Em 2016, a gestora foi uma das protagonistas no fechamento de negócios, ao lado da chinesa State Grid, que comprou a CPFL. A canadense desembolsou cerca de R$ 20 bilhões para comprar empresas que foram colocadas à venda no susto, sobretudo por causa da Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobrás. A crise econômica que assola o País também criou boas oportunidades para a empresa, cujo portfólio global é de US$ 250 bilhões de ativos.
"A gestora analisa todo mês propostas que chegam à mesa", diz uma fonte a par do assunto. Algumas delas são garimpadas pelos executivos da Brookfield. Outras são oferecidas por bancos e pelos próprios donos das empresas, que precisam de dinheiro para honrar outros compromissos. A análise dessas propostas passa por um pente-fino rigoroso dos ativos.
No Brasil, esse trabalho é feito por um pelotão de executivos comandados pelo carioca Luiz Ildefonso Simões Lopes, presidente da gestora no País e único brasileiro entre os 18 gestores seniores do fundo. "Os executivos da Brookfield entram na negociação com muitos detalhes e conhecimento do ativo. Se há interesse, assumem o risco", diz uma fonte que já intermediou uma aquisição para o fundo.
Apesar do movimento agressivo no último ano, a gestora é velha conhecida do Brasil. Desembarcou no final do século 19 para explorar oportunidades criadas pela frágil infraestrutura do País. Chegou por aqui ao criar uma companhia de bonde e de iluminação (que deu origem à Light) e nunca mais saiu. Hoje está presente em todos os ramos da infraestrutura - em portos, ferrovias, rodovias e saneamento - e de outros setores.
"O grande supermercado que virou o Brasil pode ser dividido em dois: os chineses com uma sacolinha de um lado e a Brookfield do outro", diz o diretor sênior da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Mauro Storino. Nos últimos dois anos, com a recessão e queda no valor dos ativos brasileiros, a gestora não perdeu tempo e fez pesadas aquisições.
Compras.
Entre elas, o gasoduto NTS, que pertencia à Petrobrás, por US$ 5,2 bilhões; e 70% da Odebrecht Ambiental. Também se comprometeu em participar de projetos bilionários para expansão de linhas de transmissão de energia com a espanhola ACS. Com esses negócios, o portfólio da Brookfield no País saltou de R$ 41 bilhões para R$ 61 bilhões. E não deve parar por aí.
No radar ainda estão negócios de empresas encrencadas na Lava Jato, como a Odebrecht - que vendeu ano passado concessões no Peru (Rutas de Lima e Projeto Olmos) para a gestora. A Brookfield também avalia uma fatia de um gasoduto do grupo baiano no Peru e mais ativos da Petrobrás.
Fontes afirmam que todo mês a gestora e a petroleira sentam para conversar. Em 2016, a companhia chegou a analisar a BR Distribuidora. A petroquímica Braskem, na qual a estatal é sócia junto com a Odebrecht, também ainda estaria nos planos da Brookfield. Mas as restrições impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) à venda de ativos da petroleira suspenderam as negociações. "As conversas são constantes com a Petrobrás, mas é preciso definir os pré-requisitos para novos contratos", diz uma fonte.
Recentemente, a gestora avaliou parques eólicos da Renova (vendidos à AES) e da Queiroz Galvão, além da BR-153 da Galvão Engenharia. "Ativos de energia e concessão interessam à companhia. Depende de oportunidade e preço", afirma a fonte.
Apesar do forte apetite, o escrutínio é rigoroso. Na compra da Odebrecht Ambiental, por exemplo, foram meses e meses de auditoria feita por executivos canadenses. O fechamento do negócio depende da homologação do acordo de leniência. Fontes a par do assunto afirmam que em 2017 a Brookfield estará ainda mais atenta para expandir os seus domínios. Procurada, a empresa não comentou. Mônica Scaramuzzo e Renée Pereira As informações são do jornal O Estado de Sao Paulo leia mais em mackenziesolucoes 16/01/2017

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