Chefe para dívida de emergentes na gestora escocesa Aberdeen ressalta que troca de governo não mudaria economia a curto prazo
O mercado financeiro teve uma reação intensa às últimas notícias do cenário político. Por que isso aconteceu?
Isso aconteceu porque cresceram as chances de que um impeachment ocorra. No meu ponto de vista, esse desfecho é inevitável. Se isso vai acontecer daqui a 45 dias ou daqui a 60 dias, eu não sei, mas me parece ser o final dessa situação. É claro que os áudios divulgados ajudaram.
Como isso é visto de forma positiva pelos investidores?
O mercado financeiro chegou à conclusão de que uma mudança na condução política não poderá acontecer no governo Dilma. Assim, o processo de impeachment seria o meio para uma mudança. O Brasil precisa de nova liderança. Os investidores interpretam que um governo Temer, por exemplo, poderia ser capaz de conseguir alianças e promover avanços.
A tendência do mercado continuaria sendo de alta das ações e de queda do dólar mesmo após uma eventual saída da presidente Dilma?
Eu acho que o mercado acionário estaria em um patamar mais elevado que hoje com um eventual impeachment. No câmbio, nossa previsão é que a taxa de câmbio mais provável em um cenário de impeachment seria de R$ 3,50. No caso de uma cassação da chapa de Dilma, prevemos algo na ordem de R$ 3,35.
Caso ela renuncie, como tem pressionado a oposição,algo muda nesse cenário?
Isso é uma possibilidade real, afinal o ex- presidente Collor fez a mesma coisa no início dos anos 1990. Mas não considero isso provável. O impeachment é o mais provável. Ela está sendo implicada, inclusive nos testemunhos do ( senador) Delcídio Amaral ( PT- MS). E as coisas estão acontecendo de forma incrivelmente rápida contra a presidente Dilma. Assim, os investidores estão certos de que haverá impeachment.
Para o investidor estrangeiro, a sensação é de que é hora de “comprar Brasil”?
Eu não sei dizer se é essa a hora. Mas se o investidor perder o timing desse movimento de alta que está ocorrendo agora, ele pode sair prejudicado.
E quanto à economia real, a saída de Dilma teria efeito positivo no curto prazo?
A conjuntura econômica não mudaria a curto prazo. No caso da inflação, por exemplo, o Banco Central teria de recuperar sua credibilidade. As mudanças estruturais necessárias só seriam possíveis em um novo mandato, logo depois das eleições de 2018. Pode até acontecer antes, mas as próximas eleições é que seriam a oportunidade real. O Globo - Leia mais em abinee18/03/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário