01 abril 2017

Reino Unido tem fusões em alta e poucos IPOs em meio ao Brexit

É 2012 novamente para as empresas do Reino Unido.

O primeiro trimestre deste ano foi o mais movimentado para as fusões em termos de volume e o mais lento para as ofertas públicas iniciais desde o mesmo período de 2012, quando a crise da dívida da Grécia pesou sobre investidores e conselhos. Desta vez, o Reino Unido está no centro das atenções. Nesta semana, a primeira-ministra britânica, Theresa May, iniciou oficialmente as negociações para a separação da União Europeia.

As empresas se envolveram em negociações que totalizaram mais de US$ 93 bilhões neste trimestre, incluindo a compra de ativos fora do país por diversas firmas britânicas. O valor supera os US$ 37,1 bilhões do mesmo período do ano passado. Apesar de ser terreno fértil para combinações corporativas, a incerteza provocou o efeito oposto sobre o apetite por novas ações nos mercados. Os emissores levantaram apenas US$ 1,7 bilhão com 11 IPOs, contra US$ 2,38 bilhões no mesmo período de 2016, mostram dados compilados pela Bloomberg.

"Nos próximos dois anos haverá um período de incerteza maior e isso fará com que as empresas pensem duas vezes antes de realizar fusões ou aquisições para gerar crescimento", disse Ed Byers, codiretor de investment banking do JPMorgan para o Reino Unido. "Esperamos continuar vendo muitos fechamentos de negócios no Reino Unido à medida que as companhias se ajustarem à nova realidade e determinarem como levar seus negócios adiante."

O maior negócio de uma companhia britânica neste ano foi a aquisição da Mead Johnson Nutrition pela Reckitt Benckiser Group por cerca de US$ 18 bilhões, incluindo dívida. Os números teriam sido muito superiores se a Kraft Heinz tivesse tido sucesso com sua oferta de US$ 143 bilhões pela Unilever, que tem ações listadas em Londres. O apetite por empresas britânicas com presença global continua forte e alguns compradores esperam tirar vantagem de um declínio de aproximadamente 16 por cento da libra em relação ao dólar desde que o Reino Unido decidiu deixar a UE, em referendo realizado em junho.

IPOs europeus

Os baixos níveis de atividade no mercado de IPOs britânico também se refletiram por toda a Europa e este primeiro trimestre foi o mais lento para as vendas de ações em todo o continente desde um período similar em 2012.

"Há uma conscientização maior em relação aos riscos entre os investidores à medida que nos aproximamos mais de certos acontecimentos políticos macro", disse Edward Sankey, chefe de consórcio acionário no Deutsche Bank. Como resultado, os compradores têm se mostrado mais sensíveis aos preços nas vendas de ações, disse ele.

O maior IPO do Reino Unido deste ano foi o da empresa de investimentos BioPharma Credit, que captou US$ 762 milhões, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os volumes de negócios também estão baixos porque as saídas do private equity, que impulsionaram os mercados de IPO nos últimos anos, secaram, disse Sankey.

No momento em que o Reino Unido se prepara para anos de negociações para fechar um novo acordo com a Europa e que se aproximam as eleições em economias importantes como Alemanha e França, empresas de todo o continente estão usando o fechamento de negócios como uma forma de levar suas companhias adiante. Por toda a Europa, as fusões e aquisições aumentaram para mais de US$ 230 bilhões neste trimestre, maior volume de um primeiro trimestre desde 2007.(Bloomberg) -- Leia mais jornalfloripa 3103/2017

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