Cada vez mais próximos ao banco de investimentos. Essa tem sido a política dos grandes bancos. Alinhar e complementar as operações do corporate com as de mercado de capitais e fusões e aquisições para atender às necessidades de levantamento de recursos das grandes empresas. Trata-se de uma tendência global.
"No estreitamento de relacionamento do banco com as grandes corporações, os serviços têm que ser múltiplos e complementares. E o mercado de capitais tem que estar no cardápio de ofertas", afirma Paschoal Baptista, diretor da área de consultoria da Deloitte. No Brasil, no entanto, com o ambiente econômico e político mais hostil, tanto o financiamento ao crédito quanto o mercado de capitais têm andado de lado.
"O mercado de capitais funciona para resolver financiamento de longo prazo das companhias. O problema é que é pouco desenvolvido no Brasil", considera Alberto Fernandes, vice-presidente de corporate e investment banking do Itaú BBA, que possui 60 transações de fusões e aquisições e 15 de follow on em carteira aguardando uma janela de oportunidade para saírem do papel.
Após um início de ano bastante fraco, algumas pequenas emissões de dívida, ofertas subsequentes e de fusões e aquisições - aproveitando o preço médio dos ativos à venda -, começam a dar certo fôlego ao mercado. Mas ainda é inexpressivo comparado aos áureos tempos de 2006, 2007 e 2010.
Claramente, todas essas operações têm sido duramente afetadas não só pela economia fraca, mas também pela volatilidade que a crise política provoca, o que mexe com o humor e apetite do investidor.
"Em função da necessidade de se atingir objetivos, temos visto algumas vendas de ativos para ganho de liquidez e foco no core-business", indica Eduardo Miras, corresponsável pelo banco de investimentos do Morgan Stanley no Brasil.
O executivo acredita que, havendo maior estabilidade, o segundo semestre deve ser mais ativo nas transações de fusões e aquisições, o que ajudará na capitalização das empresas endividadas. "Até porque os preços dos ativos hoje estão mais realistas. Nem muito altos. Nem muito baixos", avalia Miras, que enxerga ainda tendência de consolidação onde a sinergia entre as operações é latente, como na área da educação, e um ciclo de desinvestimento de fundos em negócios que estão maturados.
Outra demanda que tem chances de se avolumar no segundo semestre são as operações de renda fixa. "Participamos de 100% das emissões em renda fixa no primeiro semestre e continuaremos ativos nisso. Com o Brasil se estabilizando, essa transações ganharão força e ajudarão a aliviar o caixa das empresas", acredita Antônio Maurício Maurano, vice- presidente de negócios de atacado do Banco do Brasil.
Devido à perda do grau de investimento do país, as empresas que se aventuram na emissão de dívida no mercado internacional estão tendo que pagar prêmios até 20% maiores do que no ano passado. Mas algumas companhias não veem outra possibilidade para o alongamento de suas dívidas. Nas últimas semanas, o total das emissões externas ficou próximo a US$ 10 bilhões, depois de um primeiro trimestre quase que totalmente parado. "Estamos voltando a acessar o mercado externo de dívidas, apesar das operações ainda serem bem reduzidas", afirma João Consiglio, vice-presidente de corporate banking do Santander no Brasil, que aguarda por uma retomada dessas operações no meio e longo prazos. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 29/06/2016
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