06 setembro 2016

Banco Máxima descumpre regra de capital

O Banco Máxima, que nos últimos anos se concentrou na concessão de crédito imobiliário, encerrou a primeira metade do ano com um capital equivalente a menos de um terço do mínimo exigido pelo Banco Central (BC) para que as instituições financeiras possam emprestar.

Para resolver a situação, o banco negocia um aporte de capital de R$ 25 milhões de seus sócios, por meio de um empréstimo contratado com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), responsável por socorrer instituições financeiras em dificuldades. O empréstimo do FGC aos acionistas do banco, porém, tem uma pré-condição importante para sair: o BC precisa aprovar uma mudança na composição acionária do Máxima, permitindo a entrada de um novo sócio. Outra medida adotada pelo Máxima para melhorar seus índices de capitalização será a venda de parte de sua carteira de crédito, que terá entre os compradores o próprio fundo garantidor.

Em junho, o Máxima registrava um índice de Basileia, que mede a capacidade da instituição de emprestar em relação a seu patrimônio, de 3,58%, de acordo com seu balanço. O mínimo exigido pelo regulador é de 10,50%. Pela regra do BC, bancos que não atingem esse mínimo estão sujeitos a sanções e devem apresentar plano de regularização. Procurado, o BC não comenta situações específicas de instituições supervisionadas.

Executivos do Banco Máxima afirmam que a situação está sob controle.
"Estamos muito tranquilos. O banco cresceu a carteira de crédito mais rápido do que o capital e ficou desenquadrado no índice", diz Cláudia Martinez, diretora comercial do banco fluminense. Segundo ela, o Máxima já está adotando uma série de ações - incluindo o aumento de capital - que elevará seu índice de Basileia até pelo menos 11,37%.

"Não há problema de liquidez, ou de qualidade de carteira, mas sim de capital", afirma a executiva. O banco diz ter R$ 200 milhões em caixa e mais de 16 mil clientes de seus instrumentos de captação.
Além do aporte de capital financiado pelo FGC, outras medidas para reforçar a capitalização incluem a emissão de até R$ 75 milhões em letras financeiras subordinadas com prazo de até sete anos. O banco também está em vias de finalizar, segundo Cláudia, a emissão de um certificado de recebíveis imobiliários (CRI) de R$ 60 milhões, o que reduziria o tamanho de sua carteira de crédito, diminuindo a necessidade de capital. Outra venda de R$ 40 milhões em créditos deve ser feita ao FGC, também com o mesmo objetivo.

O primeiro passo, porém, é conseguir que o BC aprove a entrada de um novo sócio no banco. Atualmente, o Máxima é controlado por Saul Sabba, que detém 90% da instituição, e tem como minoritário Alberto Caló, com 10%. O plano é que Sabba venda 20% de sua participação a um novo sócio, conta Cláudia, sem revelar o nome desse acionista. Essa participação, porém, será de ações preferenciais, ou seja, o comprador não participará da gestão do banco. Entre as possibilidades de novos sócios, estão executivos do setor imobiliário e de varejo, apurou o Valor.

Só após a reorganização ser aprovada pelo BC é que o fundo garantidor financiará os três sócios para que façam aumento de capital de R$ 25 milhões no banco, em troca de uma série de garantias, que incluem patrimônio pessoal dos executivos. É um valor significativo frente ao patrimônio líquido da instituição financeira, de R$ 44,14 milhões. O Máxima não revela o custo ou prazo desse empréstimo do FGC. A expectativa do banco é que esse processo esteja concluído em 60 dias. Procurado, o FGC preferiu não se manifestar.

Com ativo total de R$ 1,2 bilhão, o Máxima aparece na 80ª posição entre as maiores instituições financeiras no sistema do BC, sem considerar bancos de desenvolvimento e cooperativas de crédito e financeiras. O banco fechou o semestre com lucro líquido de R$ 3,1 milhões, ante prejuízo de R$ 6,1 milhões em igual período de 2015.

Em dezembro do ano passado, o índice de Basileia do banco estava em 11,3%.
A pronunciada queda para 3,58% deve-se a dois motivos: o crescimento da carteira de crédito e o questionamento, por parte do BC, da metodologia que o banco usava para calcular o risco de seus ativos, componente chave no índice de Basileia. Toda essa questão rendeu ao banco uma ressalva de seu auditor, a Crowe Horwath, no balanço do primeiro semestre.

A carteira de crédito do Máxima cresceu 78% em 12 meses até junho, para R$ 537 milhões. "O objetivo é continuar aumentando o volume de crédito originado, mas sem reter boa parte desses créditos no balanço", diz Cláudia.

O banco também negocia parceria com instituição estrangeira que compre seus créditos de forma recorrente pelos próximos cinco anos, totalizando até US$ 300 milhões.

Outra medida adotada pelo banco para cortar custos, concluída em agosto, foi ceder sua equipe de câmbio varejo e da corretora de ações a uma outra empresa, cujo nome não foi revelado, em troca de metade da receita.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 06/09/2016

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