27 setembro 2016

Agente autônomo da XP vai abrir concorrente

Maior agente autônomo pelo critério de patrimônio ligado à XP Investimentos, com R$ 2,1 bilhões em recursos, a Faros Investimentos se associou a dois ex-executivos do Credit Suisse com o plano de criar uma distribuidora de valores (DTVM) própria. A ideia é oferecer serviços de gestão de fundos exclusivos e a estruturação de produtos de renda fixa para clientes de altíssima renda ("private banking").

Para acelerar o processo de aprovação no Banco Central, a empresa avalia a compra de uma distribuidora não operacional, cujo nome não foi revelado.

Enquanto não sai a autorização do regulador, os novos sócios da Faros pretendem constituir uma gestora de recursos, que deve começar a operar no início do ano que vem.

Criada há cinco anos por Felipe Bichara e Samy Botsman, ex-profissionais do segmento private do banco português Banif, a Faros atua com a intermediação da XP desde 2013. Do total de recursos distribuídos pelo escritório, R$ 1,8 bilhão estão na corretora, que tem na relação com agentes autônomos uma de suas estratégias de crescimento. Procurada, a XP informou que não comenta assuntos relacionados aos parceiros comerciais.

O plano de voo solo não representa nenhuma insatisfação na relação com a XP, segundo Botsman. "O objetivo é atender melhor os nossos próprios clientes, sem as limitações de um agente autônomo", afirma. Na prática, uma distribuidora de valores pode oferecer a mesma gama de serviços de uma corretora. Sob essa estrutura, a Faros passará a deter diretamente a conta dos clientes, que hoje precisam ter conta aberta na XP.

A empresa também poderá oferecer a gestão de fundos exclusivos, bastante comum entre investidores qualificados - com pelo menos R$ 1 milhão para aplicar. Para oferecer esse produto hoje, a empresa precisa fazer um acordo com a XP e não pode participar diretamente da administração dos recursos.
A aposta da Faros e de seus novos sócios é na tendência de "desbancarização" da população, um fenômeno semelhante ao que ocorreu no mercado americano, onde a maioria dos investidores possui conta em plataformas independentes de bancos.

Embora o discurso seja bem parecido com o da XP, a Faros não pretende se tornar um concorrente da corretora, segundo Bichara. "Nosso foco continuará somente nos clientes 'private', e não vamos prestar serviços de gestão de fundos para terceiros nem trabalharemos com outros agentes autônomos", afirma.

O projeto da distribuidora de valores é tocado por André Petersen e Nilto Calixto, que faziam parte da equipe de renda fixa do Credit Suisse. No banco, ambos atuavam na originação e estruturação de operações como debêntures e certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e agora esperam fazer o mesmo trabalho. "Com uma DTVM, podemos coordenar operações voltadas para a base de clientes da Faros", afirma Petersen. O modelo de agente autônomo pode ter limitações, mas conta com a vantagem de ser muito mais barato. Junto com a maior autonomia, a criação da distribuidora de valores aumentará consideravelmente os custos da empresa para cumprir as normas do BC.

Questionado como pretende viabilizar o negócio, Petersen diz que a Faros já conseguiria operar a DTVM nas condições atuais. Em todo caso, a empresa também negocia receber um aporte de um executivo do setor de educação, cujo nome não foi revelado. "A entrada do investidor ocorreria mais pela visibilidade que ele daria ao projeto do que pela viabilidade financeira", afirma. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 27/09/2016

 

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