Após certa indefinição sobre o modelo de distribuição de crédito, o novo banco montado a partir da parceria entre Bradesco e Banco do Brasil, o CBSS, parece finalmente ganhar um rosto. O Digio, plataforma digital de meios de pagamento cujo primeiro produto é um cartão de crédito, criado em junho, será peça-chave na estratégia de fortalecer a nova instituição, que se focará, embora não exclusivamente, no ambiente digital.
A plataforma irá funcionar também como meio de distribuição de produtos e apoio das operações das outras empresas da parceria. Assim, que ninguém estranhe se o programa de fidelidade do cartão Digio for Livelo ou se a bandeira for Elo - empresas que fazem parte das parcerias entre Bradesco e BB.
O CBSS começa a operar com capital de R$ 140 milhões, respeitando as exigências previstas no Acordo de Basileia. Herdará ainda carteira de crédito de R$ 1 bilhão de outra empresa do grupo, a Ibi Promotora de Vendas.
À frente do projeto, Carlos Giovane Neves, que veio da área de cartões do Bradesco, conta em sua primeira entrevista que a ideia não é prescindir de canais de distribuição do mundo físico, como a própria Ibi Promotora e os correspondentes bancários. Mas ser visto como "algo mais leve". Dentro desse esforço, o Digio é considerado uma espécie de laboratório digital de toda a estrutura e vai funcionar como um chamariz para outros produtos.
De forma a rentabilizar esse novo cliente, a ideia é dispor na futura "Digio Store" seguros e produtos de assistência a partir do segundo semestre de 2017. Paralelamente, a partir de janeiro, ao fazer uma compra no mundo virtual, clientes e não clientes terão acesso a crédito pessoal online pré-aprovado pelo CBSS em lojas parceiras, o "Parcele". As taxas, entre 1,99% a 3,99% ao mês, ficarão abaixo da taxa média do mercado cobrada hoje em um empréstimo pessoal.
O banco também desenvolve tecnologia para oferecer empréstimo pelo aplicativo do Digio, creditando o dinheiro direto na conta do cliente - ainda sem data para entrar em operação. Cartões pré-pagos serão oferecidos a partir do segundo semestre de 2017.
Esses produtos deixam mais claro o foco buscado pelo novo banco. Alguns pontos, no entanto, ainda estão em aberto. Neves reconhece que o CBSS - ou Companhia Brasileira de Soluções e Serviços - é um nome de pouco apelo comercial. O nome do novo banco pode mudar para Digio, mas o martelo ainda não foi batido.
A ideia ventilada logo quando foi autorizado a operar, de que seria um banco digital voltado para a baixa renda, é contestada por Neves, que diz que o foco são as classes B e C e um público mais jovem, entre 25 e 35 anos. No Digio, o limite médio de crédito tem ficado ao redor de R$ 1,9 mil. Desde que o produto foi colocado à disposição na App Store, no início de junho, como parte do projeto piloto, foram 300 mil pedidos e 50 mil cartões emitidos.
O Digio remete a outra iniciativa recente, o Nubank, cartão que também não cobra anuidade. Sem falar muito sobre o concorrente, Neves reconhece que "há uma demanda reprimida desse público", que busca facilidades como efetuar bloqueio do cartão, alteração do vencimento e comunicação de perda pelo aplicativo do celular.
Questionado se os produtos não brigariam com aqueles oferecidos pelos sócios controladores, Neves é mais taxativo. "Se é para existir uma segunda opção, melhor que seja a nossa", diz, ao explicar que as operações contam com canais distintos e, portanto, são complementares.
A CBSS assumiu a identidade de banco em 2012, sendo autorizado a operar no fim de 2015 pelo Banco Central. A parceria entre Bradesco e BB, porém, é bem mais antiga e remonta ao início dos anos 2000, com a criação justamente da CBSS, que era o antigo emissor de cartões de refeição de um grupo de bancos e da Visa, dando origem a Alelo.
Entre mudanças societárias ao longo desses anos, o CBSS hoje está sob a holding de mesmo nome. Ao lado do banco, estão a empresa de fidelidade Livelo, a de voucher Alelo, a carteira eletrônica Stelo, a Ibi Promotora e a Movera, de microcrédito - todos frutos da parceria entre BB e Bradesco. A holding CBSS, ao lado da Elo - que tem também a participação da Caixa -, está sob a Elopar, cuja participação é 50,01% Bradesco e 49,99% do BB. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 16/11/2016
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