A Vale está finalizando uma proposta para sair da deficitária unidade brasileira produtora de aço CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), uma parceria com a alemã ThyssenKrupp, disseram duas fontes à agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (1º).
A mineradora brasileira estaria visando concentrar suas atividades no negócio principal de mineração, segundo as fontes, que pediram anonimato para falar sobre o assunto..
De acordo com o plano, a Vale venderia sua fatia de 26,87% na CSA para a ThyssenKrupp por US$ 1, disse uma das fontes. A mineradora concordaria ainda em assumir 10% das contingências da CSA, de acordo com os termos da proposta, adicionou a mesma fonte.
A CSA que, como a Vale, tem sede no Rio de Janeiro, divulgou que tinha 2,6 bilhões de euros em obrigações totais no fim do ano fiscal de 2015.
A ThyssenKrupp está ciente de que a proposta está a caminho, e as negociações com a Vale estão "em seus estágios finais", disse uma segunda fonte à Reuters. As empresas não quiseram comentar o assunto.
A intenção da Vale de sair do projeto de investimento estrangeiro mais caro da história do Brasil por uma quantia simbólica é o mais novo sinal de como a siderúrgica uma vez aclamada se tornou um problema para Vale e ThyssenKrupp, a qual tentou vender a unidade deficitária sem sucesso nos últimos anos.
A CSA viu os custos de produção dispararem em meio à inflação alta, variação do dólar e instabilidade política que colaboraram para levar o Brasil a uma recessão profunda.
As fontes dizem que os direitos exclusivos da Vale para fornecer minério de ferro e pelotas para a usina serão mantidos.
A Vale também quer o chamado período de reserva, conhecido em inglês como "tail period", o que daria à mineradora direitos sobre eventual venda de bens e negócios por um prazo de dez anos, disse a primeira fonte.
Projeto começou sob pressão
A mineradora entrou no projeto após enfrentar pressões políticas para diversificar as atividades de transformação, como aço ou fertilizantes.
Em 2009, o partido governista, o PT, pressionou a Vale a ampliar a parcela na CSA a partir dos 10% iniciais, com o projeto sofrendo atrasos e severos gastos.
A siderúrgica, construída por US$ 10 bilhões, foi inaugurada com alarde no ano seguinte, em uma cerimônia que contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e várias outras autoridades.
Desde que começou a operar em 2010, a CSA tem sido afetada por um excedente global no mercado de placas de aço que pressiona as suas margens e limita o uso da capacidade.
A saída da CSA aconteceria com a Vale lutando com o impacto da queda nos preços do minério de ferro.
O presidente-executivo da companhia, Murilo Ferreira, disse, recentemente, que a empresa estava considerando a venda de negócios para reduzir a dívida em US$ 10 bilhões em um período de 18 meses. Fatias em siderúrgicas estariam entre os negócios menos prioritários.
A CSA, que tem uma capacidade de produção total de 5 milhões de toneladas ao ano, exporta placas que podem ser processadas em outra usina da ThyssenKrupp no Alabama, nos Estados Unidos.
Nos doze meses até setembro, a CSA perdeu quase 400 milhões de euros, mostraram dados da empresa. Por Tatiana Bautzer e Guillermo Parra-Bernal (Reuters) - Leia mais em uol 01/04/2016
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