Grupos com dinheiro em caixa usaram oportunidade para crescer
Empresas que se prepararam para a crise aproveitaram para ir às compras em 2016. Em junho, o Grupo Ultra, dono da rede de postos de combustíveis Ipiranga, adquiriu a concorrente Ale por R$ 2,1 bilhões. Em novembro, foi a vez de a Ultragaz incorporar a Liquigás por R$ 2,8 bilhões.
André Pires, diretor financeiro e de Relações com Investidores da companhia, explica que a estratégia foi investir em mercados já conhecidos. Além de distribuir gás de cozinha (GLP) e combustíveis, o grupo atua nos segmentos de armazenagem para granéis líquidos (Ultracargo), indústria química (Oxiteno) e varejo farmacêutico (Extrafarma).
“Conhecemos bem os mercados de distribuição de combustíveis e GLP, e acreditamos que eles oferecem oportunidades para diferenciação por meio de oferta de serviços. Do ponto de vista financeiro, é importante lembrar que as aquisições serão feitas sem que o Ultra se afaste da solidez financeira que caracteriza historicamente a companhia. Temos uma confortável posição de caixa e acesso aos mercados de capitais”, explicou o executivo, por e-mail.
Outro caso emblemático foi o da gestora de ativos Brookfield. Como o Ultra, a companhia também se beneficiou de outro ativo da Petrobras: em setembro, arrematou 90% da divisão de gasodutos do Sudeste da petroleira por US$ 5,2 bilhões (ou R$ 16,6 bilhões, na cotação da época). Um mês depois, comprou 70% da Odebrecht Ambiental, do segmento de saneamento, por cerca de R$ 2,5 bilhões. Em anos anteriores, a empresa já havia feito outras aquisições importantes, como a compra de ativos de energia da Energisa por R$ 1,4 bilhão, em 2014.
Com as aquisições, a canadense fortalece sua posição no setor de infraestrutura. Antes das aquisições deste ano, a companhia já tinha R$ 7,6 bilhões em ativos no setor. Ao todo, são R$ 40 bilhões investidos no país. Procurada, a Brookfield não comentou.
MENOS FUSÕES EM 2016
Marco Saravalle, analista da XP Investimentos, destaca que ter dinheiro em caixa fez a diferença neste ano.
— Tem uma frase que a gente costuma dizer para resumir isso: cash is king (dinheiro é rei, em português). As empresas que se prepararam para um movimento de mais conservadorismo, uma estrutura de menor alavancagem, viram na crise uma oportunidade de fazer aquisições. No caso do Ultra, por exemplo, a Liquigás, apesar de ter um preço caro, é um negócio que faz sentido para a Ultragaz. Esse conservadorismo abriu oportunidades — explica Saravalle.
Para Rogério Gollo, sócio da área de fusões e aquisições da PwC, o momento também foi favorável para quem tinha dinheiro em caixa para expandir.
— Normalmente, as empresas têm dificuldade em se preparar para a crise. As que tinham estrutura financeira mais saudável têm grandes oportunidades que não teriam em situação normal. É uma chance de comprar excelentes ativos, que talvez se repita a cada oito, dez anos. Tivemos esse cenário em 2008, antes em 2002. Os grupos que têm estrutura financeira para isso conseguem fazer transações muito relevantes — analisa.
Levantamento da PwC mostra como foi mais raro ampliar os negócios em 2016. Até outubro, 490 transações de fusões e aquisições haviam sido fechadas, volume 21% inferior ao registrado no mesmo período. A expectativa para o ano que vem é de melhora, afirma Gollo.
— Nossa expectativa é que haja um aumento de 15% do número de transações, com a economia indo para um patamar normal.
“As empresas que se prepararam para um movimento de mais conservadorismo viram na crise uma oportunidade de fazer aquisições” Marco Saravalle - Analista da XP Investimentos
“É uma oportunidade de comprar excelentes ativos, que talvez se repita a cada oito, dez anos”
Rogério Gollo - Sócio da PwC. Por marcello correa Fonte oglobo Leia mais em em clipesnews 26/12/2016
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