07 julho 2016

Investimento em private equity deve se retrair no ano

Depois de bater números recordes em 2015, a Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) projeta que os montantes de investimentos e desinvestimentos de fundos de private equity sofram uma retração neste ano no país.

Os investimentos de private equity no Brasil somaram R$ 18,5 bilhões em 2015, valor 39% maior do que em 2014. A cifra é recorde desde que o levantamento começou a ser feito em 2011, segundo levantamento da Abvcap, e reflete parcialmente a desvalorização do real. Os desinvestimentos, de acordo com a Abvcap, ficaram 23,4% maiores do que em 2014, com R$ 5,8 bilhões.

"A tendência é que os volumes sejam menores [em 2016]", diz Fernando Borges, presidente da Abvcap e diretor da gestora Carlyle. "O mercado no primeiro semestre ficou meio parado. A gente vê muita conversa, mas é um momento de indecisão. Não se sabe quem será o presidente em agosto." Entretanto, a expectativa é que os investimentos destravem ainda neste ano, assim que for decidido quem governará o país após o processo de impeachment. Segundo o executivo, quem quer que seja o presidente, os investidores farão ajustes nos preços dos ativos e voltarão a investir no país porque haverá um cenário definido para se trabalhar. Os fundos de private equity encerraram 2015 com R$ 153,2 bilhões em capital comprometido no Brasil. Foi uma expansão de 20,7% em 12 meses, que contou desvalorização do real.

Apesar da captação de novos recursos ter ficado mais difícil neste momento, Luiz Eugenio Figueiredo, responsável pela área de investimentos alternativos do BNP Paribas e integrante do conselho consultivo da Abvcap, diz que os fundos de private equity estão conseguindo driblar a instabilidade no momento da venda de ativos. No ano passado, os desinvestimentos somaram R$ 5,8 bilhões, 23,4% maior do que em 2014, mas inferior ao recorde de 2012, de R$ 6 bilhões.

"Não foi um volume recorde como em 2012, mas é preciso lembrar que as saídas de 2015 foram feitas sem mercado de capitais. Em 2012, a bolsa ajudou os fundos", afirma Figueiredo.

Em termos de retorno, a desvalorização da moeda real corroeu todo o esforço dos gestores brasileiros de fundos de private equity por boa performance nos últimos anos, segundo levantamento da Cambridge Associates, uma consultoria de investimentos para investidores institucionais.

De 2009 a 2014, a taxa interna de retorno dos fundos foi de 26,2%. Porém, quando convertida em dólares, essa taxa cai para 0,2%, ou seja, praticamente anula o trabalho dos gestores. De 2003 a 2008, por outro lado, o retorno em reais tinha sido de 10,6%, e em dólares, de 5,4%.

Por causa dessa disparidade, Iñigo Garcia Gordobil, diretor de investimentos da Cambridge Associates, afirma que passou a observar mais de perto o desempenho dos fundos de private equity em reais. "Tem muita volatilidade na moeda; às vezes, a moeda vai ajudar e, às vezes, atrapalhar. Há espaço para ser otimista porque os gestores geraram retornos." Para Cate Ambrose, presidente da Lavca (associação de private equity para a América Latina), essa alta volatilidade do real tem alterado o perfil dos investidores no Brasil. "Vemos mais investidores de longo prazo, que não têm pressão de tempo para devolver o dinheiro", afirma. É o caso, por exemplo, de Temasek e GIC, ambos fundos soberanos de Cingapura.

Cate também cita a gestora britânica de fundos CVC Capital Partners, que chegou ao Brasil no fim do ano passado com a contratação de Jean-Marc Etlin (ex-Itaú BBA) para comandar seus investimentos no país.

O BNP Paribas também está estruturando um fundo de private equity que vai investir em cotas de outros fundos. Segundo Figueiredo, a ideia é fazer a gestão para investidores que não se sintam suficientemente qualificados para fazer a gestão de um portfólio de private equity sozinhos.
Apesar de menos animados com o setor, os investidores não bloquearam totalmente seus investimentos. Valor Economico Leia mais em portal.newsnet 07/07/2016

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