15 maio 2017

As empresas voltam à bolsa

Uma nova safra de ações de companhias abertas, entre elas Magazine Luiza, BR Malls e Banco do Brasil, promete impulsionar as operações nos terminais da B3 nos próximos meses. Soma-se a essas operações a volta da Tivit, empresa de serviços de Tecnologia da Informação (TI), que em abril protocolou o pedido de IPO na CVM. A companhia já havia realizado um IPO, em setembro de 2009, mas fechou o capital no ano seguinte. Por trás disso estava a venda de 54,25% de seu capital para o fundo de private equity americano Apax, por R$ 873,8 milhões. A operação foi seguida de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) aos demais acionistas da Tivit.

O que vem animando as empresas a tocar o sino no pregão, após dois anos de ausência, é a melhora dos indicadores e as boas perspectivas para a economia. Assim, 2017 já registrou nove operações na bolsa. Foram quatro estréias. A locadora de automóveis Movida, o laboratório Hermes Pardini, a companhia aérea Azul e a construtora Tenda, que voltou ao mercado. Porém, empresas abertas resolveram captar mais dinheiro no mercado. Há dois caminhos. Um deles são as vendas secundárias de ações, chamadas pelo nome inglês follow on.

Nelas, são vendidas ações já emitidas. É o caso da companhia de saneamento do Paraná (Sanepar). Outro caminho é o das ofertas subseqüentes, caso da CCR, da Lojas Americanas, da empresa de energia Alupar e do Santander Brasil. Ao todo, as transações já movimentaram mais de R$ 13 bilhões neste ano, mais do que o dobro dos R$ 6 bilhões de 2016. Segundo dados da B3, é o maior volume desde 2010, que somou R$ 13,5 bilhões. Na cerimônia que marcou o IPO da Azul, em abril, o então presidente da B3, Edemir Pinto, declarou que as ofertas podem superar R$ 25 bilhões neste ano. Há muitos candidatos.

A empresa de galpões logísticos Log Commercial, da MRV, o Carrefour Brasil, a resseguradora IRB Brasil, as geradoras de energias Eneva e Ômega Energia, além da farmacêutica Biotoscana e da operadora de planos de saúde Intermédica. Procurado, o Magazine Luiza não se manifestou. Mas, segundo fato relevante divulgado na quarta-feira 10, a companhia informou que contratou assessores e está avaliando a possibilidade de realizar uma oferta pública de distribuição de ações. Estima-se que a oferta poderia movimentar R$ 1 bilhão.

Um gestor de fundo de ações, que possui uma posição relevante em papéis da companhia de Luiza Trajano, confirmou que foi procurado por um dos bancos contratados, sondando o interesse por um lote adicional de ações. Os papéis acumulam valorização de 149% neste ano, depois de terem subido 500% em 2016 (veja quadro ao final da reportagem). Caso seja levada adiante, a ideia seria aumentar a liquidez das ações. Para os analistas da Brasil Plural, a varejista é vencedora na sua transição para o modelo digital e possui o melhor time de execução do setor. Muitas corretoras estão revisando o preço-alvo da ação justamente pela forte alta do ano passado.

O caso do Banco do Brasil (BB) é parecido. Dois analistas têm uma recomendação unânime: compra. Apesar de as ações terem subido 69% em 12 meses, a percepção é de que o banco comandado por Paulo Cafarelli ainda é negociado com desconto em relação aos seus pares. “Estou otimista com o BB. O Cafarelli têm se empenhado na redução de custos, com o fechamento das agências e o Plano de Demissão Voluntária (PDV)”, afirma Philip Soares, analista da Ativa Corretora. Soma-se a isso, segundo ele, o aumento de receitas com tarifas e da margem financeira.

Com recomendação de preço-alvo em R$ 39, Victor Figueiredo Martins, analista da Planner Corretora, destaca ainda os esforços de digitalização do banco e o foco no retorno sobre o patrimônio. No primeiro trimestre deste ano, o BB encerrou com esse indicador em 19,1%, próximo aos seus pares privados, que orbitam em torno de 20%. “Hoje, não se trata apenas dos planos do banco, e sim do que já foi implementado. Essa materialização nos faz acreditar na valorização sustentável dos papéis”, diz Martins, acrescentando que “todos os indicadores estão dentro da projeção do banco para este ano, com exceção do crédito.”

Para ele, a combinação entre despesas menores e receitas crescentes sinaliza lucro maior, que pode engordar os dividendos aos acionistas. No começo de maio, o Tesouro informou que venderá 3,67% do capital social do banco, estimado em R$ 3,5 bilhões, em um intervalo de dois anos. “Isso equivale a 16 dias de negociação do banco na bolsa, uma vez que o volume médio diário está em R$ 220 milhões. A operação está sendo bem planejada e transparente, o que não deve impactar muito o valor das ações”, afirma o analista da Planner Corretora. Segundo ele, não está descartada a hipótese de o Tesouro contratar um leilão para vender a mercado essas ações.

O reconhecimento da lição de casa feito pelo Banco do Brasil é algo ainda distante da administradora de shopping centers BR Malls. Pressionada por um elevado endividamento, que ao fim de março R$ 4,196 bilhões, a companhia apresentou lucro líquido de lucro líquido de R$ 71,6 milhões no primeiro trimestre – queda de 45,2% na comparação anual. O lucro ajustado foi de R$ 76,3 milhões, cifra 174,1% maior que o de janeiro a março de 2016.

“A BR Malls tem uma dívida cara e atua em empreendimentos voltados à baixa renda, mais afetados pela alta do desemprego e queda na renda”, avalia Soares, da Ativa. Soma-se a isso os descontos agressivos que ela é forçada a conceder, para manter a ocupação. Ainda assim, esse indicador caiu para 96,1% ao fim de março, ante 96,8% de ocupação de 2016. “A companhia precisa de uma gestão melhor nesse momento”, diz o analista. Procurada, a BR Malls não comentou. Como a Tivit não tem ações na bolsa, não há análises disponíveis da companhia no momento.

A APX tem 92,% do capital da Tivit, e seu presidente, Luiz Mattar, detém 4,82%. Os 2,54% restantes estão dispersos nas mãos de outros acionistas. A companhia teve receita líquida de R$ 1,41 bilhão em 2016, alta de 5,2% sobre 2015. Já o lucro líquido subiu 176%, para R$ 127,2 milhões, no ano passado. O IPO está previsto para junho, segundo prospecto preliminar na CVM. A empresa, que oferece serviços de TI, serviços de gestão de nuvem e na chamada internet das coisas, atua em sete países da América Latina, incluindo o Brasil, e soma 3.500 clientes.  Notícia replicada: IstoÉ Dinheiro Online  - IstoÉ Dinheiro Leia mais em portal.newsnet 15/05/2017

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