Dois anos depois de ter seu controle adquirido pelo fundo de private equity Advent, a distribuidora brasileira de produtos de tecnologia Allied começa a colocar em prática o plano de expansão internacional de suas operações. E para levá-lo adiante, a companhia está fazendo mudanças em sua liderança.
O fundador e presidente, Ricardo Radomysler, deixou o cargo e passou a ocupar um assento no conselho da companhia. Na nova função, ele vai identificar oportunidades fora do Brasil. O dia a dia da operação agora está sob o comandado de Silvio Stagni, que nos últimos dois anos e meio esteve à frente da operação da chinesa Lenovo no Brasil. A ideia é que a sucessão esteja concluída até abril. "Ele só não falou de que ano", brincou Stagni, em entrevista ao Valor.
A Lenovo ainda não tem um substituto para o Stagni. O diretor financeiro, Ezequiel Marcarian, assumiu o cargo interinamente.
De acordo com Radomysler, a sucessão profissionaliza a gestão da empresa e também tem como objetivo "blindar" o dia a dia do negócio, além de minimizar possíveis efeitos negativos da estratégia de expansão. O plano contempla a chegada à Colômbia, ao Peru e ao Chile. A Argentina também está no radar, mas, por conta da situação econômica do país, ainda é preciso avaliar com mais cuidado, disse o executivo.
"[A expansão internacional] É importante para aproveitarmos outras frentes de crescimento", disse o executivo. Segundo ele, o processo será iniciado neste ano. A dúvida é quanto à velocidade com que ele será feito, que dependerá mais de questões internas da companhia e menos do cenário econômico do Brasil. Ainda está em análise o potencial que a operação poderá atingir.
A entrada em novos mercados poderá ser feita por investimento direto da distribuidora, ou por meio de aquisições. Se a opção for por iniciar uma operação, a empresa pretende se valer da estrutura que o fundo Advent já tem nos países escolhidos.
Apesar de não ter participação societária em nenhuma outra empresa na área de distribuição, o fundo tem operações e investimentos na Colômbia, no Peru e no Chile, o que significa que já conhece questões legais e tributárias de cada um deles e pode acelerar a chegada da Allied. O fundo também pode usar sua estrutura para ajudar no mapeamento de oportunidades de aquisição.
A decisão sobre o tipo de operação, se própria ou via aquisição, ficará sob a responsabilidade de seu irmão, Marcelo Radomysler, ex-diretor de operações da companhia. O executivo também deixou seu posto e ocupou uma cadeira no conselho.
Fundada em 2001, a Allied consolidou-se como a principal vendedora de celulares do Brasil, atuando muito fortemente junto às operadoras de telefonia. Nos últimos seis anos, a companhia tem buscado ampliar suas vendas no segmento de tecnologia, com foco no relacionamento com empresas (o chamado B2B).
Atualmente, as vendas de celulares representam 80% do negócio e a expectativa é que a participação caia para 70% com o avanço em tecnologia. Nessa área, a companhia tem acordos de distribuição exclusivos de produtos como o leitor de livros digitais Kindle, da Amazon, das câmeras de ação GoPro e dos dispositivos de transmissão de mídia Chromecast e Chromecast áudio, do Google.
O período de avanço mais acelerado da Allied, entre 2010 e 2014, coincide com os problemas enfrentados pela Officer, distribuidora que pertencia à Ideiasnet até o fim do ano passado e que está em processo de recuperação judicial. Assim como outros distribuidores, a Officer, que já foi o maior nome do mercado nacional, tentou avançar da área de tecnologia para a de telefonia, aproveitando o crescimento do mercado de smartphones. Mas os esforços acabaram não dando certo, levando a companhia a ter dificuldades financeiras.
Em 2016, a receita bruta da Allied foi de R$ 3,7 bilhões, uma queda de quase 10% em relação a 2015. Segundo Ricardo Radomysler, o recuo foi resultado da queda nas vendas de videogames. Para 2017, os esforços nessa área foram reduzidos, para evitar novas perdas. No fim do ano, a companhia pretende atingir um incremento de 20% nas vendas.
"A estabilidade da economia é importante para se planejar. E o mercado de tecnologia está estável nos últimos trimestres. Em celulares, a expectativa é de volta do crescimento em 2017", disse Stagni. Sobre a possibilidade de uma oferta de ações (IPO), Ricardo Radomysler disse que o assunto está no radar para quando houver uma janela positiva. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/02/2017
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