O Grupo BTG Pactual está em negociações para vender uma carteira de crédito de R$ 22 bilhões (US$ 5,9 bilhões) para alguns dos maiores bancos do Brasil, parte da tentativa da empresa de vender ativos para fortalecer o caixa após a prisão de seu fundador no mês passado, afirmou uma pessoa com conhecimento direto do assunto.
O total da carteira de crédito do BTG é de R$ 43 bilhões e cerca de metade são garantias que não podem ser vendidas, afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada por serem assuntos internos. Sócios da empresa, com sede em São Paulo, passaram o fim de semana em negociações para vender ativos, incluindo a carteira de crédito, disse a fonte, acrescentando que a empresa não tem dívidas de curto prazo com vencimento no próximo período, por isso pode demorar algum tempo para ter certeza de conseguir um preço justo pelos ativos.
A empresa conseguiu ganhar fôlego na semana passada com uma linha de crédito de R$ 6 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos ou FGC.
O BTG está com problemas desde 25 de novembro, quando o então presidente do conselho e CEO, André Esteves foi preso por suspeita de tentar obstruir uma investigação sobre corrupção envolvendo a companhia estatal de petróleo, Petrobras. Esteves negou as acusações através de seus advogados. A preocupação de que o BTG irá ter problemas para se recuperar após a perda de seu carismático fundador bilionário fez com que as ações e obrigações do BTG caíssem, com os investidores resgatando fundos e a avaliação da empresa caindo para grau especulativo.
O BTG na semana passada nomeou Mark Maletz, um de seus diretores independentes, para presidir uma comissão que vai "investigar as questões decorrentes do evento com André Esteves", disse o presidente Pérsio Arida em uma carta aos clientes de 4 de dezembro. A empresa disse que planeja nomear um auditor e um escritório de advocacia nos próximos dias para trabalharem juntos na investigação interna.
Uma autoridade do BTG não quis comentar as negociações de venda de ativos. O Financial Times de domingo informou que a carteira de crédito era de R$ 50 bilhões.
Outros ativos que podem ser vendidos incluem participações no banco suíço que faz gestão de fortunas BSI, na varejista União de Lojas Leader, na rede de academias Bodytech Participações e na empresa de gestão de créditos inadimplentes Recovery do Brasil, disse o BTG na sexta-feira. Na última semana, o BTG vendeu uma participação na Rede D'Or São Luiz, a maior rede de hospitais do Brasil, por R$ 2,38 bilhões.
O Banco Central do país está trabalhando em estreita colaboração com o BTG durante a crise e ajudou a obter a linha de crédito de resgate do FGC, afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto na sexta-feira.
Os rendimentos das notas de US$ 1 bilhão da empresa com vencimento em 2020 mais do que triplicaram em pouco mais de uma semana para 22 por cento na quinta-feira, recuperando-se depois para cerca de 17 por cento na sexta-feira após o anúncio do FGC. As ações caíram 3,9 por cento na sexta-feira para R$ 19,42, o valor mais baixo desde que o BTG abriu seu capital em abril de 2012. O declínio significou uma queda de 37 por cento em comparação com o dia anterior à prisão de Esteves.
O governo está seguindo a situação de perto e vê a venda de ativos da empresa e os passos para aumentar a liquidez como satisfatórios, disse um membro da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff na sexta-feira, pedindo para não ser identificado porque o assunto não é público. A equipe econômica de Dilma acredita que são os donos do BTG que têm que resolver a situação, não o governo, disse a fonte. Cristiane Lucchesi (Bloomberg) -- Leia mais em bol.uol 07/12/2015
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