O Banco Mundial acaba de concluir um relatório contundente sobre o Brasil, em que afirma que o modelo de desenvolvimento do país se tornou insustentável.
A única forma de fazer os ajustes fiscais necessários à retomada do crescimento, garantindo a continuação da inclusão social, segundo o documento, é solucionar o que chama de "injustiças nos gastos públicos".
Para isso, sugere uma mudança na distribuição dos recursos do Estado: "dos não pobres para os pobres".
Sem medidas nessa direção, diz que o Brasil contemplará a necessidade de desativar programas sociais e reverter algumas conquistas sociais dos anos 2000.
O documento "Retomando o Caminho para a Inclusão, o Crescimento e a Sustentabilidade", que será discutido por especialistas na próxima terça-feira (24) no Insper, não recomenda políticas específicas, mas traz análises com sugestões implícitas.
Afirma, por exemplo, que as aposentadorias do setor público são um caso "óbvio" de gasto público social elevado que beneficia "pessoas em melhor situação econômica".
Em outro trecho, ressalta que a "remuneração generosa dos servidores públicos" indica que há espaço para alguma economia nos gastos de administração do governo.
Outro tipo de transferência que o Banco Mundial aponta como passível de redução são os subsídios para o setor privado que teve forte expansão na administração de Dilma Rousseff principalmente por meio dos bancos públicos.
Segundo a instituição, essas transferências equivaleram a 14% dos gastos primários (antes de pagamento de juros da dívida) do governo em 2014, ante 7,7% destinados à assistência social.
Para o Banco Mundial, a política discricionária de concessão de crédito é uma barreira à concorrência e ao investimento –e, portanto, à eficiência– porque os que não são beneficiados por empréstimos com juros subsidiados precisam pagar taxas altíssimas para se financiar ou, muitas vezes, ficam de fora do mercado.
Em sua análise, o organismo levanta a hipótese, inclusive, de que essa política tenha reduzido a eficiência da política monetária no combate à inflação, ao tornar uma fatia grande do crédito insensível a mudanças nos juros.
O Banco Mundial ressalta que, além dos problemas fiscais, o crescimento muito lento da produtividade da economia brasileira limita suas chances de recuperação.
Além das distorções no mercado de crédito, a instituição aponta a infraestrutura "deplorável", a carga tributária pesada e a regulamentação excessiva entre as causas para a expansão lenta da eficiência.
Ressalta também os malefícios da baixa concorrência externa. Sem a pressão de mais competidores, as empresas têm menos incentivos a desenvolver tecnologias.
Esse pode ser, segundo a instituição, um dos motivos pelo qual o crescimento dos gastos do governo em pesquisa e desenvolvimento e do número de profissionais com doutorado formados ainda não redundou em aumento da inovação no Brasil. Folha de S.Paulo Leia mais em portal.newsnet 21/05/2016
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