23 novembro 2015

YPF avança em lubrificante no Brasil

A petroleira argentina YPF, que foi reestatizada era 2012 pela presidente Cristina Kirchner, quer ter uma fatia maior do acirrado mercado brasileiro de lubrificantes. Chegou no Brasil no fim dos anos 1990 trazendo seus produtos fabricados na unidade de La Plata e depois passou a fazer com terceiros daqui. Agora, começa a produzir em unidade própria, que acabou de adquirir em Diadema (SP), uma das cidades da região metropolitana de São Paulo.

A aquisição não envolveu investimento pesado. Foram R$ 25 milhões, para assumir o controle da Packblend, fundada por um empresário local. O valor será engrossado ao longo dos anos com novos aportes em ampliações e modernização das instalações. E no aumento da linha de produtos para atender a demanda local e exportações a países da América do Sul.

O plano da empresa, uma das grandes petroleiras da América do Sul, é dobrar sua participação de mercado, para cerca de 4%, até 2017 — um décimo do que detém na Argentina. Quanto à receita no Brasil, planeja passar dos atuais R$ 220 milhões, montante previsto para este ano, para cerca de R$ 500 milhões.

“O mercado brasileiro é um dos cinco maiores do mundo”, afirma Ramiro Ferrari, diretor-geral de Lubrificantes e Derivados da YPF no Brasil. Segundo o executivo, para a Argentina o Brasil é como ter a China ao lado.

A disputa será ferrenha. Vai concorrer com pesos-pesados como Petrobras, que é dona de 30% do mercado, Ipiranga, do grupo Ultra (20%), a malaia Petronas (cerca de 18%) e a Shell (de 15% a 20%), além de ExxonMobil, BP (Castrol) e Chevron (Texaco).

Há três anos no Brasil, Ferrari está à frente dessa estratégia que visa garantir um naco maior da demanda local de lubrificantes, que recuou 12% no ano passado. Ele tem a missão de elevar as vendas e tornar mais conhecidas as marcas de seus produtos — o Elaion, para automóveis e motos, e o Extravida, para veículos diesel e pesados.

A YPF, disse o executivo, começa a desenvolver no país uma linha marítima com a britânica Gulf, visando o mercado de embarcações que atuam nos portos e em linhas de cabotagem. E vai relançar linhas, inclusive nos segmentos industrial e de agronegócio.

A fábrica de Diadema tem capacidade mensal de produzir 3 milhões de litros. A meta, com a gestão YPF, é atingir 4 milhões de litros ao mês em três anos. Segundo o executivo, até lá o mercado deve se recuperar. “Hoje estamos no mesmo patamar de 2013″. A expectativa de Ferrari é que no segundo semestre de 2016 já se verifique uma reação da demanda.

Na Argentina, a fatia de mercado da YPF é de 40% no total das vendas e de 60% diretamente para montadoras de automóveis e caminhões, informa o executivo. No Brasil, por dez anos, foi fornecedora da Volkswagen. “Com unidade própria de fabricação, poderemos voltar a esse mercado”, diz.

Enquanto isso, a YPF vai reforçar ações de marketing e ampliar os canais de distribuição da sua linha de produtos. “Temos um produto reconhecido em qualidade, mas ainda com presença tímida no mercado”, observa Ferrari. Por outro lado, diz, daqui a empresa já iniciou exportação para Paraguai e Chile. E almeja outros países.

Com a aquisição, a empresa vai quase dobrar o número de funcionários que tinha no país até agora, chegando a quase 100.

A estatal argentina, com extração de 245 mil barris de petróleo ao dia e 42 milhões de metros cúbicos de gás, teve receita de vendas de US$ 17,58 bilhões no ano passado. O resultado operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de US$ 5,13 bilhões e o lucro líquido, de US$ 1,11 bilhão. É a maior companhia do país, com 22 mil funcionários.

Com uma rede de 1.523 postos (35% do total no país), a YPF deteve 58% do mercado argentino de gasolina, 60% do de óleo diesel e 43% do de óleo combustível. A capacidade de refino da empresa é de 320 mil barris diários. Fonte: Valor Econômico  Leia mais em ABEGAS23/11/2015


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