31 outubro 2016

Empresários esperam retomada em 2017

Entusiasmo é a palavra que define o estado de espírito de alguns empresários para 2017. Pelo menos foi o que testemunharam mais de 500 participantes presentes às palestras sobre empreendedorismo durante a Maratona Valor PME, no dia 18 de outubro, em São Paulo. Ali, quase uma dezena de líderes inspiradores compartilharam suas trajetórias, com erros e acertos, rumo a uma empresa bem-sucedida.

Leonardo Sanchez, de 33 anos, por exemplo, inicia o próximo ano na Europa, cuidando do projeto de internacionalização de sua marca de dermocosméticos de luxo Under Skin. Já em São Paulo, José Carlos Semenzato, fundador da holding SMZTO e uma espécie de "rei das franquias", garante que vai colocar o pé no acelerador em 2017, investir na expansão de suas 11 marcas e retornar ao universo da educação.

Em paralelo, o mineiro Geraldo Rufino, ex-catador de latinhas que criou um negócio milionário a partir do desmanche legal de peças de veículos pesados, deve receber um investidor estratégico na sua JR Diesel, diversificar o negócio e melhorar sua lucratividade em 25%. Para todos eles, 2017 será, mais do que o ano da retomada, um período promissor.

Até maio de 2016, o mercado estava morno, disse Semenzato. A partir do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, ele percebeu o retorno gradativo da confiança. Em junho, conseguiu bater a meta do semestre. Até o momento, o único setor em que atua e que sentiu para valer a desaceleração da economia foi o de restaurantes, com queda de 15%. Mas, em outubro, retomou o crescimento. Hoje, um dos negócios de sua holding é o L'Entrecotê de Paris.

"Os anos de 2014, 2015 e 2016 foram de enxugar o orçamento, cortar custos e olhar para dentro das empresas. O ano de 2017 representa a hora da retomada, de voltar a acelerar, de fortalecer o investimento. É hora de se libertar dos medos, aumentar a confiança e abrir a torneira dos investimentos", analisa. Depois de faturar R$ 550 milhões em 2015 e fechar este ano com vendas em torno de R$ 700 milhões, a expectativa da SMZTO é alcançar os R$ 850 milhões em 2017.

Claudio Belli / ValorRony Meisler, CEO do Grupo Reserva: "O segredo é entregar ao cliente uma experiência de consumo muito acima da expectativa"
2016 não foi fácil para a JR Diesel. A baixa oferta de crédito prejudicou o capital de giro, apesar da forte demanda por peças para veículos pesados. Como ele compra em leilões e seguradoras, o pagamento é à vista. Quando vende, recebe fracionado e em 60 dias.

Sem o giro esperado, a companhia fecha o ano com forte queda nas vendas, devendo faturar R$ 30 milhões. Mas isso não abateu Geraldo Rufino. "Tudo é fase e crises sempre existirão. Nessa hora, é olhar para si próprio e buscar soluções para se ajustar", ensina.

Para o próximo ano, a expectativa é de retomada do crescimento, com receita esperada de R$ 45 milhões. "Nós sabemos que há demanda reprimida", garante Rufino. 2017 será de diversificação de fontes de matéria-prima, chegada provável de um investidor estratégico para suportar a retomada e foco em lucratividade 25% maior.

Embora fundada em 2010, foi só no ano passado, quase cinco anos após estudos e pesquisas, que a Under Skin estreou no mercado de beleza brasileiro com seus dermocosméticos. Por ser uma startup, ela deve crescer 400% neste ano em relação a 2015 e, em 2017, avançar 200% só no Brasil. Como tem vendas feitas apenas no canal farma do Rio de Janeiro e São Paulo, o objetivo é que grande parte do faturamento venha do exterior.

Por isso, seu fundador Leonardo Sanchez gosta de olhar para o mercado externo, mesmo com a sensação de que o pior da crise por aqui já tenha passado.

"Esta é a pior crise que enfrentamos mas, mesmo assim, estamos crescendo", diz Junior Durski, empresário e chef do Grupo Madero, rede de restaurantes com 80 unidades. A empresa, que faturou R$ 334,5 milhões em 2015, espera atingir R$ 450,6 milhões em 2016, um aumento superior a 34%. Cresceu 40% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2015, alcançando um R$ 191,1 milhões.

Claudio Belli / ValorPedro Waengertner, CEO e fundador da ACE: "O nosso maior orgulho é alto índice de desenvolvimento das companhias durante a aceleração"
Segundo Durski, o arranque foi impulsionado pela inauguração de seis pontos, no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo e Goiás. Somente nessas novas operações foram investidos R$ 14 milhões, incluindo a contratação de mais de 300 colaboradores. "As vendas devem aumentar com as festas de final de ano", diz.

Para 2017, o empresário reservou R$ 20 milhões para construção de mais uma fábrica do grupo, em Ponta Grossa (PR), anexa à planta atual. A unidade em operação tem capacidade de produzir dois milhões de hambúrgueres ao mês.

Rony Meisler, CEO do Grupo Reserva, de varejo de moda, também confia no incremento dos negócios nos próximos meses. No primeiro semestre, a empresa deu um salto nas vendas de 39%, entre lojas já estabelecidas e novos pontos, ante o mesmo período de 2015. "O segredo é entregar ao cliente uma experiência de consumo muito acima da expectativa", diz. Além das araras de roupas, as lojas da marca, que completou dez anos de atividade, têm cafeteria, barbearia e espaços de coworking.

O ano de 2016 é considerado o de maior investimento do grupo. Foram cerca de R$ 10 milhões ou um valor 60% maior do que o montante aplicado em 2015. "A verba será usada, fundamentalmente, para a abertura de novas lojas", diz. As vendas de final de ano representam 30% do faturamento anual em varejo da marca. Para 2017, um dos planos de Meisler é disparar a expansão nacional da Eva, marca feminina do grupo, hoje com três unidades no Rio de Janeiro.

As startups também não parecem intimidadas pelo breque da economia. A aceleradora ACE completou este mês a marca de 100 empresas apoiadas em quatro anos de operação, com sete vendas de negócios do portfólio (exits), nos dois últimos anos. "O nosso maior orgulho é alto índice de desenvolvimento das companhias durante a aceleração", diz Pedro Waengertner, CEO e fundador da ACE. "Conseguimos obter taxas de crescimento de 17% a 40% mensais, já nos primeiros quatro meses de apoio."

No próximo ano, a estratégia de Waengertner é continuar crescendo no número de empresas aceleradas e consolidar a unidade ACE University, focada em educação para empreendedores. Sem revelar valores, afirma que todo o faturamento da aceleradora é usado para financiar o custo fixo e o crescimento da operação. "Até agora, mais do que investimos retornou ao caixa da ACE. Se fôssemos um fundo, já estaríamos dando lucro aos investidores." - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 31/10/2016

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