22 setembro 2016
AT&T estuda fazer aquisições no Brasil
A DirecTV Latin America, controlada pela americana AT&T e dona da Sky no Brasil, está fazendo planos para voltar a investir no país. A companhia tem se reunido com o governo brasileiro e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em busca de informações sobre a estabilização da macroeconomia e clareza do ambiente regulatório, pontos fundamentais para que o grupo decida fazer mais aportes no Brasil, disse ao Valor, ontem, Jeffery McElfresh, presidente para a DirecTV Latin America.
O executivo participou do Mobile 360 Series, evento na Cidade do México, promovido pela GSMA Latin America, que representa as empresas do setor de telecomunicações.
McElfresh disse que está considerando todas as possibilidades de negócios para complementar a operação da Sky, segunda maior operadora de TV por assinatura no país, com tecnologia via satélite, banda larga e telefonia fixa.
Em TV paga, a Sky detém 28,4% de participação de mercado, enquanto a líder Claro / Net, com o serviço majoritariamente por cabo, detém 52,7%, segundo dados da Anatel referentes a julho. O mercado total tem cerca de 19 milhões de conexões de TV paga, com penetração muito baixa, o que dá espaço para as empresas crescerem.
O executivo disse que acompanha de perto o mercado brasileiro e reconhece Oi, Nextel e TIM como possibilidades de aquisição, se as questões regulatória e macroeconômica forem resolvidas. "Estamos muito interessados em fazer mais coisas no Brasil, mas precisamos de claridade em relação às questões regulatórias e estabilidade econômica. Trata-se de muito dinheiro para investir", afirmou.
No México, a AT&T adquiriu, em 2015, a Nextel local, da NII Holdings, mesma controladora da Nextel Brasil, e a Iusacell, do Grupo Salinas. Depois, promoveu a fusão das duas empresas. "Investimos cerca de US$ 8 bilhões no mercado mexicano para criar uma operação móvel", disse McElfresh. "Você pode imaginar no futuro a Sky Mexico e a AT&T Mexico encontrarem uma forma de oferecer produtos combinados das duas companhias (TV paga e serviços móveis). Este é um empacotamento similar que vemos ocorrendo no Brasil com Net e Claro."
Sobre o tipo de investimento que pretende fazer no Brasil, o executivo disse: "Nós somos AT&T, você sabe o que estamos fazendo e o sucesso que estamos obtendo. Veja o que estamos fazendo no México", comparou. No Brasil, as opções de aquisição ainda estão em definição. Mas o executivo sabe que, pelo tamanho do mercado, a AT&T teria que desembolsar muito mais que no México se decidir fazer aquisições, disse McElfresh, sem revelar números.
A Sky foi cobiçada pela Telefônica Brasil, dona da marca Vivo, tão logo foi comprada pela AT&T. Mas os americanos não se interessaram em vender a companhia. Perguntado se haveria a possibilidade de a Sky ser vendida, caso o cenário brasileiro não melhore, o executivo disse que não poderia comentar. Ele destacou que a empresa gera caixa, é lucrativa e consegue arcar com seus investimentos - mas que para aquisição a avaliação de aporte seria outra. Para dar um salto expansivo e crescer, a AT&T terá realmente que ir às compras, afirmou.
O executivo disse que está para lançar um gigantesco centro de broadcasting, muito maior que um teleporto [infraestrutura com antenas, gateways e central de comunicação com satélites] em Jaguariúna, no interior de São Paulo, e também um novo satélite, no fim deste ano ou começo do próximo.
"Você está olhando em meus olhos. Acha que faríamos esses investimentos em transmissão e satélite se pretendêssemos vender a empresa?" questionou.
O executivo reconheceu que a Sky perdeu clientes no Brasil, mas disse que o mesmo aconteceu com os concorrentes. A empresa reformulou seu portfólio e melhorou a oferta de TV pré-paga, com flexibilidade de canais e preços.
Segundo ele, a resposta dos consumidores foi boa e a evasão de clientes se reduziu fortemente, embora ainda não tenha cessado.
O executivo disse que a Sky é uma boa marca e o grupo gosta do Brasil, destacando que a penetração de TV paga no país é a menor da região e há muita esperança de crescimento.
Caso não consiga fazer negócios de aquisição imediatamente, McElfresh afirmou que a Sky consegue se manter bem no mercado, com os negócios que possui, por muito tempo.
Indagado sobre o conteúdo da reunião com a Anatel, ontem, disse que não poderia comentar. Sobre o resultado da reunião, respondeu apenas: "Veja o meu sorriso." E ele estava feliz mesmo. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/09/2016
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