instabilidade momentânea” não afeta o planejamento.
“A logística pesa mais do que a situação específica política e econômica”, afirmou.
O presidente da Siemens no Brasil, Ricardo Stark, fez avaliação mais pessimista.
Segundo ele, sua empresa está disposta a seguir investindo no país, mas há empresas com dúvidas do que fazer.
“Há muito investimento esperando esclarecimentos da crise [política] ou até mesmo 2018 para ocorrer”, afirmou.
Para ele, a solução tem de ser célere para não prejudicar a retomada da economia. Folha de S.Paulo Jornalista: RENATA AGOSTINI/ FLAVIA LIMA Leia mais em portal.newsnet 31/05/2017
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