O fracasso no leilão da Celg não coloca em risco o projeto de desestatização do governo federal disse o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco. “Vamos fazer mudanças. Esse (leilão da Celg) é o resto do governo anterior”, afirmou.
Segundo Franco, a licitação da distribuidora será remarcada e o modelo será revisto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pelo BNDES. Até o fim deste mês, o governo deve apresentar uma lista de empresas a serem desestatizadas, disse o secretário.
O ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, atribuiu à má avaliação do ativo a ausência de interessados e previu para o “menor prazo possível” a reabertura da licitação.
“Temos muita confiança de que processo será exitoso após uma reavaliação”, disse. Segundo ele, o governo insistiu na realização do certame “para ter a justificativa para a reavaliação”.
O secretário executivo do MME, Paulo Pedrosa, explicou que vai rever todo o processo de venda de controle da empresa.
A principal preocupação é com a necessidade de investimentos da Celg, que é muito elevada, num momento em que nem a Eletrobrás nem o governo goiano, donos da empresa, possuem caixa para realizá-los.
“A combinação de preço e risco não estava adequada para a Celg. Vamos atuar nas duas vertentes”, afirmou. “Se nossa visão é de respeito ao mercado, temos de receber com humildade esse resultado, entender que o processo não estava interessante para os investidores e voltar para a prancheta.” A secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, reiterou ter confiança na empresa.
“Vamos sentar e redefinir as condições do leilão”, disse a secretária.
Na avaliação dela, além do preço alto, o momento político, às vésperas do impeachment, não contribuiu para a privatização da empresa.
Esperança. Nos bastidores, integrantes do governo admitiram que o resultado era esperado.
O preço mínimo da empresa, de R$ 2,8 bilhões, já havia sido considerado muito elevado pelo mercado e pelos potenciais interessados. Ainda assim, havia uma esperança de que os investidores depositassem as garantias na última hora, o que acabou não acontecendo. Na segundafeira, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, ainda mantinha um discurso otimista sobre o leilão.
Para a senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), é preciso esperar um momento econômico mais favorável para a venda. “A Celg demanda um alto nível de investimentos, que eu acho que é o que mais assusta, pois isso precisa ser feito num cenário de redução de crédito, em que os bancos não querem fazer financiamentos.”
3 PERGUNTAS PARA Nival de Castro, professor da UFRJ
1.Por que ninguém apresentou proposta pela Celg?
Por causa do preço mínimo.
O alvo desse valor era a State Grid. A empresa chinesa normalmente paga caro para entrar em mercados para aumentar sua participação numa área. O problema é que a companhia acabou de comprar a CPFL (e ainda vai fazer oferta pelas ações dos demais acionistas).
Para os demais interessados, o preço estava alto demais.
A possibilidade de ganho do investimento, mais o que precisava pôr para organizar a empresa, não era suficiente para o retorno desejado.
2. Foi uma derrota para o governo?
Não considero um fracasso.
Foi um preço calculado de uma maneira errada, que veio lá de trás, ainda do governo Dilma (Rousseff). Agora é só fazer os ajustes necessários.
Isso obriga o governo e a Eletrobrás a calibrar, a ter uma visão melhor do mercado e por um preço mais justo.
3. É um ativo bom?
Sim. É um mercado que cresce muito e o nível de renda é melhor. Não tem perda não técnica (roubo) alta. / RENÉE PEREIRA. O Estado de Sao paulo - leia mais em portal.newsnet 17/08/2016
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