15 novembro 2016

Preço de venda da Teuto deve ficar abaixo de R$ 1,5 bi

Problemas levantados durante a auditoria financeira e operacional (“due diligence”) do laboratório goiano Teuto devem levar a um desconto no preço final de venda do fabricante de medicamentos genéricos, apurou o Valor. Interessados no ativo devem apresentar uma oferta vinculante ainda em novembro, mas o preço final deve ficar abaixo do R$ 1,5 bilhão que vinha sendo indicado como valor de venda.

De acordo com uma fonte de mercado, um dos problemas detectados na análise dos dados do laboratório estaria relacionado à qualidade da água. Outro ponto que chamou a atenção está relacionado a questões regulatórias, de alterações pós-­registro de medicamentos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Procurado, o Teuto informou que “atua e está em conformidade com a legislação brasileira e os órgãos reguladores e possui rigorosos processos internos para garantir o mais elevado padrão de qualidade para seus produtos.” Questionado sobre a operação de venda, informou que não comenta rumores de mercado.

Para uma fonte da indústria, não é incomum que os laboratórios enfrentem dificuldades no pós­-registro de produtos farmacêuticos. Qualquer alteração no produto, por mínima que seja, tem de passar pelo crivo da Anvisa e, diante dos prazos estendidos e do rigor da análise na agência, pode ocorrer descasamento entre o aval da agência e uma eventual mudança.

Os donos do Teuto, a família Melo (com 60%) e a Pfizer (com 40%), colocaram o laboratório à venda no primeiro semestre. A farmacêutica americana teria até 2017 para fazer uma oferta pelos 60% que ainda não detém na farmacêutica, por valor final que depende do desempenho do laboratório e equivalente a 14,4 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

No fim de 2010, a Pfizer pagou R$ 400 milhões por 40% do laboratório brasileiro e, inicialmente, tinha planos de ficar com todo a operação, disse uma fonte. Mas optou por não exercer esse direito e por vender sua participação, em decisão acompanhada pela família Melo, que fundou o laboratório. Procurada, a Pfizer informou que não comenta rumores de mercado.

O banco Goldman Sachs teria sido contratado para coordenar o processo de venda do lado da Pfizer. Já o BTG Pactual teria ficado responsável pela assessoria à família Melo.

Propostas pelo ativo devem ser apresentadas até o fim deste mês e os fundos Bain Capital e Advent estariam entre os favoritos a levar o laboratório brasileiro, segundo informações que circulam no mercado. A israelense Teva, maior fabricante mundial de genéricos, chegou a olhar o negócio, mas não avançou no processo, e a indiana Torrent também estaria no páreo.

No ano passado, o Teuto teve receita líquida de R$ 543,5 milhões, com alta de 8,6% frente a 2014. Mas o custo dos produtos vendidos (CPV) avançou 28,6%, para R$ 393,2 milhões, diante dos gastos mais altos com materiais, mão de obra e dos gastos gerais com fabricação. As despesas financeiras também cresceram no exercício e o laboratório encerrou do ano passado com prejuízo de R$ 26,3 milhões, frente a lucro de R$ 28,8 milhões obtido no ano anterior.  Stella Fontes – Valor Econômico Leia mais em abiquifi 01/11/2016


Nenhum comentário:

Postar um comentário