Uma das maiores fabricantes mundiais de embalagens de plástico, a americana Bemis, que comprou a brasileira Dixie-Toga, vai acelerar o ritmo de investimentos no país, a despeito da crise econômica, que também chegou aos produtores de terceira geração petroquímica. Para o próximo ano, estão previstos desembolsos de R$ 200 milhões em modernização de equipamentos e ampliação da capacidade produtiva, quase o dobro do valor investido anualmente até agora. O pacote também inclui a construção de um centro de inovação no país, o primeiro fora dos Estados Unidos.
"A empresa sempre foi muito agressiva em momentos de crise. Definimos um plano de ação olhando para o longo prazo", disse ao Valor o novo presidente da companhia na América Latina, Carlos Santa Cruz. Segundo o executivo, o ambiente econômico desafiador não afetou o volume de vendas de embalagens, mas se refletiu em margens menores, por causa da substituição por bens de consumo mais baratos típica de momentos de crise.
O pacote de investimentos faz parte de uma programa de reestruturação das operações latino-americanas e é liderado pelo novo presidente. Na região, são 19 fábricas, três das quais no México e outras três na Argentina. Em todo Brasil, são 13, que fazem desde itens descartáveis (copos de plástico, por exemplo) a sofisticados filmes encolhíveis, tubos e cartuchos para gigantes do setor de consumo. Eficiência, produtividade, modernização de equipamentos e corte de eventuais "gorduras" são palavras de ordem no momento.
Segundo principal mercado para a Bemis, atrás dos Estados Unidos, a América Latina responde por 20% dos negócios - no ano passado, as vendas líquidas consolidadas somaram US$ 4,1 bilhões. No Brasil, o faturamento é da ordem de R$ 2 bilhões/ano, com previsão de crescer entre 5% e 6% neste ano. Para 2017, a meta é manter esse ritmo de expansão.
Fábricas em São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Norte, conforme Cruz, serão modernizadas ao longo de 2017, ao mesmo tempo em que algumas unidades serão consolidadas em outras. É o caso da fábrica de Votorantim (SP), cuja produção e mão de obra será dividida entre Suape (PE) e Três Lagoas (MS).
Mais modernas, essas fábricas passaram à Bemis no ano passado, com a compra da fabricante brasileira de embalagens rígidas para alimentos e bens de consumo Emplal, por US$ 67 milhões. A compra, contou o executivo, foi feita com recursos da operação brasileira, sem suporte financeiro da matriz, uma vez que o país é gerador de caixa. Novas aquisições não estão descartadas, especialmente no mercado andino. "Não temos um projeto específico neste momento, mas estamos olhando oportunidades", diz. Hoje, esses mercados são atendidos pela produção da multinacional no Brasil e na Argentina.
Atualmente, as unidades fabris da Bemis operam com taxa média de ocupação de 90% e, com o pacote de investimentos, haverá ampliação de capacidade. A crise, explicou o executivo, afetou menos os volumes e mais as margens da empresa, que também sofreu com o impacto do dólar valorizado nos custos com matérias-primas, sobretudo entre o fim do ano passado e começo deste ano.
Além disso, houve migração do mercado para produtos mais baratos, reflexo do impacto da crise no comportamento do consumidor, o que pressionou as margens de fabricantes de bens de consumo e, consequentemente, dos fornecedores de embalagens a essa indústria. Praticamente todos os gigantes do setor - JBS, BRF, Unilever, Colgate-Palmolive, entre outros - estão na sua carteira de clientes.
Noutra ponta, a Bemis é uma das principais compradoras nacionais de resinas da petroquímica Braskem e cliente de outras grandes do setor, como Dow. Em suas embalagens, utiliza polietileno, polipropileno e poliéster.
Desde janeiro, disse Cruz, os preços de resinas voltaram a se acomodar, retirando parte da pressão nos custos.
Há um ano na Bemis - chegou à presidência há seis meses -, o executivo se diz impressionado com o legado da antiga Dixie-Toga, reconhecidamente inovadora em embalagens plásticas, adquirida em 2005. "Isso impõe outro importante desafio: dar continuidade a essa excelência e deixar novo legado", comentou. Ele cita que a unidade Dutra (na divisa entre São Paulo e Guarulhos) vai sediar o segundo centro de inovação da multinacional, com previsão de inauguração em 2017.
Além disso, a tradicional marca de produtos plásticos, admite o executivo, ainda é mais popular do que o nome Bemis. "Vamos trabalhar melhor a marca. Todos conhecem a Dixie Toga, mas não necessariamente a Bemis". - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 30/09/2016
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