A emissora de cartões de crédito Nubank fechou uma captação da ordem de R$ 200 milhões em duas linhas de crédito com o Goldman Sachs. Os recursos serão usados para financiar os recebíveis de clientes da startup em operações realizadas no Brasil e no exterior.
O empréstimo local, de R$ 100 milhões, foi estruturado por meio de um fundo de recebíveis (também conhecido pela sigla FIDC) que tem o Goldman Sachs como investidor. O fundo comprará créditos de clientes que entrarem nas linhas de rotativo do cartão do Nubank.
A empresa chegou a consultar investidores locais em busca do funding, mas as condições inviabilizaram a operação, segundo David Vélez, presidente e fundador do Nubank. "Havia uma exigência de pelo menos três anos de histórico de crédito, mas nós somos uma startup", diz ao destacar que o investidor estrangeiro se mostrou mais sofisticado na hora de entender e precificar o risco de crédito da companhia.
O custo da linha, que tem prazo inicial de dois anos, não foi revelado, mas a expectativa do Nubank é manter o fundo de recebíveis de operações no rotativo como uma fonte constante de recursos para a empresa. "Trata-se de um produto muito rentável e pouco acessível aos investidores, já que os grandes bancos mantêm esses recebíveis nos balanços", afirma Vélez.
Os recursos obtidos fora do país com o Goldman somam US$ 25 milhões (R$ 88,3 milhões, no câmbio de ontem) serão usados para financiar as compras realizadas no exterior, segundo o executivo do Nubank. Ele diz que a linha em dólares evitará um descasamento de capital de giro, já que essas operações são liquidadas no dia seguinte pela administradora, enquanto o consumidor dono do cartão no Brasil tem até 40 dias para pagar a sua fatura.
A operação é a primeira captação de dívida do Nubank, considerado o maior fenômeno no país entre as chamadas fintechs, empresas de tecnologia voltadas a serviços financeiros. Desde a criação, em 2013, a empresa acumula mais de R$ 1,4 bilhão em transações realizadas com os cartões, de bandeira Mastercard, segundo Vélez.
O Nubank já levantou US$ 100 milhões em capital de fundos americanos como Sequoia Capital e Tiger Global. O executivo não revela o número de clientes, mas diz que a base cresce a uma taxa de 20% a 30% ao mês, e a expansão só não é maior em razão do risco de crédito e do atual momento da economia. "Cerca de 80% dos nossos clientes têm menos de 35 anos, uma faixa que possui um risco um pouco maior de inadimplência", afirma.
O empréstimo à startup financeira foi coordenado pela área de crédito estruturado a empresas do Goldman Sachs, chamado de "Special Situations Group". Empresas iniciantes como o Nubank, que possuem carência de recursos nas linhas tradicionais de financiamento, tipicamente se enquadram dentro desse perfil, segundo Gaurav Seth, sócio do Goldman.
Com uma série de empresas em "situação especial" no país em meio à retração da economia e ao momento de restrição de crédito, o banco tem avaliado ativamente novas operações com características semelhantes, segundo o executivo. "Temos recebido ligações de clientes que perderam acesso às linhas a que costumavam recorrer, e para nós essa é uma oportunidade de oferecer uma solução alternativa", afirma Seth. Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 27/04/2016
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