Sob pressão para obter US$ 15 bilhões em 2016 com seu programa de desinvestimento, a Petrobras encaminha a venda de usinas térmicas, dos terminais de regaseificação de GNL de Pecém (CE) e do Rio de Janeiro, enquanto prepara a BR Distribuidora para atrair um sócio estratégico. A estatal também pôs à venda a TAG, que reúne sua rede de gasodutos, e a Liquigás, segunda maior distribuidora de gás de cozinha (GLP) do país.
Os 49% da Braskem estão à venda desde o ano passado. Maior petroquímica da América Latina, a Braskem, que é controlada pela Odebrecht, enfrenta um processo judicial nos Estados Unidos.
Apesar dos esforços da empresa para alienar ativos, o processo pode não gerar valor para os investidores em ações da Petrobras, segundo afirma o analista Luiz Carvalho, do HSBC em relatório distribuído ontem para clientes do banco. “Entendemos que agora o dinheiro é rei para a Petrobras, mas para os acionistas a empresa pode estar destruindo valor, dependendo do múltiplo da transação”, afirmou Carvalho ao comentar sobre a venda da Braskem.
Até agora a Petrobras anunciou três operações de desinvestimento no ano passado, nas quais arrecadou um total de US$ 826 milhões. Além dos 49% da Gaspetro vendidos para a Mitsui, concluída por US$ 700 milhões (equivalentes a R$ 1,93 bilhão), a Petrobras anunciou outros dois desinvestimentos em 2015. Vendeu 20% dos campos de Bijupirá e Salema (Bacia de Campos) para a PetroRio por US$ 25 milhões; e os ativos de exploração e produção na bacia Austral na Argentina, por US$ 101 milhões para a Companhia Geral de Combustíveis.
Em relação à BR Distribuidora, a companhia continua buscando no mercado tanto sócios como um novo presidente para a subsidiária. Mas a dificuldade, no caso de um executivo vindo do mercado, é o salário, admitiu uma fonte qualificada, citando também as conhecidas amarras de uma estatal entre as condições adversas.
Atualmente, a BR é dirigida por Carlos Alberto Tessarollo, diretor financeiro que assumiu o cargo interinamente depois da saída de José Lima de Andrade Neto. Até que o cargo seja ocupado, a distribuidora vai se concentrar mais na operação e redução dos custos. Nas palavras da fonte, a BR vai passar por um “segundo choque de governança”, ou “fazer as coisas certas e competitivas” enquanto não recebe um novo sócio. A fonte disse que existem vários interessados na distribuidora de combustíveis, sem mencionar nomes ou o número de interessados.
A rede de postos adquirida em diversos países da América Latina também está à venda, assim como a Petrobras Energía S/A, na Argentina. Na exploração e produção existe data-room para os campos de Tartaruga, Golfinho, Baúna. Por ser um campo já com produção antecipada, Tartaruga teve interesse da anglo-australiana BHP Billiton, que é uma das donas da Samarco junto com a Vale. Mas a BHP recuou depois do acidente com uma barragem de rejeitos de mineração em Mariana, que deve custar bilhões em indenizações, informou uma fonte do Valor.
É esperado um pacote com a oferta de áreas em águas rasas e terra, sendo que a maior vantagem de vender esses ativos deve vir mais da transferência dos investimentos para terceiros do que do volume de recursos envolvido. Participações em áreas onde a Petrobras tem sócios como Libra, no pré-sal, também foram oferecidas para a Shell e as chinesas CNOOC e CNPC.
No fim do ano passado, o diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, e a de exploração e produção, Solange Guedes, se reunirem com diversos investidores potenciais para apresentar os ativos à venda. Segundo uma fonte, voltaram com sugestões para mudar parâmetros da oferta, como contratos para garantia de suprimento de insumos para as empresas que estão à venda, disse uma fonte qualificada.
Recentemente, especulava-se no mercado sobre a possibilidade de a estatal oferecer uma fatia em Lula, o campo mais emblemático do pré-sal. Mas a venda de ativos em produção vai ter reflexos na receita futura da companhia, o que não agrada investidores preocupados com o pagamento das dívidas.
Apesar da urgência admitida pela administração da companhia, a avaliação de observadores é que seu processo de venda de ativos está desorganizado. “Faltam dados nos data-room e a impressão é de que eles não têm pressa de vender ou que existe má vontade”, disse uma fonte a par do assunto. Desde a administração de José Sergio Gabrielli, passando pela de Graça Foster, a Petrobras tenta vender os ativos de exploração e produção nos Estados Unidos. Com Aldemir Bendine, a venda se tornou urgente devido a grande expansão da alavancagem financeira da estatal. Fonte: Valor Online Leia mais em ABEGAS 14/01/2016
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